95.

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Maratona
{3/3}

- Delegado mandou falar que o você já pode entrar. - A moça fala pro Bil e ele assente estendendo a mão pra mim.

Entrelaço meus dedos nos dele e ele guia a gente até uma porta branca, olho pra cima vendo uma placa com a escrita delegado bem evidente e meu foco volta pro Bil quando ele abre a porta e a gente entra antes dele fechar atrás dele.

Danilo: Não sei que milagre te traz por cá. - Fala ainda sem olhar pra gente, com a visão focada nos papéis sobre sua mesa. - Devo ficar preocupado? - Assina um dos papéis. - Você não me procura nem fora da delegacia, pra ter vindo aqui deve ter feito uma merda das grandes, já tenha em mente que eu não vou mexer um dedo pra te ajudar.

Bil: Como se alguma vez eu tivesse contado com tu... - Ri ironicamente.

Danilo: Nosso pai de certo que morreria ao te ouvir falando desse jeito.

Bil: Tô ligando muito eu. - Fala com os braços cruzados na altura do peito e quando o Danilo ergue a cabeça seu olhar de imediato paira sobre mim.

Seu olhar é profundo e extremamente penetrante, parece que ele tá me escaneando e com isso descobrindo a minha vida inteira e quais pecados eu cometi e não cometi.

Danilo: Não me falou que estaria acompanhado. - Fala pro Bil, porém sem tirar o olho de mim.

Bil: Como que eu ia falar se quando eu te liguei tu não se deu o trabalho de atender ou retomar a ligação? - Fala com a cara fechada e a voz mais grave.

Danilo: Ah é. - Passa a mão no queixo, parece que eu tô num campo minado de tanta tensão aqui presente. - E você... - Semicerra os olhos na minha direção e permanece me encarando. - Sua cara não me é estranha porém ao mesmo tempo eu sinto que nunca antes tinha te visto.

Bil: Damiana, ela te lembra a cara da Damiana. - Responde sentando no sofá disposto no canto da sala e eu sento do lado dele toda tímida.

Danilo: Não faz sentindo ela se parecer assim com a Dami... - Suas expressões faciais entregam o quão confuso ele tá.

Bil: Faz sentido sim, caso tu não saiba tem filho que sai a cara da mãe. - Revira os olhos e o Danilo olha pra mim com o olho mais aberto que o normal.

Danilo: Tu é filha da Damiana? - Eu assinto sentindo minha garganta seca. - Ele é a filha que a Dami e o pai tiveram? - Olha pro Bil.

Bil: Em carne e osso. - Assente.

Danilo: A filha que nosso pai não quis assumir? - Mais uma vez o Bil assente. - A irmã que a gente procurou pelo Rio inteiro por mais de dois anos? - Pergunta incrédulo.

Bil: Porra, mermão, tua mente já foi mais legalzinha sabia? - Debocha do Danilo que passa a não no rosto fechando o olho antes de voltar a olhar fixamente pra mim.

Danilo: Onde tu andou? - Me pergunta e eu respiro fundo.

- Cresci em um orfanato em Botafogo.

Danilo: Que idade cê tem? Como consegiu se virar depois que fez dezoito? - Pergunta parecendo realmente interessado.

- Tenho vinte e quatro. - Falo com a voz embargada por conta da segunda pergunta ter levado meus pensamentos diretamente pra tia.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora