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Era o quinto encontro dos homens, não esperavam que fossem descobertos. Mas ali estava Robert e Sonho na mesa, sentindo olhos em si, mas ignorando.

- Na minha opinião o nosso país será o próximo a ter uma revolução, eu venho enviando dinheiro para o mundo inteiro, ao primeiro sinal de problema sairei daqui correndo.

- Mas enquanto isso, estou trabalhando com navios, um novo sistema de escravos...O que? Por que está olhando assim?

Sonho acha isso repugnante, humanos conseguiam ser muito cruéis.

- É terrível um humano escravizar outro.

- Mas é assim que funciona.

- Eu sugiro que você encontre outra área de atuação Robert Gadling.

- Está me dando conselhos? Depois de quatrocentos anos?

Não pode evitar se sentir levemente bem ao perceber que o homem se importava.

- Eu levarei isso em consideração.

Toma seu chá e tenta desesperadamente mudar de assunto.

- Aquele jovem, Will Shakespeare, acabou se demonstrando um grande dramaturgo afinal. Você fez algum acordo com ele, não é?

- Talvez

Sonho repara que o homem não deixou isso escapar, surge um misto de sensações que nem ele saberia explicar.

Hob queria conversar mais, saber mais.

- Já faz 400 anos que venho me encontrando com você e tem tantas coisas que ainda não sei, quem é você? Qual é o seu nome?

O Perpétuo sente uma vontade estranha de contar tudo a ele, tudo sobre si, mostrar tudo o que já viveu, quem ele era lá no fundo...
Tenta falar algo mas é interrompido,
percebe que é justamente uma Constantine.
Era como se ele atraísse essa família, já estava enjoado.

- Sabe, corre um boato por Londres de que o Diabo e o judeu errante se encontram aqui, uma vez a cada século.
- Vocês se encontram nessa taverna concedendo dons, imortalidade, que agora concederão a mim.

- Então, não tem nada a dizer?

- Eu não sou o Diabo.

- E eu não sou judeu - Hob não pode evitar de achar a situação engraçada, mas se preocupa de que teria que parar de se encontrar com aquele homem misterioso.

- Que tipo de criaturas vocês são?

Robert tenta tomar as rédeas da situação, não havia motivo para dizer quem eram, correndo tantos riscos. A mulher percebe que eles não sairiam do lugar e iriam com ela, seus homens os ameaçam com facas. O que Hob desaprova e se defende numa briga.

Morpheus observa tudo calado, mas ao perceber que Robert poderia ser atacado, interfere com sua areia, fazendo Johanna paralizar.

- Você não precisava se prontificar a me defender.

- Estou vendo - Fala impressionado.
- Mas eu não quero vir beber aqui sozinho daqui a cem anos.

Sorriem juntos, e podemos dizer que Sonho ficou levemente sem jeito, mas ele nunca confessaria isso.

- Imagino que não queira procurar outro bar para irmos.

- Ela provavelmente avisou outros, seria mais seguro para você.

- Não posso morr- É interrompido no meio de sua frase.

- Mas pode ser ferido! Ou até capturado, você precisa ter cuidado!

Entende os riscos que corre, mas algo, ou alguém, era mais importante.

- Sempre - Olha o homem a sua frente de cima a baixo.

Fica feliz ao o ver preocupado com si, parece que mesmo recebendo pouco, ou quase nada de afeto, isso seria o máximo que chegariam, estava bem com isso por enquanto.

Suspira fundo.

- Cem anos então?

- Cem anos.

Imortal - Hob x Morpheus Onde as histórias ganham vida. Descobre agora