CAPÍTULO 31 - ONDE DÓI

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Riu baixinho, tentando não se contorcer. Quase toda troca de curativos vinha acompanhada de uma inspeção especial de Jin. Para saber se o trabalho da enfermeira tinha sido bem feito, dizia ele, como se fosse esta sua intenção, mas fazendo questão de mostrar ser outra.

Com suavidade, roçava os dedos na linha entre a pele e a gaze. Babi se concentrou ao máximo para não reagir às cócegas. Uma espiada por cima do último pedaço de esparadrapo e um beijo nas costelas — provocando arrepios — encerrou o "exame".

No espaçoso quarto com vista para a London Eye*, Babi abraçou-o apertado. Há dias, alternava-se entre momentos de consciência e sono profundo. Não sabia dizer qual teria sido a última vez que esteve assim, tão desperta. Uma súbita saudade de tê-lo em seus braços tomou-lhe conta, puxando-o mais e mais para perto.

— Só devo ter ficado tão dopada assim no primeiro ano da faculdade. — gargalhou.

— Não duvido nada. Com o Tommy com certeza, né? — ele comentou zombeteiro antes de beijá-la. — E o seu braço?

— Como novo. — ela o girou sobre a cabeça, esticando o cotovelo com um gesto exagerado.

Faziam a inspeção do curativo de trás da coxa, quando o telefone tocou.

— Oi, mãe! Tá tudo bem sim. Como dá pra ver, meu enfermeiro particular tem feito um ótimo trabalho! — disse trocando a câmera para mostrar Jin fingindo enfaixar sua perna.

Ele mandou um tchauzinho para o telefone e se afastou, recolhendo as xícaras vazias da mesa de cabeceira. Não foi fácil convencer a família a não largar tudo no Brasil para auxiliá-la com a recuperação, mas a presença e apoio dos amigos os acalmara.

Desde a saída do hospital, Babi não voltara à própria casa. Para sua segurança, enquanto as investigações continuassem ativas, a agência a hospedou em um apartamento vigiado por guarda-costas. Tinha assistência médica garantida e podia receber visitas de pessoas de confiança. Jin quis deixar tudo o mais confortável para ela.

Por dias, aquela sala poderia ser confundida com o lounge dos Bangtan Boys. Com o último show sendo cancelado e as investigações em andamento, eles iam e vinham, amontoando-se ali e revezando-se nos cuidados da casa. Todos muito dedicados a deixar o local com jeito de lar, mesmo que improvisado.

Namjoon substituiu as plantas de plástico por lindas suculentas, reforçando ser a melhor opção para a desleixada habitante temporária do local. Tae fez questão de buscar a coleção de vinis dela, acrescentando itens do seu agrado. Suga trouxe novos instrumentos, frisando que quando ela estivesse melhor, eles tinham de conversar.

Jin instalou um videogame na TV que mais serviu a ele — e aos outros seis — do que alguma vez serviria a ela, porém muito útil no intuito de se espairecer dos acontecimentos para além daquelas paredes. Ele se portava tão familiarizado com tudo ali que ela se pegava perguntando a ele onde encontrar suas próprias roupas.

As "férias" forçadas poderiam ter sido terrivelmente maçantes, mas tê-los por perto dava cor a tudo. No entanto, com o tempo, as visitas diminuíram. O grupo retornou à Coreia do Sul e não havia muito mais a fazer, além de focar na reabilitação. Pelo menos, Jin ficaria por mais alguns dias e esta notícia a preencheu de felicidade.

Antes de partir, os seis a visitaram uma última vez, acompanhados por Olívia e Yuna. Enquanto servia bebidas às amigas na cozinha, observou a conversa de Jin com Suga e Namjoon na varanda. Viu-o sacudir os braços irritado e Namjoon o tocar no ombro, explicando algo. Suga apenas sacudia a cabeça em negativa.

— Vocês acham que está mesmo tudo bem ele ficar mais uns dias? — ela perguntou, mordiscando o piercing.

Olívia confirmou que sim sem hesitar, mas Yuna apenas mostrou um sorriso forçado. Pipocas voaram para cima delas, quando Jimin se aproximou correndo e roubou um dos copos que ela servia. Aquele não era o melhor momento para abordar o assunto.

Babá de Marmanjo | Longfic BTSWhere stories live. Discover now