CAPÍTULO 28 - O PRAZER É MEU

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Babi tropeçou pelo que pareceu ser a milésima vez. Quando aceitou sair de fininho no meio da noite, não imaginou que precisariam caminhar tanto até o destino. Muito menos vendada.

— Só mais um pouquinho. Prometo valer a pena. — ele sussurrou em seu ouvido.

— Você não pretende vender os meus órgãos, né?

— Essa piada tá velha, Passarinho. — retrucou.

— Tem coisas que nunca perdem a graça. — ela sorriu e ele se pôs a admirá-la.

Como encantava a ele o formato redondo das bochechas dela quando sorria. Gostava particularmente do bico torcido que ela costumava fazer ao morder o piercing. Quis dar-lhe um beijo no rosto, mas apenas desfez o nó, retirando a venda.

— Tem mesmo. — disse revelando onde estavam.

Um grande salão de paredes brancas repleto de quadros importantes que ela apenas conhecia das aulas de História da Arte durante a faculdade. As lágrimas quase não puderam ser contidas, à sua frente estava seu quadro favorito.

Poderia se deter ali durante horas só admirando os dolorosos e potentes acontecimentos retratados no quadro de Picasso. E quase o fez. Mas a curiosidade de entender como foram parar ali àquela hora era mais intensa.

— Eu fiz o pedido de uma visita exclusiva e atenderam. Foi isso. — Jin explicou, dando de ombros.

— Tá bem, mas como você sabia que eu queria vir aqui? — ela insistiu.

— Era segredo? Se sim, o Jimin nunca será a opção mais confiável. — lançou casualmente observando o grande quadro. — Que tal?

— Amei! — sorriu de orelha a orelha, pronta para abraçá-lo, porém ele recuou alguns passos.

Identificou com certo desconforto as câmeras espalhadas pelo salão. Continuaram a visita, observando as obras, comentando o que viam como uma celebridade e sua staff fariam. Sem brincadeiras de casal ou toques mais íntimos, por mais que desejassem fazê-los.

— Você quer comer? — ele perguntou quando encerravam a volta pela última sala e ela parecia hipnotizada por quatro quadros muito coloridos, formando silhuetas de corpos disformes.

Confirmou que sim com um aceno de cabeça despretensioso, enquanto lia a assinatura do artista Eduardo Arroyo. Ela não sabia onde poderiam encontrar algum lugar para comer àquela hora da madrugada — além de fast food —, mas imaginou já haver algo planejado e gostava da sensação de não precisar se preocupar com nada. O habitual seria ele desejar algo e ela providenciar cada detalhe. Esta mudança de ares lhe fazia bem.

Não foram muito longe. Uma sala privada no restaurante do museu os esperava com uma decoração tão requintada quanto as obras que acabavam de contemplar. Após serem servidos, ela perguntou entusiasmada.

— Quando você teve tempo de preparar isso tudo?

— Não é importante. — respondeu orgulhoso.

— Claro que é! Tá esquecendo que não podemos dar bandeira? — sussurrou, preocupada.

— Não precisamos nos ater aos detalhes agora. Mas eu disse ser um grande apreciador das obras daqui e que tinha ouvido falar muito bem do restaurante. Além disso, estou fazendo uma visita com a única staff da nossa equipe capaz de trabalhar como intérprete, tendo em conta o meu pedido ter sido feito de última hora. Assim, não houve tempo de encontrar outra pessoa mais adequada para a função. Nada demais. — Jin explicou se aproximando.

— Você sabe que eu não falo espanhol, né? — ela comentou arqueando uma das sobrancelhas.

— Detalhes, detalhes... Tá funcionando, não tá? — beijou-lhe o pescoço. — Sabe o que é o melhor desta sala?

Babá de Marmanjo | Longfic BTSWhere stories live. Discover now