Capítulo 74

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A noite caía suavemente sobre a Mansão Primaveril, cobrindo-a com um manto de estrelas cintilantes e um silêncio tranquilo. As luzes suaves das lamparinas espalhavam-se pelos corredores, criando sombras dançantes nas paredes antigas. O aroma das flores noturnas preenchia o ar, misturado ao som distante do canto dos grilos e do suave murmúrio de um riacho distante.

Elain estava em seu quarto, em pé diante da janela aberta, observando a beleza serena da noite. A lua cheia brilhava intensamente, lançando uma luz prateada sobre a paisagem. Seus pensamentos vagavam, refletindo sobre o dia que havia passado. Desde o momento em que Lucien desaparecera logo após o café da manhã, ela não conseguia parar de pensar nele. Onde ele poderia ter ido? E por que parecia tão distante?

Enquanto Elain caminhava lentamente pelo quarto, a luz da lua refletia em sua camisola de seda azul-escura, que fluía como água ao seu redor. Seus cabelos castanho-dourados, soltos e levemente ondulados, caíam em cascata sobre seus ombros, e seus olhos castanhos brilhavam com uma mistura de ansiedade e saudade de suas irmãs. Feyre certamente saberia o que fazer, sempre sabia. E Nestha... Nestha diria para Elain se trancar no quarto que ela resolveria o assunto com as próprias mãos.

Havia algo mais que perturbava sua mente. O encontro com o Suriel, uma criatura misteriosa que revelara segredos e verdades perturbadoras, ainda estava fresco em sua memória. Ela queria contar a Lucien, queria sua opinião e conselhos, mas temia o que ele poderia pensar. Será que ele a veria de forma diferente? Será que a julgaria?

Enquanto essas dúvidas a consumiam, um som suave chamou sua atenção. Virando-se, ela viu Lucien parado na porta do quarto, seus olhos dourados brilhando intensamente sob a luz da lua. Ele estava vestido com uma camisa de linho branco aberta no peito, revelando a musculatura definida, e calças escuras que moldavam suas pernas fortes. Seus cabelos avermelhados, agora soltos, caíam em ondas desordenadas sobre os ombros largos.

- Oi - a voz de Lucien era suave, mas carregada de emoção. - Posso entrar?

Elain sentiu seu coração acelerar ao vê-lo.

- Claro. Entre.

Ele se aproximou dela, o chão de madeira rangendo suavemente sob seus passos. Parou ao lado da janela, observando a noite estrelada por um momento antes de olhar para ela.

- Você está bem? Parece preocupada.

Ela suspirou, olhando para a lua por um instante, ponderando sobre o quanto poderia dizer ao macho.

Lucien deu um passo mais perto, sua presença intensa e reconfortante ao mesmo tempo. Com uma das mãos, virou o rosto dela para que olhasse em seus olhos. O olho de metal e a cicatriz já não a incomodavam mais, era parte da beleza do parceiro.

- Elain, você pode me contar qualquer coisa. Estou aqui para você.

A fêmea hesitou, as palavras presas em sua garganta.

- Eu... - outro suspiro, então ela soltou as palavras atropeladas, sem tempo para respirar. - Tive um encontro com o Suriel ontem. Ele clamou por mim, não consegui não ir até lá. Me chamou de Rainha e disse coisas que...

- Espera. Uma coisa de cada vez. O Suriel? Como?

- Eu não sei. Apenas... Ouvi o chamado e atendi.

Lucien respirou fundo, baixando as mãos, tentando processar o que acabara de ouvir.

- E o que ele te disse?

Não suportando mais a proximidade entre eles, Elain caminhou até a cadeira de sua penteadeira, o mais longe possível da janela e do corpo do parceiro. Ela respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos. As palavras do Suriel ecoavam em sua mente, cada frase um enigma que ela ainda estava tentando decifrar. Olhou para Lucien, que a observava com uma mistura de preocupação e curiosidade.

Corte de Flores FlamejantesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora