Desastre

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HARU POV

Saí de cima do Yukio tentando ordenar minha respiração imaginando o quanto meu rosto devia estar corado agora. Yukio virou para o lado e tirou um maço de cigarros e um isqueiro de dentro da gaveta. 

- Pensei que eu tinha dado fim nisso. - Deitei de lado o encarando com uma cara feia.

- E eu não te perdoou até hoje por isso. Você precisava jogar meu isqueiro fora também? Eu consegui ele quando viajei para a Holanda. 

- Se eu soubesse que você tinha voltado a fumar, eu não teria transado com você agora. - Revirei os olhos, virando para o outro lado da cama.

- Ah Haru... Amor, me perdoa. Eu vou parar, te prometo. - Senti seus braços me envolverem. 

- Eu acreditaria se você não fosse um péssimo mentiroso. - Dei um sorriso.

- Eu não ouvi você reclamando tanto assim ant-

Meu celular tocou antes de ele terminar de falar e eu agradeci mentalmente pela pessoa ou cobrança que tenha interrompido qualquer merda que ia sair da boca desse moleque e eu não ia conseguir lidar com meu rosto pegando fogo.

Virei para pegá-lo e estranhei o número no visor.

- ...Yuki? 

- Haru? É você?

- Sim sou eu, o que aconteceu?

- Sua voz está rouca, está diferente. - Senti meu rosto corar e tossi.

- Você também não está muito bem, a sua voz está toda embolada. 

- Enfim... O Nao está com você?

- O Nao? Não, ele não está aqui... - Yukio me cutucou perguntando o que era e eu o mandei esperar com uma mão. - Aconteceu algo?

- Então menino, ele saiu já faz meia hora e não voltou. Eu levantei para verificar e ele não estava em nenhum lugar do prédio. Estou falando, se você encontrar ele avise que eu irei matá-lo por ele me fazer procura-lo às uma da manhã comigo entrando na fase de ressaca!

- Yuki respira respira. Como ele desapareceu assim? Não me parece a cara do Nao sair para ir em alguma festa essa hora da noite.

- Eu sei! Eu também não, e não está acontecendo nenhuma festa no momento pois acredite que se tivesse, eu saberia.

- Sim você com certeza saberia... Mas isso é estranho. Ele não me mandou nenhuma mensagem. - Chequei o app de mensagens enquanto estava na chamada.

- Eu não sei, ele estava estudando quando saiu do nada e depois eu não vi mais notícia dele. Estava esperando ele chegar para me ajudar mas ele nunca chegou... Acho que estou ficando preocupado. Por que não ligamos para aquele namorado dele? Sabe? O Ta... Takeo..?

- Takeo? Por que ele ligaria pra o... - Senti o Yukio se mover do meu lado e sentar na cama, seu rosto ficando pálido. - De qualquer forma Yuki, me ligue se tiver notícias dele. - Desliguei o celular virando para o Yukio. - Yukio, que porra é essa?

POV TAKEO

Eu e a Emi voltamos para o salão de festas onde estava mais movimentado, eu tinha perdido aquele homem de vista mas Amélia e Taylor estavam em suas posições esperando o sinal. Como aquele homem tinha atrapalhado sem-querer-querendo nosso plano subindo ao palco antes da hora, tivemos que mudar algumas coisas. Então o sinal seria ativado agora quando encontrei minha mãe sentada em um canto tossindo muito, mas com uns homens ao seu redor a guardando. Me aproximei e assim que me viram eles saíram da frente. Sorri para minha mãe tentando conforta-la e depois de verifica-la, olhei para a Emi no outro lado da salão e balancei a cabeça.

A Emi levou o celular até o ouvido e imediatamente todas as cortinas das janelas se fecharam, apagando as luzes junto só deixando a do palco ligada. O murmúrio de conversa cessou e o Taylor subiu no palco começando a apresentar vários tipos de drogas que estava no comércio daquele homem.

- Takeo! Que porra é essa. Mande aquele cara descer do palco agora para não ser eu quem o arraste dali! - Ele caminhou até mim segurando meu braço com força.

- Mas não estava no planejamento do evento? Eu só pensei em trocar o apresentador.

- Por favor solte ele... - Minha mãe se levantou segurando em seu braço e ele a empurrou fazendo ela se sentar novamente.

- Mãe! 

- Você... - Ele apontou um dedo em minha cara mas retirou assim que percebeu que nem todos estavam prestando atenção ao palco. - Takeo, eu sinto que estou te dando liberdade demais.

- Você sente? - Sorri assim que vi uma veia estalar em sua testa. 

No mesmo instante barulhos de carros freando podem ser ouvidos do lado de fora junto com algumas sirenes e barulhos de tiro. Todos do salão se abaixaram e gritaram de horror enquanto Taylor continuava inabalável no palco apresentando. Emi tinha sumido provavelmente indo até o lugar que combinamos no plano e eu me abaixei protegendo minha mãe enquanto os seguranças perto de nós nos protegiam.

- Filho da puta. - Rosnou baixinho enquanto me olhava. - Nós vamos ter uma conversinha depois.

- Senhor, precisamos sair daqui. - Um dos seguranças alertou enquanto um grupo de pessoas armadas em preto entravam por todos os lados. 

- Nos leve para um lugar seguro. - Ordenou enquanto caminhávamos para longe.

- Filho a Emi... - Minha mãe falou em meio a tosses seca.

- Esquece ela, você acha que ela já não planejava isso também? Até você devia saber disso.

- Ela não tem nada a ver. - Alertei.

- Cale a boca!

O segurança nos levou até a parte superior escondida que era usada justamente para casos como esses, dois ficaram de fora guardando enquanto eu colocava minha mãe sentada em um divã, assim que virei senti uma ardência em meu rosto e o grito fraco da minha mãe.

- Eu não sei desde quando você tá planejando isso e como. Mas é melhor você parar com sua brincadeirinha.

- Acabou para você. Os policiais lá fora estão apreendendo todo o tipo de droga exposta, e nesse momento a Emi deve estar levando eles até o império local.

- Então finalmente admitiu estar por trás disso.

- Você ainda não tinha dúvidas, certo? - Sorri

- Você está brincando comigo. Não esqueça que a sua vida está em minhas mãos.

- Sério? Eu não me importo com minha vida, minha mãe está bem aqui e você está desarmado. O que você pode fazer agora?

- Oh? Não é dessa vida que eu estou falando.

- Do que você está falando então? - Algo estava errado e involuntariamente eu comecei a suar.

- Ou você pensa que realmente pode me deixar de fora de algo? - Levantou o celular na minha frente e minha visão nublou até focar, nublando de novo, focando...

E no momento que ela focou de vez, minha cabeça doeu. Era uma foto do Nao amarrado em uma cadeira, seu corpo estava cheio de hematomas roxos e suas roupas estavam rasgadas. De repente eu tive um deja vu. 

- Como você...

Minha garganta parou impedindo a frase de sair e sem esperar ele sacou uma arma na direção da minha mãe, atirando em seguida.

Se Me Odeia Tanto - Yaoi (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora