Chuva, sangue e escuridão

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𝓞𝓼 𝓪𝓷𝓸𝓼 𝓹𝓪𝓼𝓼𝓪𝓻𝓪𝓶.- e quando os garotos tinham seus dez anos, já se consideravam como irmãos. Inseparáveis.

Kakuzu se levantou como de costume. Escovou seus dentes e o cabelo que chegava nos ombros (ele não gostava de corta-lo, e sua mãe também não o contradisse). Vestiu seu uniforme e tomou o café da manhã, entrou no carro e estava pronto para ir para a escola e encontrar seu amigo- nada fora do comum. Pelo menos era o que pensava o garotinho.

Aquela manhã em particular estava chuvosa. Mas de que importava não é mesmo, afinal, ele iria de carro como em todas as manhãs.

Sentado no banco de trás, junto a seus irmãos, Kakuzu discutia com Mukade, o irmão  lhe acertava alguns golpes enquanto o xingava,  e o menor revidava. Yūra puxava seus cabelos e Mukade o acertava também. Uma discussão normal. Rotineira. Uma briga idiota por qualquer motivo besta. Coisa de irmão.

⚊ Meninos parem, parem agora.⚊ Mandou a mãe irritadiça. Mas Yūra se soltou do cinto, Kakuzo fez o mesmo e então o menor avançou contra ele. Desviando do golpe do irmão, o Moreno se levantou do banco, com o movimento do carro o garoto acabou caindo para o lado do motorista e batendo suas costas no freio de mão.⚊ KAKUZU, NÃO.

O barulhos das rodas arrastando do asfalto molhado. Os gritos de terror da mãe e dos irmãos. O barulho do carro batendo contra o poste e então....

Escuro.

💸💸💸

   Kakuzu abriu lentamente seus olhos. A cabeça latejava e a luz branca incomodava seus olhos. Ele os abre lentamente, piscando algumas vezes para se acostumar com luminosidade, sentindo uma aguda dor no costela e soltando um gemido baixo, ao tentar se sentar na dura cama branca.

O barulho da chuva era nítido, caiam canivetes do lado de fora. Kakuzu estava coberto por uma fina mantinha, e uma agulha estava colada em seu braço, fazendo o soro correr por suas veias. Parte do seu corpo estava completamente enfaixados.

A porta se abre, e um homem todo de branco entra acompanhado de duas mulheres vestidas de azul. Ele segurava em sua mão uma prancheta enquanto anotava algumas coisas que a enfermeira a sua direta lhe falava.

⚊ Vejo que já está acordado.⚊Disse o homem num tom formal.⚊ Sente alguma dor, algum desconforto?

⚊ Cadê a minha mãe?⚊perguntou o menino levemente exaltado.

⚊ Senta aqui, por favor.⚊ Pediu ele apontando para a beirada da cama. Com um pouco de dor, Kakuzu se arrasta para lá, sentindo agora uma dor agoniante no pescoço, cabeça, braços e pernas- todo seu corpo. O homem apoia a ponta do estetoscópio sobre o peito do menino.⚊ Respira bem fundo para mim, por favor.⚊ Ele pediu, e assim o moreno fez. Puxando todo ar que podia para os pulmões, e então soltou-o calmamente.⚊ Ótimo. Consegue mexer as pernas? Assim.⚊ Disse ele mexendo os dedos no ar, demostrando ao Moreno como deveria fazer.

⚊ Consigo.⚊ Ele afirmou, repetindo o mesmo movimento com as pernas.

⚊ Ok.⚊ Disse anotando algo na caderneta, logo entregando-a para a enfermeira a sua esquerda (que saiu da sala)⚊ Está sentindo alguma coisa nos braços?

⚊ Cadê a minha mãe.⚊ Perguntou novamente o menino.O médico o olhou receoso por alguns segundos, gesticulou com os lábios como se quisesse dizer algo importantes, mas pareceu se arrepender depois então voltou a se calar.

⚊ Demoraram mais algumas semanas para que todos os cortes se cicatrizem definitivamente. Acho que uns dois meses será o suficiente para que possamos retirar os pontos.⚊ Dizia o homem um pouco nervoso.

⚊ MAMÃE, MAMÃE.
⚊ Chamou o menino insistente. Sentia lágrimas queimando em seus olhos. Onde ela estava? Kakuzu precisava saber.

Se arrastando para o outo lado da cama, o moreno se levantou, ignorando completamente as agoniantes dores que estava sentindo. Agarrou o suporte do soro, e o arrastou com sigo, com passos apressados e mancos o menino buscava alcançar a porta, e procurar por sua mãe e...seus irmãos. Será que estavam bem? Onde estavam.

Assim que abre a porta, sente um pesar em seu ombro, e então nota a mão do adulto em seu ombro ferido. Ele se virá para ele, afim de pedir mais uma vez que lhe dissesse onde sua mãe estava. Mas o médico, com os olhos entristecidos, se abaixou até sua altura e então lhe disse em um tom manso.

⚊ Kakuzu, não é?⚊ Perguntou ele, recebendo um aceno positivo da criança.⚊ Eu preciso que você seja forte agora.⚊ Pediu ele antes de soltar a imensa bomba no colo do moreno. Kakuzu já sentia seus olhos queimando ainda mais, as lágrimas gordas e quentes caíram de seus olhos- antecipando o que viria a seguir. O menino negava com a cabeça enquanto- como se quisesse afastar a realidade dele, fingir que não era real, que estava tudo bem, que a qualquer momento ele acordaria e descobriria que tudo não fora um terrível pesadelo (por que ele fez xixi na cama) mas isso não aconteceu aquilo não era um sonho, não e mesmo? Era a mais pura e dolorosa realidade.⚊Sua mãe, e seu irmão não sobreviverem ao acid...

Sentia os soluço atravessando o grande nó que se formara em sua garganta. Antes mesmo que o homem terminasse de pronunciar a frase ele podia sentir uma grande tontura, o chão sumia embaixo de seus pés e tudo o que o mais velho havia dito não passará de zumbidos em seu ouvido.

Logo tudo estava escuro outra vez, e ele não queria ouvir mãos nada...a não ser qual..qual dos irmãos ainda estava vivo...qual? Ele precisava saber.

A criança gritava e chorava, naquele momento parecia que todas as suas agonias e dores haviam se multiplicado por mil. Cambaleando, Kakuzu foi guiado novamente até sua cama enquanto o médico pedia as enfermeiras alarmadas, uma dose de acalmante.

Apreçadas, uma delas chegou com uma agulha. O medico e a outra enfermeira o seguraram na cama enquanto ela se aproximava, e cautelosamente a enfiava na veia da criança, e mais uma vez tudo ficou embaçado até que ficasse completamente...

Escuro...

 💸💸💸

     Kakauzu acordou algumas horas mais tarde, ouvindo o som da porta ser aberta. Logo então vagou seus olhos pelo quarto até que chegassem ate ela. E lá estava  Yūra, com seus olhos chorosos, e boca trêmula( seu corpo coberto por bandagens, e pontos feitos) ele ficou soluçando da porta- esperando que Kakuzu o chamasse.

Kakuzu levantou seu braço e movimentou sua mão para que seu irmãozinho se aproximasse. O menino de apenas sete, correu até o moreno se jogando em seus braços, deixando os soluços e a respiração mais pesados. Kakuzu o levantou para que se sentasse em seu colo, apertou o garotinho com toda aforça que tinha, acariciou seus cabelos e esfregou suas costas- buscando trazer um pouco de paz ao irmão que continuava a se desmanchar em lágrimas agoniadas. 

⚊ Vai ficar tudo bem Yūra, vai ficar tudo bem, Tá.⚊ Dizia Kakuzu, sentindo um grande nó na garganta. 

O menino engoliu suas lágrimas e respirou fundo. As informações ainda não haviam sido cem por cento digeridas, mas ele sabia que precisava ser forte naquele momento, pelo irmãozinho. 

Ele era o irmão mais velho agora...

👉🅒︎🅞︎🅝︎🅣︎🅘︎🅝︎🅤︎🅐︎👈

𝓐𝓷𝓳𝓸 𝓭𝓪 𝓖𝓾𝓪𝓻𝓭𝓪Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt