Trovão

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Caminhei ao lado do Takeo pela primeira vez até a sala de aula, algumas pessoas que estavam no intervalo passavam e encaravam, olhei de canto para o Takeo e ele não parecia estar incomodado diferente de mim. Antes de abrirmos a porta eu o parei.

-Você não está com vergonha?


-De?


-De andar comigo. Sabe, todo mundo desse colégio sabe que você me zoa.


-Eu estou te ajudando e você ainda está questionando?


-Não respondeu minha pergunta.


-Não. Mas não pense que não pedirei algo em troca depois. -Abriu a porta com uma mão enquanto segurava os livros com a outra só fazendo eu reparar no quanto ele era forte. Entrou e o professor que estava anotando algo subiu o olhar surpreso. Colocou os livros na mesa e foi saindo.
-Ei. Yamada -Falei - O-obrigada... -Virei não o encarando. Era realmente estranho agradecer logo a esse cara.


- Aguarde, eu irei cobrar. -Saiu e bateu a porta.


- Satou-kuunn... Me desculpe -Sensei falou -Eu te fiz pedir ajuda à uma pessoa que você não suporta né?


-O que o senhor achar sensei? -Coloquei minhas mãos na cintura.


-Muito obrigada mesmo assim!

Sai indo em direção ao refeitório quando o sinal tocou, eu parei no caminho revirando os olhos e bufando de raiva. Dei meia-volta e fui de novo para a sala onde o sensei sorria para mim me pedindo perdão através do sorriso.

O resto da manhã foi bem entediante, o clima estava friozinho como eu gosto e eu não tinha motivos para explicar o porquê de usar o moletom. Já no meu dormitório eu tomei banho e fui para a cama onde o Takeo estava do outro lado, recebi notificação do site dizendo que o raposa do yaoi havia postado capítulo novo do seu mangá recente. Abri o aplicativo de mangá rapidamente escutando um estrondo no céu, pulei da cama de susto mas o Takeo continuo no mesmo lugar, abri um pouco a costina do janela vendo a chuva forte que caía junto com uns relâmpagos.

-Não suporto dormir assim.


-Você tem medo?

 
-Não. Mas os barulhos dos trovões me deixam aflito e eu não consigo pregar os olhos. - Sai do quarto.

Peguei um saco de batatinhas no pequeno armário da cozinha e abri, peguei uma caixinha de suco de uva e voltei para o quarto vendo o Takeo olhar para o meu celular espantado.

-O que você está fazendo? -Andei rápido em sua direção deixando o meu lanche em cima da cama, tentando agarrar meu celular que foi afastado por ele -Me dá!

 
-Você lê BL?


-O que?

 
-Claro que lê. Que burro, você é gay, claro que gostaria dessas coisinhas. Tem horas que eu até esqueço que você é uma bixinha. -Respirei, estava demorando.


-Você fala isso, mas como sabe o que é BL? -Sua feição mudou rapidamente.


- C-Como eu não saberia? Isso é bem famoso entre as garotas.


-Takeo. Por favor me devolve o meu celular -Falei calmo enquanto um trovão tremia no céu lá fora.


-Vem buscar -Provocou. Em um piscar de olhos eu pulei em cima dele tentando agarrar meu celular, mas mesmo sentado aquele gigante homofobico conseguia ser maior que eu. Inclinei meu joelho entre suas pernas esticando o meu corpo para pegar o celular que estava quase caindo da sua mão.

Mais um estrondo de trovão foi feito no céu fazendo o suficiente para eu me assustar e cair por cima dele fazendo-o bater sua cabeça na parede. Eu estava dessa vez sentado em seu quadril procurando meu celular no edredom dele enquanto o outro massageava a cabeça ainda sem reação. Achei meu celular e o agarrei com força virando para o outro que ainda massageava sua cabeça.

-Não faça mais isso! - Gritei.


-Sai...


-Han?


-Sai... De cima de mim! -Seu rosto estava vermelho agora e ele não olhava para mim. Me dei conta das nossas posições e sai devagar de cima dele.


-É sério. Meu celular poderia ter caído da sua mão até a brecha que tem entre sua cama e a parede -Olhei para trás onde ele já estava sentado e menos vermelho.


-Você é incrível... -Falou em tom de sarcasmo.


-Sou mesmo meu querido. -Sentei em minha cama de frente para ele e peguei o saco de batatinhas.


-Quer? -Ofereci já que eu sou um descarado.
-Óbvio -Agarrou o saco com tudo na minha mão pegando várias como se fosse uma criança vendo doce. Deixei escapar um riso de leve e ele levantou a cabeça me encarando.


-O que foi?- Perguntei.


-Nada... -Desviou o olhar do meu.

Se Me Odeia Tanto - Yaoi (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora