Capítulo 6

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hm, eu tô vendo vcs saindo sem votar grrr
tô de olho

Thomas

Presente.

Segurei meus pertences e me obriguei a manter a cabeça baixa, enquanto os seguranças me levavam pelos corredores do presídio, onde fiquei por mais de três anos. Os presos gritavam, batendo em suas celas e balançando suas grades como ratos enjaulados. Eu tive que ranger os dentes para suportar o barulho alto que eles faziam. Essa porra ainda me perturbava, mesmo depois de anos na solitária, não tendo nenhum grande estímulo.
Passei muito tempo convivendo com o silêncio, com o escuro...e agora, eu estava prestes a ser livre de novo.

Livre...

É uma palavra curiosa.
Mesmo antes de ser jogado nessa sarjeta, eu não me sentia livre. Parecia que sempre estive preso aos Osíris, desde o meu pai até a porra da minha própria cabeça. E quando realmente senti o peso das algemas em meus pulsos, pela primeira vez, pensei que era só uma materialização das amarras que sempre estiveram ali.

Menos quando eu estava com ela e a via sorrir.
Eu não confessaria que ainda pensava em Emily Osíris, durante todos os segundos que respirava, mas era a porra da verdade que me envenenava por anos. Ela tinha destruído cada pedacinho de mim.
Ela tinha me matado.

Os portões da penitenciária se abriram e os guardas falaram em seus microfones, autorizando minha saída. Fecho os olhos, quando sinto o sol em meu rosto.
1.245 dias sem sentir o calor do sol, sem as grades ou um guarda me vigiando, mandando que eu voltasse para a minha solitária pois a hora que eu tinha, já havia passado.

-- Dark. -- O guarda que fazia os turnos comigo apertou minha mão. Eu ainda era um Osíris para o mundo e sempre seria, mas dentro desse lugar eu podia ser a porra que quisesse. Éramos todos fodidos, o que era um  -- Não volte para cá, garoto. Você não pertence a esse lugar.

Eu assenti e me afastei, em direção ao estacionamento. Não sabia o que iria fazer, provavelmente pegar um ônibus e procurar um emprego para me sustentar. Precisava construir algo, me sentir produtivo e vivo, para só então...reivindicar o que era meu.

Ethan.

Eu podia sentir a tatuagem com o seu nome gravado em meu peito, queimar ao pensar no garotinho. Pensar no meu filho...
Meu coração sempre acelerava quando me lembrava das fotos que Emily me trouxe, e que estavam cuidadosamente guardadas dentro da caixa.

Eu iria fazer as coisas diferentes dessa vez. Nada de mortes, crimes, e nem a porra dos Osíris me tratando como capacho.
Estava sozinho.

Estava caminhando até o ponto, quando vi o camaro antigo e preto, estacionado a minha direita. A porta do motorista se abriu e, então, ela saiu.

Usava um vestido vermelho rodado, que envolvia o corpo bonito perfeitamente, dando forma as curvas novas, que eu já tinha notado em sua visita conturbada. Nada de roupas grandes ou faixas, pelo visto. Ela levantou os óculos de sol, modelo Rayban, e sorriu para mim como se estivesse me esperando.

-- Está quente, Thomas. Pode fazer o favor de entrar no carro para irmos embora?

Eu não respondi.
Continuava a admirando.
Ela tinha me fodido pra caralho?
Sim, mas porra...Emily Osíris era a coisa mais linda do mundo e eu não transava há quase três anos. Era difícil não olhar para ela.

Seu cabelo estava um pouco mais claro do que há anos atrás, e eu observava as mechas refletindo um tom avermelhado no sol.
Por que ela pintou o cabelo?

Eu amava olhá-lo na luz do sol, me impressionava com o quanto podia ser escuro, como se sugasse toda a luz do ambiente para ela. Seus olhos também eram assim, mas ao contrário dos cabelos, eles pareciam ainda mais escuros e vivos. Havia uma determinação em seu olhar, mas ao mesmo tempo, uma inocência tranquila.
Uma inocência que eu pensei que estava perdida.

Tentação ProfanaWhere stories live. Discover now