Capítulo 10

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A noite estava calma. Calma até demais, considerando tudo o que estava acontecendo. Não se ouvia sequer uma coruja, nem um animal noturno arriscava sair de sua toca naquela noite.

Onde ele estava? Elain estava cansada de ficar esperando. Queria sair, queria ver os preparativos. Estava nervosa e ansiosa demais para ficar parada dentro da mansão em ruínas.

Arriscou uma olhada pela janela do quarto do segundo andar. Viu as fogueiras menores sendo acesas, uma a uma. O coração batia rápido e com força conforme ela se dava conta de que a hora se aproximava. Então alguém bateu na porta. Elain se sobressaltou, mas o rosto conhecido sorriu para ela, fazendo-a relaxar imediatamente. A feérica lhe dissera algo, mas o som dos tambores lá fora impediam que Elain discernisse o que havia sido dito.

Ela foi levada até lá fora. Passaram pelas fogueiras menores, o vestido rosa de seda que lhe puseram ondulava atrás dela a cada passo descalço, assim como os cabelos, que caíam em ondas por suas costas até a cintura, docemente decorados com algumas flores silvestres. Brasas se soltavam e estalavam no ar. O calor das inúmeras fogueiras era reconfortante, lembrava-a do calor dele.

A feérica com aparência de casca de árvore caminhou ao lado de Elain por todo o percurso. Não sabia se era por amizade ou para impedir que ela fugisse. Quando, enfim, chegaram à entrada da Grande Caverna, dezenas de feéricos já estavam esperando ali, animados. Alguns rostos eram conhecidos, alguns nunca vira na vida. Havia muitas fêmeas, e Elain ficou levemente preocupada.

- E se ele não me escolher? - Perguntou à fêmea que a acompanhava.

- Não há a mais remota possibilidade disso acontecer, criança.

Ela foi levada através dos montes de corpos até dentro da caverna. Estava ainda mais quente lá, com uma enorme fogueira no centro, a fumaça subindo e se concentrando no teto de pedra. Tambores rugiam. Elain foi colocada no meio de uma fileira de fêmeas, algumas pareciam estar nervosas, outras ansiosas - talvez ansiosas até demais - e um instinto primitivo quase fez Elain rosnar para elas.

Foi então que ela o viu.

No centro da caverna, diante da grande fogueira, Lucien estava parado, de olhos fechados. O cabelo ruivo parecia absorver a luz daquela chama, como se estivesse se alimentando dela. Elain olhou mais para baixo, para o peito nu, onde duas feéricas pintavam figuras estranhas em sua pele dourada. Ela mordeu o lábio. Já o havia visto sem camisa, mas havia algo ali que fazia com que seus instintos mais animalescos viessem à tona. Queria lambê-lo. Inteiro. Cada pedacinho dele. Continuou olhando mais para baixo, para os músculos abdominais. Lucien era esguio, mas os músculos se sobressaiam sobre a pele de uma forma maravilhosamente tentadora. Cada quadrado daquele abdômen estava pintado com as mesmas formas que apareciam em seu peito. A calça com o cós baixo mostrava um V que apontava para...

Os tambores pararam. Os olhos de Lucien se abriram e Elain perdeu o fôlego por um instante. O fogo que emanava daquele olho avermelhado parecia combinar com o brilho da fogueira que refletia no outro dourado. A cicatriz que lhe cortava o rosto apenas aumentava a magnitude daquela cena. Elain contorceu os dedos dos pés, uma sensação de formigamento lhe subindo a coluna.

Lucien farejou. Uma vez. Duas vezes. Então começou a andar. Ele era confiante, se movia com destreza, os pés descalços subindo e descendo algumas rochas que ficavam em seu caminho. Ele não parava por nada. Nem mesmo quando uma das fêmeas na fila deu dois passos à frente e ficou imediatamente à frente dele. Elain congelou. Lucien olhou a fêmea de cima a baixo, um sorriso predatório nos lábios carnudos. O macho ergueu um braço, como se fosse tocar o rosto da fêmea, e Elain praguejou baixinho. Mas ao invés de acariciá-la, Lucien a descartou com um leve empurrão do antebraço.

Ele recomeçou a caminhada. Lento. Predatório. Ninguém mais interceptou seu caminho. Caminhou diretamente ao seu objetivo: Elain. Parando em frente a ela, Lucien olhou-a por inteiro. A fêmea teve vontade de esfregar uma coxa na outra com a intensidade daquele olhar. Lucien farejou de novo, fechando os olhos. Então sorriu.

- Tem certeza de que quer fazer isso? - Perguntou, ainda de olhos fechados.

- Estou aqui, não estou? - Elain não reconhecia a própria voz. Estava rouca, trêmula.

Lucien abriu os olhos e encarou-a, seus olhos travaram uma batalha silenciosa - não pela primeira vez. Mas Elain sabia que ele respeitaria a decisão dela,embora tivesse uma opinião contrária. Era algo que ele sempre faria: respeitá-la.

Ele a contornou dando uma volta completa ao redor de seu corpo, depois mais uma, parando bem atrás dela. Elain podia sentir o calor emanado do corpo do parceiro.

- Não posso garantir que serei gentil... - Lucien sussurrou em seu ouvido.

- Confio em você. - Elain sussurrou de volta.

Lucien rosnou, um som de prazer e aprovação. Colocou os cabelos da parceira de lado e lambeu-lhe a orelha, do lóbulo à ponta. Elain estremeceu e quase gemeu de prazer. Ele pôs as mãos em sua cintura e a apertou contra o tronco gloriosamente quente.

- Não há mais volta agora, Elain. Você será minha de todas as formas possíveis e imagináveis.

• • •「🌸 🔥」• • •

Elain abriu os olhos em um rompante.

O coração estava acelerado. Os lençóis e cobertores ensopados de suor. Seu cabelo grudava na testa e nas costas nuas. E, para seu completo horror e vergonha, estava deitada de bruços, a mão esquerda segurando o seio enquanto a direita apertava com força o botão inchado e sedento no meio de suas pernas.

Lutou para recobrar a consciência, retirando rapidamente as mãos de seu próprio corpo e puxando os lençóis o mais para cima que conseguia. Havia caído na cama, nua, e apagado completamente.

Apertou as coxas uma contra a outra. Seu centro estava úmido e latejante. As sensações daquele sonho se recusavam a deixá-la tanto quanto Elain se recusava a acreditar que poderia ser uma visão.

"É apenas fruto de uma mente cansada", pensava ela.

E passou as próximas horas olhando pela janela do quarto, tentando convencer a si mesma das suas próprias palavras.

• • •「🌸 🔥」• • •

Lucien gemeu e agarrou o lençol com força, jogando o quadril para cima. Acordou no mesmo instante. A ereção latejava e doía, roçando contra o cós da calça.

Mas o que diabos havia acontecido?

Sabia o que o havia acordado: o Laço. Mais especificamente o puxão que Elain dera do outro lado. Mas, até então, era algo vinha acontecendo com uma certa frequência - o que, se Lucien fosse capaz de admitir, era o fato de ele ainda não ter desistido dela. Mas nunca, jamais, havia acordado com uma ereção tão potente e, que o Caldeirão o amaldiçoasse, estava até mesmo com uma das mãos dentro da calça.

O que aquela pequena criatura estava aprontando? Será que ela seria tão cruel a ponto de apenas querer torturá-lo?

Sim, era tortura. Pois ele praticamente podia sentir Elain por perto. Podia sentir o cheiro dela, o toque dela. Maldição, podia jurar que havia um gosto diferente em sua língua, algo doce e sensual.

Ela o estava torturando de propósito, sabendo que no dia seguinte Lucien teria que comparecer à Corte Noturna a pedido de Feyre? Não... apesar de tudo, duvidava de que a parceira fosse tão cruel.

Seu corpo recusava-se a se acalmar, e Lucien precisava muito de uma liberação, então continuou com a mão onde estava, concentrando-se nas sensações que o Laço havia provocado. Fechando os olhos, subiu e desceu a mão em seu membro, suavemente no começo, até ficar cada vez mais rápido e cada vez mais selvagem. Ele se derramou nos lençóis, abafando o rugido nos travesseiros.

Corte de Flores FlamejantesWhere stories live. Discover now