Capítulo 10

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Thomas.

A noite do incêndio...

Os olhos azuis de Elijah se chocaram sobre mim primeiro, a animação em seu rosto dando lugar a decepção ao perceber que, ao contrário do que seus desejos profanos ecoavam em sua mente pertubada, eu estava sozinho naquela clareira escura.

Me mantive parado enquanto ele fazia seu escrutínio ao redor, atento a qualquer movimentação nas árvores. Seus olhos azuis pareciam me cercar, tão apavorantes quanto as lembranças apagadas da minha infância. Seu maxilar travou quando sua atenção voltou a pousar em mim. Eu quase podia sentir a raiva que irradiava do seu corpo, ao perceber que ela não estava aqui.

-- Onde a putinha está? -- Indagou, dando um passo a frente e passando a mão no cabelo e colocando os fios negros que batiam em seus ombros para trás de sua orelha.

Enfiei minhas mãos nos bolsos de trás da minha calça e desviei meu olhar para o bico sujo das minhas botas.
A raiva queimava em minha veias, e eu podia sentir as chamas querendo deslizar pela minha pele com sede de violência. Essa sensação me fazia lembrar das formigas de fogo que Max colecionava quando éramos crianças. Minhas mãos ainda tremiam da mesma forma, como se eu ainda estivesse no quarto do meu primo encarando a porra do formigueiro e pensando em como poderia matar o meu pai com aquelas formigas.

Ele sentiria dor?
Sua dor curaria a minha?

Sim, eu ainda acreditava que sim.
Era por isso que minhas mãos ainda tremiam.
E por ser um covarde, eu as escondia.

Engoli em seco quando um galho próximo de mim estalou e a sombra do meu pai pousou sobre mim.

Nesses últimos anos eu tinha me tornado mais alto do que ele e também mais forte, sabia que não teria problemas físicos em matá-lo, se quisesse.

A merda estava na minha cabeça fodida.

-- Eu te fiz uma pergunta, garoto. -- Rosnou, revelando sua irá crua.

Eu levantei o rosto, encarando o topo de sua cabeça para evitar os seus olhos. Os malditos olhos azuis de Emily eram os únicos que eu conseguia manter minha atenção, todos os outros faziam a porra das chamas voltarem a rastejar sob minha pele, me fazendo queimar.
Ela era a única dessa família fodida que me tinha.

-- Não sei do que está falando. -- Respondi, fechando minhas mãos em punho dentro dos meus bolsos.

Meu sangue estava correndo direto para os meus punhos, minha cabeça doía a cada lufada de ar que adentrava os meus pulmões e eu já sentia aquela adrenalina que antecedia cada serviço escuro que eu fazia pelos negócios Osíris. Eu respirei fundo, ainda sentindo o cheiro doce do perfume de Emily preso em minhas roupas, me lembrando de tudo.
Eu não queria pensar em quão perto tínhamos chegado de transar nessa porra de floresta.
Mas a porra da minha ereção não me deixava esquecer.

-- Eu sei que ela estava aqui com você. -- A voz de Elijah soou baixa, seu rosto se inclinando para a direita enquanto ele parecia me analisar. -- Se acham espertos, não é? Saindo de fininho da mesa de jantar para foder no escuro, enquanto o pai dela me diz o quão orgulhoso está das medalhas que a filha está ganhando nadando.

Eu engoli um rosnado e continuei ali, tentando me manter tão imóvel quanto eu podia. Eu não sabia se Emily já tinha conseguido dar o fora daqui, mas eu sentia que ela ainda estava perto, nos observando como uma diabinha.

Meu pai se aproximou de mim, seu odor intenso de cigarro invadindo minhas narinas e espantando o cheiro de Emily da minha corrente sanguínea. Meu pau ainda estava duro pra caralho, meu corpo inteiro ainda consciente dos rastros da maciez de Emily, mas aquele cheiro podre e sua presença estava sendo suficiente para me fazer querer vomitar e afastar de uma vez todo e qualquer desejo que eu sentia pela minha prima.

Tentação ProfanaWhere stories live. Discover now