An old wish

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Rhaenyra narrando.

De todas as vezes que o meu tio Daemon me surpreendeu, hoje foi a mais incrível delas. Nada explica a euforia e a adrenalina presente no meu corpo por escapar do meu quarto pela passagem que eu nem imaginar que existiria, cada passo com aquela roupa estranha em direção a liberdade me fazia sorrir mais.

Quando finalmente nos encontramos meu tio arrumou o capuz na minha cabeça e sem dizer nada segurou a minha mão, me guiando para os pontos da cidade que eu nem sonhava existir. Quanta coisa se perde quando se é uma princesa, quantas coisas não se pode ver ou vivenciar. Quantas experiências perdidas pelo simples fato de ter nascido mulher, porque mesmo sendo um príncipe como o meu tio, se pode fazer o que bem entender. Mas hoje, graças a ele, eu também posso.

Andar no meio de desconhecidos que juravam que eu me tratava de um garoto me fazia rir muito, eu acho que não me divirto assim a anos. Foram longos três anos que fiquei sem ver Daemon, e a ausência dele me fez me sentir ainda mais sozinha. Ele é o único que me entende, e sempre que eu olho para ele enquanto a gente observa o mundo, ele já me olha de volta. Como quem espera ver cada expressão no meu rosto para ver se gostei do passeio.

Até mesmo quando me incomodei com aquela peça tosca de teatro ele não deixou de me olhar, e bastou eu sair para não ver mais aquelas pessoas gritando pelo nome do meu irmão que ele já me seguiu, segurando meu pulso e me fazendo olhar para ele.

── Parece que querem que o Aegon seja nomeado o herdeiro do trono de ferro.

── O que eles querem não tem importância ── Sorri, e depois suspirei fundo, sentindo o vento frio da madrugada me cortar as bochechas ── Essa experiência, ver tudo isso. Coisas que eu nem sonhava existir, eu amei tio Daemon.

── Ainda não acabamos ── Disse, ao olhar para o lado onde um vendedor me encarava e ergueu brevemente uma sobrancelha.

Acho mágico como que com um olhar ele fala comigo, e eu entendo. Porque fingi furtar a mercadoria do homem no mesmo momento, ele me chamou de moleque inconsequente enquanto corri e Daemon vinha logo atrás de mim e eu ria, dobrando a primeira esquina bem depressa. Meu corpo inteiro gelou quando esbarrei em um dos guardas da patrulha, reconheci Harwin Strong na hora, e infelizmente ele a mim também.

── Princesa? ── Questionou, perdido por me ver fora uma hora dessas e vestida como uma serva.

── Harwin por favor... ── Murmurei, ao olhar de relance para trás e ver meu tio se aproximar, eu precisava de tudo, menos que Daemon o estripasse para não correr o risco do nosso passeio vazar.

O guarda entendeu, pois me empurrou de leve e me mandou ter cuidado, enfatizando o "moleque" que eu estava amando ser chamada nessa noite. Quando Daemon me acompanhou na corrida, me segurou pela cintura me obrigando a parar e olhou para mim.

── Fala sério você amou a fuga ── Brincou e eu ri, apenas concordando.

Estava ofegante, ele também. Havíamos corrido uns trezentos metros até aqui, e onde é aqui eu não sabia. Não até ele me levar ao interior do estabelecimento, prendi a risada na garganta, não queria parecer infantil mas ver todas aquelas mulheres nuas e tendo relações com os homens, homens com homens, mulheres com mulheres, é tudo completamente novo e me deixa tão constrangida que devo estar da cor de um tomate.

Daemon me entregou outra taça de vinho, se somada as anteriores, era a quinta que eu tomava essa noite e eu nunca havia bebido mais de duas. Ele retirou a minha toca, e e me assustei com o ato porque o meu cabelo me entrega, mas se Daemon fez é porque é seguro, pelo menos foi o que pensei.

Fire On Fire - Daemyra (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now