XXII - BlackJack

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ARMANI

Passaram-se dois anos, meio que pedir para que ele esperasse por mim não é justo, muito pelo contrário, é estranho, talvez seria até pedir muito, quer dizer ele tinha todo motivo de pensar que eu tinha morrido ou que nunca mais me veria, afinal de...

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Passaram-se dois anos, meio que pedir para que ele esperasse por mim não é justo, muito pelo contrário, é estranho, talvez seria até pedir muito, quer dizer ele tinha todo motivo de pensar que eu tinha morrido ou que nunca mais me veria, afinal de contas também foi assim que eu pensei, por muito tempo.

Reclamar que ele tenha seguido em frente é talvez um pouco exagerado.

- Desculpa. - ele disse antes de pegar o telemóvel e sair da mesa para fazer uma chamada.

Ele tem uma namorada nova.

Claro que tem. Mas a pergunta que talvez eu devesse me fazer é será que ele está apaixonado por ela? Será que ele está disposto em voltar para nós? Será que ela é o que ele tem estado a procura durante os anos que estivemos juntos?

Será que eu perdi meu tempo a pensar na pessoa errada?

Jake voltou e sentou-se outra vez, dessa vez, colocou o telemóvel no bolso do seu casaco e sorriu para mim. Mesmo com tudo que corria pela minha mente, quando eu vi-lhe a sorrir, sorri de volta, vi a boca dele a mexer-se provavelmente a lançar frases que eu estava inibida de ouvir porque agora a única pergunta que não se calava, era mesmo aquela "será que eu perdi o meu tempo com a pessoa errada?"

Eu investi muito da minha vida para ele, para nós, quer dizer ainda estou a investir, voluntariamente, não porque eu esperava que ele fizesse o mesmo mas porque eu sabia que ele retribuiria com o amor dele por mim, que ele retribuiria com um obrigado.

Será que ele pelo menos nota que eu faço tanto por ele? Por nós?

- Mani? - ele estalou os dedos na minha cara e sorriu. - Para onde é que foste princesa? - ele perguntou curioso.
- Desculpa. O que foi que disseste?
- Quanto tempo é que vais ficar por cá? Gostaria de poder ver-te mais vezes. - ele sorriu
- Eu não acho que o Santo vai deixar-me ver-te outra vez. - eu disse sem me aperceber do que dissera.
- Hã? - ele franziu a testa.

Eu estava com os olhos no meu café e depois voltei-me para ele com um sorriso.

- Procuraste por mim antes de entrar numa outra relação, Jake? - perguntei com a voz baixa.
- O quê? - ele confuso.

Desde o momento que cheguei tudo que eu queria olhar era para ele, nada mais. Olhar foi o que diz. E acabei também por ignorar tudo que estava ligado a ele, excepto o sorriso dele. A foto do ecrã principal dele que eram duas crianças e uma mulher, o anel no dedo anelar dele. Eu queria ignorar e só olhar para ele e recordar da face dele para eu poder voltar a respirar durante o tempo que vou continuar confinada na realidade que ele me colocou enquanto ele dorme aconchegado a sua esposa e filhos. Era só isso.

Mas o telemóvel tocou, um segundo.

Uma mensagem.

Uma mensagem despertou-me e esta a fazer-me perguntar quantas outras coisas eu ignorei para o bem da minha sanidade.

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