Não é meu!

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No início foi assustador para mim e não sabia como contar a Marco, mas era um bebé!

Quem não quer ter um bebé? Então peguei dois testes por segurança e fui ter com ele.

- O quê?! Como assim grávida, Neila?! - O seu tom era agressivo. - Não sabes cuidar-te? Eu não posso ter um filho! Aliás, se ele for realmente meu.

- Como podes, Marco?! De quem mais seria essa criança? - As palavras saíam como bala da minha boca, revelando o quão nervosa e angustiada eu estava.

Sem mais, saí em modo automático e fui pra casa de Dilva, naquele horário já teria voltado do liceu, o primeiro dia só serve para matar saudades, mergulhada em mil pensamentos e sem saber o que sentir, disfarçava com um pequeno sorriso sempre que cruzava com qualquer conhecido no caminho.

- E então? Falaste sobre o bebé?

- Sim, cheguei na casa dele depois de enviar-te a mensagem. - Falei pausadamente numa tentativa falha de resgatar o ar para os meus pulmões.

- E então? - Questionou curiosa e aflita como sempre.

-Ele disse que não é o pai, acreditas? Não é um covarde, idiota? Agora diz-me, Dilva, de quem mais poderia ser?

- Olha, uma mensagem dele. -Minha amiga me alertou apontando para a tela de meu telemóvel que tinha vibrado com uma mensagem. -Não responde! - Aconselhou pegando o meu telemóvel, antes que eu o fizesse. - Eu vou ler. "Ney, por favor volte e falaremos melhor. Eu estava nervoso!" Não vais, pois não? - Ela continuou falando ao mesmo tempo que me repreendia com o olhar. - Não podes cair nessa lábia, Neila.

- Claro que não! Eu só preciso saber o que ele tem a dizer, apenas isso.

- Mas Neila...

Minha amiga insistiu, nas não lhe dei ouvidos e fui.

A única coisa em que eu conseguia pensar enquanto regressava a casa de Marco, era o problema no qual eu tinha transformado a minha vida.

A única forma de suavizar no momento era com música, portanto, liguei os auscultadores, permitindo então que minha mente fosse guiada pela voz de Tiana Major.

Escutava "Collide" quando notei que tinha chegado ao meu destino.

A porta foi aberta pelo rapaz alto de pele escura, dono de um sorriso incomparável, ao qual me entreguei. Lançou sobre mim um abraço apertado e demorado, que era exatamente o que eu precisava no momento.

- Entre, seja bem-vinda à tua nova casa.

- Nova casa? Como assim? - A minha voz trêmula era de espanto e receio.

- Ah, mas o que pensavas? Eu não seria capaz de deixar a mãe do meu filho à deriva.

Finalmente os meus problemas estavam solucionados: eu ia viver com o pai do meu filho e tudo ficaria bem. Segui o caminho para casa, estava indo buscar tudo o que me pertencia da forma que Marco disse.

Ao chegar, um frio transpassou-me a espinha quando avistei minha mãe encolhida aos prantos no chão da cozinha e meu pai abancado no sofá analisando atentamente o único maldito teste que eu tinha deixado na mochila. O homem pousou o teste cuidadosamente sobre a mesa, caminhou lentamente na minha direção ao mesmo tempo que meu corpo tremia até a alma. Lançou sobre mim seu melhor olhar de desprezo e fez-me sentir o peso da sua mão sobre minha face. fui parar ao chão.

- Não, na minha filha não. - Minha mãe gritava com as forças que lhe restavam, mas foi calada com um olhar de ameaça.

O homem então ergueu meu corpo do chão puxando meu cabelo com agressividade, apertando meu pescoço ao mesmo tempo que me pressionava contra a parede e perguntou:

- De quem é essa coisa que carregas no ventre?

Sua mão no meu pescoço não me dava possibilidade de falar, mas ele continuou repetindo a pergunta fazendo cada vez mais força sobre meu pescoço, ao notar que me era impossível a capacidade de fala, tirou a mão deixando que meu corpo caísse sobre o chão da sala.

- Pegue suas coisas e desapareça ou não responsabilizo por meus atos.

Como se minha vida dependesse disso, pois no fundo dependia, peguei tudo o que me pertencia que não era muito e fui para casa de Marco. Dessa vez não tentei que minha mãe me acompanhasse, saí destinada a nunca mais voltar.

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