Relações antigas

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Estava entediado e indeciso.

Seu propósito até agora foi se vingar e fazer seu reino voltar ao normal, após tudo isso, o que faria? Não se lembra mais como era sua vida antes de ser capturado. Agora mesmo estava sentado em um parque, ao lado de sua irmã.

- Tá fazendo o que?

- Alimentando os pombos. - Era óbvio o que fazia naquele momento, mas ela perguntou mesmo assim porque se importava.

- Se der muito sabe o resultado né? Pombos gordos. É uma fala da Mary Poppins, você já viu?

- Não - Continuava olhando os pássaros.

- Tá, qual é o problema? Tem alguma coisa errada, olha você. Sentado aqui, desanimado, alimentando os pombos, você não é assim.

- Não, talvez não. Eu não sei o que é, mas está certa, tem algo me incomodando.

Morte consegue imaginar o que, ou melhor, quem está nos pensamentos de Morpheus.

- Quando eu fui capturado só pensava em vingança, e não foi tão satisfatório quanto eu imaginava. Enquanto isso meu reino estava desmoronando, minhas ferramentas roubadas, eu encontrei, agora sou mais poderoso do que fui em eras. E mesmo assim...

- Você tá aqui alimentando os pombos. - Morte concluí.

- Veja, até então eu tinha uma missão, um propósito além das minhas funções. Eu me senti decepcionado, e vazio. Isso faz sentido?
- Eu tinha tanta certeza que recuperando tudo me sentiria bem, na verdade faz alguns séculos desde que me senti bem. De certa forma agora me sinto pior, eu não sinto nada. Pronto, você perguntou...

- Você podia ter me chamado né!

- Eu não queria preocupar você.

- Você é inacreditável, eu vou te falar uma coisa Sonho, e vou falar só uma vez, presta atenção! Você é simplesmente o mais idiota, o mais egocêntrico e patético arremedo de personificação antropomórfica nesse e em qualquer outro plano. Tá aí sentindo pena de você mesmo só porque o seu joguinho acabou, e você não tem colhões para sair e procurar o que você sabe que resolveria. Você é tão ruim quanto o Desejo!

Morpheus sente o pão sendo jogado em si

- Já pensou que eu estava preocupada?

- Eu não achei qu-

- Exato. Você nem pensou.

Uma bola vem na direção de ambos e Morte a pega. Entregando para o rapaz que estava jogando no parque.

- Nossa, você é tão boa quanto seu amigo aí.

- Ele é meu irmão, e é um idiota.

- Estou só alimentando os pombos - Sonho estava mais desanimado ainda.

- Preciso ir trabalhar, vem comigo? - Sabia que isso talvez mudasse algo na percepção de Sonho sobre a vida.

- Eu vou com você.

- Desculpa, antes que vá, será que a gente pode se ver de novo? - O mesmo rapaz de antes aparece e fala com Morte.

- Claro Franklin, vamos nos rever, logo. - Ele não sabia quem era ela, e que aquele dia era seu último dia.

- Ótimo, só deixa eu pegar seu telefone - Se vira, mas percebe algo estranho.
- Perai, como você sabe meu nom-

Não havia mais ninguém ali, nenhum sinal dos irmãos. Ficou confuso mas voltou atrás de seus amigos.

Não muito longe do local, Morte estava fazendo seu trabalho, enquanto Morpheus observa atentamente.

- Você leva jeito com humanos.

- Eles até que são simples de entender.

- Eu só entendi um, mas isso faz tempo. Não sei se importa agora. - Robert ainda vinha em sua mente, mas duvidava que ele estivesse na taverna agora, não havia passado cem anos desde o último encontro que não pode ir, e provavelmente ele o odiava agora. Pelo menos era o que pensava.

- Viu alguém da família desde que voltou?

- Somente você, mas não sei se pretendo ver os outros. Você viu alguém?

- Teve um jantar de família na sua ausência, Desejo e sua gêmea estavam felizes. Mais o Desejo.

- Na minha ausência, não duvido nada.

- Acho que ele sentiu falta de ter alguém com quem discutir no jantar. Você e o pródigo fizeram falta lá. Ah e obrigada por perguntar como estou.

- Como você está minha irmã? Como andam as coisas? - Ele acha graça disso, realmente até agora somente ela perguntou como estava.

- Eu estou preocupada com meu irmão. Olha, você sabe que é só ir atrás dele né. Não sei porque temer tanto.

- Eu sou um completo desastre quando o assunto é amor - Ri meio melancólico.
- Nunca deu realmente certo, eu tenho medo de o perder de vez.

- Você não sabe se não tentar. Mas vou continuar trabalhando. Não acha melhor ir para casa e pensar nisso?

Isso ficou na cabeça de Morpheus, por dias.
Por fim, se rendeu, ir até lá seria a melhor opção. Talvez estivesse desesperado e o procurasse nos sonhos futuramente, mas só talvez.
Segue o mesmo caminho e chega a taverna, para sua surpresa agora só existia o prédio, estava cercado de madeiras. Tinha medo de nunca mais ver Robert, a única ponte entre eles estava arruinada.

Ao observar bem, vê uma pixação, de uma letra que conhecia:

"Nova taverna"

Várias flechas apontando para um bar perto dali " The New Inn".

Fica parado na frente, pensando no que faria, e resolve entrar. Estava nervoso, andando devagar, com medo do que viria. Olha pelo local e vê cabelos bem conhecidos, consegue lembrar da sensação de toca-los durante o beijo.

Vai até a mesa, o homem logo percebe. Seu nervosismo gritando, coração batendo forte, pensava em fugir.
Mas quando seus olhos se encontram naqueles, tudo fica calmo.

Sorri, e recebe um belo sorriso em troca, como sentiu falta daquilo.

- Tá atrasado.

- Eu acho que te devo desculpas. Sempre ouvi dizer que não é educado manter um amigo esperando - Ambos sabiam que eram mais que amigos, mas não sabiam a definição daquilo nesse momento, preferiram não se preocupar com isso por hora.

Se sentou a frente de Robert como de costume. Iriam com calma.

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