Capítulo 13 - "Brindamos ao abismo"

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30 de outubro

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30 de outubro. Madrugada.

Existia uma pequena lâmpada que balançava sem parar. O objeto estava logo acima da cabeça de Bethany, que permanecia encolhida no canto do cubículo para o qual havia sido jogada.

Aos poucos, ela percebeu que estava em uma espécie de caixa. Não olhou para os lados e nem desentrelaçou as duas mãos. O que sentia era algo como ter perdido a irmã dez minutos atrás e agora estar presa num lugar apertado e com pouco oxigênio. Isso parece familiar, Passageiro?

Desculpe. É que não há outra forma de descrever o que Bethany Hayes sentia naquele momento. E o que aconteceu a seguir tornou tudo ainda pior — por incrível que pareça.

O compartimento começou a balançar. De repente, a lâmpada sobre a sua cabeça piscou algumas vezes, até que se apagou. Bethany sentiu um vento frio se esgueirar através de seus pés. Todo aquele sangue e a água fria impregnados à sua pele passaram a lhe causar arrepios.

Demorou um tempo até que percebesse que aquele pequeno cômodo era um elevador, e que ela estava sendo levada para baixo.

LADO DE CIMA

Aquela voz estava lá novamente. Alguém gritando, implorando que Claire fizesse alguma coisa. Que impedisse alguma coisa.

Ela não fez nada. Adentrou o carro de cor preta no meio da madrugada, colocou as duas mãos na parte de baixo de sua barriga e tentou não gritar de dor.

Mais tarde, ouviria os últimos suspiros da pessoa à sua frente e depois coletaria as suas cinzas. Nada nunca iria mudar.

Claire Brassard despertou com o grito vindo de dentro da sua cabeça. Era mais um de seus pesadelos — exatamente da mesma forma que aconteceu na primeira noite. Ela havia adormecido com o seu rosto grudado ao vidro frio da janela, embora não se lembrasse de ter caído no sono.

Quando saiu para fora do quarto, se deu conta de que estava no vagão dianteiro. A ruiva caminhou de volta até o vagão traseiro, passando pelo salão de jantar. Ao se aproximar, enxergou o vidro da porta do quiosque estraçalhado. Também pôde identificar as cadeiras do quiosque derrubadas e um par de sapatilhas deixadas no carpete.

Lucille e Thomas foram chamados instantes depois. E agora, posicionados um ao lado do outro frente à cabine das irmãs Hayes, os três últimos passageiros que permaneciam no trem se perguntavam o que poderia ter acontecido.

— Você não viu nada? — Lucy direcionou um olhar de desconfiança a Claire, que tinha sido a primeira a chegar. — Como... como não viu nada?

— Eu e Thomas estávamos procurando pelo maldito pacote. Depois de algum tempo, eu decidi passar a noite numa das cabines do vagão frontal. E, antes que eu precise perguntar, imagino que você tenha feito o mesmo. Não foi? — Claire cruzou seus braços. Lucy assentiu com a cabeça. — Interessante.

Trem para Barrymore [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now