Zestien

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Budapeste, Hungria, sexta-feira, 31 de julho de 2020

Rosie

— Trocou de celular? — Mia perguntou quando as duas chegaram ao andar em que estavam hospedadas após uma sexta-feira de treinos livres, entrevistas e reconhecimento de pista.

— Tive que trocar, o meu pegou chuva e parou de funcionar — Rosaleen deu de ombros ao falar, girando o celular na mão. — Comprei esse novo em Leeds na semana passada.

— Falta uma capinha da Rennen nele pra ficar mais bonito — Mia pontuou e Rosie assentiu.

— Falta! Eu não tive tempo nem pra telefonar pedindo pra levarem uma pra mim essa semana, fiz tanta coisa que nem sei como não morri de cansaço.

— Vamos comer?

— Me dê meia hora, vou tomar um banho com bastante água pra me livrar da sujeira, do suor e do calor. E um de sal grosso pra tirar a zica da Netflix que passou o dia atrás de mim. Deveríamos encher a garagem disso também.

— Passamos lá na volta — Mia deu uma risada ao falar. — Meia hora lá embaixo então.

— Meia hora — Rosaleen concordou, abrindo a porta do próprio quarto.

Rosaleen estava exausta depois da semana intensa de trabalho em Amsterdam, que envolveu reuniões e entrevistas com os pilotos da equipe, além de uma reunião prévia com a Netflix para decidirem alguns detalhes de como funcionariam os dias de gravação no fim de semana de corrida. Além disso, precisou deixar tudo organizado para o resto da semana, já que viajaram na quarta-feira para Budapeste, onde Rosaleen trabalhou mais do que se estivesse em Amsterdam.

E, não bastando isso, aquela sexta-feira tinha sido cheia de trabalho em Budapeste, num calor infernal e que deixava Rosaleen um tanto mal humorada, o que só piorou com o fato de que Rosie passou o dia totalmente atarefada, só se dando conta de que precisava deixar o local quando foi convidada por Mia a se retirar do circuito, porque o sábado começaria ainda mais cedo e mais cheio de trabalho e elas precisavam voltar para a capital húngara.

Rosie quase não saiu do chuveiro frio, que tinha amenizado deliciosamente o calor, mas que, tragicamente, mostrava o cansaço da mulher. Se não tivesse combinado sair para comer com Mia, deitaria em sua cama e dormiria até o dia seguinte. Vestiu-se com um cropped florido de mangas curtas, um jeans claro dobrado acima do tornozelo e tênis, fez uma maquiagem muito simples, ajeitou os cabelos ainda úmidos e saiu do quarto, depois de trinta e três minutos.

Mia ainda não tinha descido, claro, mas Rosaleen não se importou, apenas esperou pela amiga por alguns minutos, até que avistou Lewis de longe. Mal conseguiram trocar algumas mensagens durante aquela semana tão atarefada; eles tinham tentado, mas Rosaleen estava tão cansada que deixou o piloto falando sozinho quase todos os dias à noite. Assim que a viu, ele acenou, mas não se aproximou, apenas seguiu seu caminho até o elevador.

Rosaleen até respirou aliviada, não sabia bem com que cara olhar para Hamilton depois do beijo que trocaram na chuva, em Londres. Seria tudo culpa do vinho que tomaram? Talvez ele quisesse que fosse isso. Rosaleen tinha pensado naquilo por muitos dias, por todos aqueles seis dias que separavam os acontecimentos. Tinha beijado Lewis Hamilton depois de um encontro com o piloto. Quando imaginaria que isso aconteceria? Nunca. Nem em sonhos poderia pensar que chegaria a tal ponto.

E ainda precisava devolver a jaqueta dele que estava consigo. Como faria isso? Procuraria uma brecha para deixar com o piloto sem que nenhum dos fofoqueiros que ela chama de amigos visse e comentasse algo. Poderia deixar com Angela caso a encontrasse também. Será que teria coragem de olhar para Lewis de novo? Não era possível que ficaria se sentindo daquele jeito, envergonhada feito uma adolescente de filme clichê do começo do milênio. Mas, bem, era exatamente daquela forma que Rosaleen estava se sentindo.

On The Start LineWhere stories live. Discover now