O teste

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Logo ao amanhecer passei na casa de Dilva, o suposto era assistir a aula, mas deixei-a no caminho com a intenção de comprar um teste de gravides, acabei comprando três, afinal algo poderia dar errado.

Cheguei ao liceu, desviando de qualquer cara conhecida procurando refúgio na casa de banho. Foi então que fiz o primeiro teste. Duas barrinhas... o que significa duas barrinhas? Percorri com os olhos na folhinha de instruções e paralisei quando vi aquelas letrinhas pequeninas dizendo que se tratava do sinal positivo, então caí de vez quando notei que os outros dois testes que tinha feito por precaução tiveram o mesmo resultado.

Minha vista ficou embaraçada, caíam litros dos meus olhos, o ar pesou de tal forma que eu podia facilmente apalpar-lhe com as mãos, encostei na porta e fui deixando meu corpo deslizar por ela enquanto sentia a força das minhas pernas desvanecerem. Peguei nos testes e enfiei todos na mochila na esperança de estar dormindo e acordar a qualquer momento. Aproximei do lavatório e abri a torneira e me encolhi deixando que caísse água sobre minha face, reuni toda a frieza que meu coração podia ter e respirei fundo, não podia deixar que ninguém percebesse. Saí do liceu evitando qualquer cara conhecida, da mesma forma que tinha feito quando entrei. Então cheguei em casa.

- Vieste antes porquê? - Meu pai lançou sobre mim seu ar de investigação.

- Não teve aula. -Respondi seca e fui abrigar-me de baixo do chuveiro na espectativa que minha mágoa fosse ralo abaixo seguindo a água.

- Vou preencher a folha do totoloto sai daí e traz uma caneta! -Gritou o homem como sempre.

- Estou no banho. - Continuei respondendo seca.

- Ainda reclamas quando eu pego a tua mochila.

Antes que ele pudesse continuar enrolei-me na toalha saí do banho a todo o vapor e num passo cheguei a sala arrebatando a mochila de sua mão antes que pudesse abrir.

- Eu mesma te dou a caneta.

- E esse desespero todo é porquê? - Perguntou intrigado com a minha reação.

- Apenas não gosto que toques no que é meu

O homem não parecia satisfeito com a minha resposta.

- Passa a mochila agora!

- Não, de jeito algum. Não entregarei mesmo.

Revoltado o homem suspendeu a mão com a intenção de pousá-la brutalmente sobre mim, mas fui salva quando tia Fernanda, irmã de meu pai, entrou e ordenou que o mesmo parasse. Ela tinha criado meu pai, tratava-se da única mulher que gozava do seu respeito.

-Vou me vestir tia.

- Vais, mas a mochila fica. - Meu pai continuou insistindo.

- Ah! Deixe a menina em paz homem. Preciso que me acompanhes ao hospital e não há discussão sobre.

Mais uma vez salva por minha tia, fui para o meu quarto e só respirei aliviada quando o som da porta sendo fechada anunciou que já tinham ido embora. Era a oportunidade que eu tinha de encontrar Marco e contar-lhe sobre o que nos esperava ou o que meu ventre esperava.

Chamada ON...

- Alô Marco!

- Fala princesa... não tens aula?

- Não, não tenho, estas em casa? Tenho algo importante a dizer e precisa ser pessoalmente.

- Estou em casa podes vir. Até breve princesa.

Chamada OFF...

A Minha IdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora