Prólogo

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Agosto, 2019.


O primeiro raio de luz da manhã que alcançou meu rosto pareceu quase me fazer um carinho. Atravessando a sala do meu apartamento em passos lentos, vestindo nada além de uma camisa masculina de botões, eu deslizei o dedo indicador pelo vidro embaçado da porta da varanda. O caminho da minha digital deu nitidez à imagem do lado de fora, onde finalmente o sol aparecia tímido de trás dos prédios do condado.

Eu abri a porta de correr e minha pele encontrou o ar frio e úmido do exterior. Inspirei fundo e dei um passo em direção à sacada, sentindo o piso gelado sob meus pés enquanto observava a rua. Adorava assistir à paisagem bem cedo pela manhã ou muito tarde à noite, quando não havia o barulho dos carros e toda a agitação do cotidiano. Naqueles momentos, tudo parecia calmo e sublime da varanda do apartamento — as duas árvores imensas da alameda se abriam em copas frondosas como se protegessem a pequena cerejeira florida embaixo delas. A cerejeira, por sua vez, cobria o chão com um tapete cor-de-rosa de pétalas caídas como se o enfeitasse para as maiores. Havia somente silêncio por toda parte... o orvalho brilhava nas folhas...

Eu realmente amava aquilo.

Fechando os olhos, eu continuei a respirar o ar puro, abraçando-me para me proteger do frio. Quando já estava dispersa na sensação, dois braços envolveram minha cintura e um corpo forte e firme tocou o meu. Sabendo exatamente quem estava atrás de mim, eu não me mexi, apenas deixei a cabeça encostar no peito rijo e inalei o perfume característico com notas de pinho e mel de Benjamin Dolan.

Meu namorado beijou o topo da minha cabeça e me virou para ele. Então, eu abri os olhos e encarei as írises castanhas e escuras de Ben. Sua barba estava por fazer e seu corpo, coberto apenas por uma camiseta e calças pretas de pijama.

— Acordada tão cedo? — Ele gungunou baixinho, a voz rouca de quem havia acabado de despertar.

Revirando os olhos com graça, eu o abracei pela cintura e seu corpo tensionou sob o meu. Era engraçado como Ben ainda não havia se acostumado às minhas manias mesmo após quase quatro anos comigo.

— Estou observando a paisagem. Você sabe que gosto de fazer isso quando ainda não há ninguém perambulando.

Benjamin assentiu com um balançar de cabeça e travou o maxilar um pouco, mas logo desfez a carranca e um sorrisinho torto surgiu em seu rosto.

— Me lembre de não ter nenhuma varanda em nossa casa quando nos casarmos, então — resmungou num tom zombeteiro. — Imagine só! Nunca mais acordemos depois das cinco da manhã se houver alguma.

Seu bobo — murmurei, sorrindo baixinho.

Eu voltei a repousar a cabeça no peito morno de Ben, com minha bochecha contra o tecido fino da sua camiseta enquanto olhava para o canto da sacada, onde um espaço parecia vazio demais. Pensei que poderia preencher aquele vão com flores, afinal, meu pai sempre dizia que minha casa precisava de alguma "cor da natureza". Ele ficaria feliz se avistasse algumas pétalas coloridas na próxima vez que me visitasse.

— O que acha de eu colocar umas flores ali? — Apontei para o canto vazio.

Virando o rosto, Ben observou o espaço por um segundo antes de franzir o nariz em desaprovação.

— Flores dão muito trabalho, Mysie — respondeu, enrugando a testa. — Você sabe, temos que regar, podar, adubar... vai ter tempo para isso?

Eu sopesei a pergunta por um instante, mas logo desanimei. Costumava ficar muito tempo imersa nas revisões dos livros da editora para qual trabalhava, e elas vinham chegando aos montes nos últimos dias. Benjamin também não parecia muito disposto a ajudar com um pequeno canteiro — ele não gostava muito de flores — e talvez tivesse razão sobre eu não ter tempo para zelar de um como deveria. Era quase o mesmo que ele pensava sobre meu desejo de futuros filhos.

Por fim, suspirando, eu assenti e curvei a boca num sorriso cabisbaixo. Percebendo meu desânimo, Dolan passou o polegar pela minha bochecha, acariciando-a. Suas digitais rasparam na minha pele, deslizando pelos meus lábios.

— Ah, não... não fica assim, meu amor. — Ele sussurrou, selando minha boca com a sua mansamente. — Vamos entrar, hum? Está frio e não quero que fique doente. Vem, eu vou te aquecer — sugeriu com um sorriso malicioso, me puxando pela cintura e me beijando mais uma vez.

Quando passamos pela porta da varanda, Benjamin a fechou rapidamente e pressionou meu corpo entre o seu e o vidro num beijo caloroso. Suas carícias eram familiares e mornas, e eu as correspondi, ainda que minha mente tivesse ficado do lado de fora, junto à ideia das flores e da paisagem etérea da manhã.

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Oi, amore! 💜

Aqui começa nossa história e eu espero que você tenha gostado do ponto de partida! É muito importante para mim saber o que achou desde já, então não esqueça de deixar seu voto e seu comentário! Fico muito feliz em receber sua opinião. 🥰

Obrigada pela leitura e até as cenas dos próximos capítulos! 🔮

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