𝓐𝓷𝓳𝓸 𝓭𝓪 𝓖𝓾𝓪𝓻𝓭𝓪

O tempo voa...

Quinze anos depois...

𝓔 𝓬𝓸𝓶𝓸 𝓱𝓪𝓿𝓲𝓪 𝓭𝓲𝓽𝓸- Jūzo Biwa se tornou nosso tutor a partir daquele dia.

Nos ensinou um pouco de tudo. Química, biologia, história, português correto, inglês, espanhol, japonês e os meus pontos fortes: Matemática e Física. Matérias básicas que se ensina nas escolas particulares, e até mesmo algumas aulas "extracurriculares", como atletismo e parkour [fuga da policia], pintura [falsificação], psicologia [persuasão e manipulação], empreendedorismo [controle na venda de drogas], camuflagem [despistar cães farejadores], sobrevivência [fuga pela natureza]. Em geral, aprendi tudo o que precisava em casa, tudo o que um adolescente normal teria, e deveria ter o privilégio de aprender, nos preparando para nosso futuro em sua família no tráfico, já que Jūzo não possui descendentes.

Eu não completei meus estudos em um colégio convencional, não haveria como, envolvido tão cedo no mundo do crime teria que viver uma vida nas sombras. Não poderia arriscar em deixar rastros em lugar algum, meu novo tutor deu um jeito de apagar meus antigos vestígios, me deixando praticamente inexistente para toda a sociedade, vivendo uma vida dupla com um novo nome durante o dia.

Ouvi que ele pensava em me colocar como principal sucessor, apesar de não ter muito interesse e nem tanto talento nesta área como meus dois irmãos demonstraram, fiquei feliz por ele me considerar mas neguei educadamente alegando que Menma seria um chefe bem melhor do que eu- já que era o mais velho e o mais forte entre nós. Eu ficaria com a parte administrativa que era a que me identificava melhor. Ele pareceu não entender muito no começo mas logo sorriu largo para mim, me deu dois tapinhas nos ombros e me desejou sorte pois eu teria um futuro brilhante. Menma não me pareceu muito animado com seu novo cargo, mas pelo lado bom, não pareceu completamente desinteressado como eu.

Apesar dos pesares, ele é um bom tutor. Responsável, calmo, compreensivo e estranhamente atencioso, embora ele tenha perdido um pouco a paciência e nos dados alguns cascudos necessários para nossa educação ao longo dos anos. Algumas vezes quando ainda era um moleque, podia jurar que ele carregava um pouco da essência da minha mãe, quase como se a alma dela estivesse com ele- a menos era o que imaginava...mas não parecia que era o único que pensava assim, afinal, meu irmão Yūra se fez muito apegado a ele, imagino que pelo mesmo motivo...ele se tornou um pai para nós, um pai que eu, que ele, nunca tivemos.

Yūra...desde que nos reencontramos, eu nunca mais me separei dele, fiquei tanto na cola dele que nem sei como não se enjoou de mim, talvez porque não adiantaria, ou talvez porque esteja tão traumatizado quanto eu. Em todo caso, nunca mais permiti que o tirassem de mim. NUNCA...

Mantenho uma vida confortável com o dinheiro que ganho, com um trabalho de fachada como contador. Claro que isso levantou muitas suspeitas de algumas pessoas enxeridas conforme os anos, mas facilmente as contornei com a desculpa que fiz bons investimentos e acumulei uma boa capital, normalmente isso dava conta. Embora algumas vezes eu não tivesse tanta sorte e tive que pedir alguns favores aos meus irmãos e pedi para que se livrassem de alguns "inconvenientes".

O mais importante, é que graças a eles, em todos esses anos, eu nunca fui atingido por uma única bala perdida. Nem mesmo quando estávamos na caça aos maiores morros da cidade. Meus irmão eram a distração e defesa enquanto eu fazia o trabalho sujo, e estranhamente mais fácil- pelo menos para mim. E somente durante aqueles três anos, aqueles cinco homens foram os únicos que matei em toda a minha vida, mas foram as mortes necessárias para que eu ficasse conhecido pelos maus falados, como "Kakuzu dos cinco corações"- apelido posto pelos meus próprios irmãos com o objetivo de impor medo aos nosso concorrentes que tentavam frequentemente invadir nosso morro, mesmo que nunca tenha cometido mais nenhuma atrocidade depois dessas, pelo menos não diretamente.