A VINGANÇA DA BRUXA

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Titulo: A Vingança da Bruxa
Tema: Bruxas
User: vanessalrodrigues10
Autora: Vanessa Rodrigues

Imagem contextualizada


  — Doces ou travessuras

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  — Doces ou travessuras. — Já era a milésima vez que o pequeno Noah dizia essas palavras naquela noite.

  Era dia 31 de outubro de 1996, dia das bruxas, e o dia que as crianças poderiam ser o que elas quiserem e ganhar doces de graça. Fã de Star Wars, naquela noite Noah era o pequeno Yoda, em uma mão carregava um sabre de luz verde de plástico enquanto a na outra mão carregava um sacola de tecido cheio de doces. Seu irmão mais velho, Jonas, bufava mais vez porque seu pequeno irmão não queria ir embora, sendo que já estava cheio de doces em sua sacola. Jonas não achava mais graça pedir doces, na verdade ele sentia vergonha, pois em casa pediu seu pequeno irmão para lhe dá algumas das suas guloseimas. Jonas estava no ensino médio e a essa hora da noite queria estar na festa de fantasias dos populares da escola, porém ele não foi convidado pelo seu status escolar ser inferior. Jonas era um nerd.

  — Ora ora ora, olha só quem temos aqui. — Jonas desviou o olhos do relógio de pulso para a pessoa que surgia em sua frente.

  Nada mais que Peter, Lourene e August, esses três faziam parte do grupo de populares e diariamente fazia bullying com Jonas e outros nerds. Lourene jogou seus cabelos ruivos e cacheados para as costas e um largo sorriso travesso surgiu em seus lábios rosados. Claire a estranha, essa era sua fantasia, já Peter tinha uma badana em seu cabelos cacheados, e sua roupa de pirata que não combina com o trio, pois August vestia um roupão preto, tinha uma foice provavelmente de plástico e seu rosto e cabelos loiros estavam escondidos atrás da máscara do famoso filme pânico. Peter enlaça a cintura de Lourene enquanto Peter vai na direção de Jonas e a rodeia com aquele sorrisinho de lado cínico no rosto.

  — Quatro olhos! — Zombou Peter com falsa animação. Eles apelidaram Jonas desse jeito pelo simples fato do pobre garoto olhar óculos, mas de tudo que já chamaram Jonas, esse com certeza foi o nome mais “gentil”.

  — O bebezão veio catar doces, que fofo. Tinha quer ser o quatro olhos mesmo — Peter ironizou jogando o braço sobre os ombros do outro garoto.

  — Eai pirralho, me dá uns doces aí — Loreune ordenou para o pequeno Noah.

  — Não mesmo, vocês que vão pedir os seus — Noah respondeu abraçando sua sacola numa forma de a proteger.

  — De-deixem meu irmão em paz — Jonas elevou a voz para os três valentões, mas o medo que ele tinha deles de tantos anos sofrendo bullying o fizeram gaguejar.

  — Olha só, o quatro olhos mostrando as garras. Vai nos enfrentar? Vem então. — August retirou o braço da cintura de Loreune e deu passos decididos na direção de Jonas ficando cara cara com ele, fazendo o pobre rapaz engolir em seco.

  — Deixe meu irmão em paz! — Afirmou o pequeno Noah antes de chutar a canela do August o fazendo cair no chão, mas só invés de reclamar de dor, o valentão gargalhou.

  — Por essa eu não esperava, o quatro olhos sendo protegido por uma criança — August rio ainda mais fazendo os amigos gargalharem juntos.

  — Que vergonha em quatro olhos, você é merda mesmo — acrescentou Peter balançando o ombro de Jonas, que a esse momento queria cavar um buraco e se enfiar de tanta humilhação.

  — Que fracote — comentou Lourene dando passos até ficar perto do Jonas. Ela com aquele sorriso travesso já conhecido por Jonas e o avalia de cima a baixo. — Não me surpreende esse magricelo ser um fracote. Essa gentinha não deveria estar nessa cidade. Perdedores como você quatro olhos, não deveriam nem respirar o mesmo ar que nos respiramos – Lourene ri ainda mais e longo dispensa Jonas com a mão, mostrando como ele é irrelevante para ela.

  Jonas engole em seco mais uma vez. Ele não aguentava mais ser motivo de tanta zoação. Sua vida escolar de tornou uma droga desce que entrou no ensino médio a dois anos. Tudo que ele mais queria era se formar longo para nunca mais na vida ver aqueles valentões. Jonas não os aguentava mais, eles estão acabando com a vida e saúde mental do pobre garoto.

  — Vem Noah, vamos embora — Jonas murmurou rapidamente querendo sair dali o mais rápido possível.

  Ele fecha às mãos em punhos ao ponto de sentir as unhas cravarem nas palmas da mão causando dor, Jonas estava furioso. Ele sentia o nó na sua garganta se formar, denunciando que ele queria chorar de raiva, como já fizera antes. Sua vontade é de socar a cara daqueles dois, mas ele sabia que perderia para eles e ainda apanharia feio, pois enquanto ele gastava seu tempo jogando Mario Bross no seu vídeo game Nintendo. Peter e August praticavam artes marciais. Jonas sabia que iria apanhar assim como o Daniel apanhou do Johnny em karatê kid, mas assim como Daniel Jonas quer em algum momento revidar e acabar com eles.

  — Jonas, Jonas, Jonas, — cantarolou Lourene entrando em sua frente o impedindo de sair dali — só estamos zuando com você, como amigos fazem. — Jonas queria rir do seu cinismo, obviamente Lourene estará sendo irônica. — Que tal ir em uma festa conosco? — Perguntou em uma falsa animação.

  As sobrancelhas de Jonas se enrugaram e eles olha para os três valentões. Era sério aquilo? Eles estão o chamado para ir na festa dos populares? Uma animação cresceu dentro de Jonas e ele se animou com o convites esquecendo tudo que os populares já fizeram para ele. Lourene troca olhares cúmplices com Peter e August que logo eles entendem.

  — É cara, vem com a gente. Assim podemos nos conhecer melhor. — Peter volta a colocar o braço nos ombros de Jonas e olha para ele com um sorriso travesso.

  Pobre Jonas, está tão cego com o convite que não percebe que esses três estão tramando.

  — Claro, eu quero ir — Jonas responde animado. — Mas antes tenho que passar em casa para deixar Noah — acrescentou apontando para o pequeno que prestava atenção na interação daqueles quatro.

  — Tudo bem quatro olhos, — Lourene bate na própria testa como se estivesse se repreendendo — quer dizer, Jonas — enfática o nome do rapaz sorrindo para ele e depois pisca para ele.

  Jonas logo fica vermelho, ele não sabia bem como se portar perto de uma garota. Ainda mais se essa garota é a líder de torcida mais bonita da escola, Lourene D’ Laurence.

  — A festa irá acontecer na casa da Vivian, você sabe quem é — Peter diz malicioso.

  Era óbvio que Jonas sabia quem era Vivian Martin. Todas naquela pequena cidade sabiam quem era ela, assim como Lourene ela era outra garota popular e já namorou metade do time de futebol da escola.

  — Eu sei sim — Jonas ficou feliz consigo mesmo por não gaguejar perto desses três.

  — Nos vemos lá, quatro olhos — August disse abraçando a cintura da sua namorada e os três caminharam para longe de um Jonas que sorria de orelha a orelha. Ele estava feliz por finalmente os populares falarem com ele sem zuar e de forma civilizada. Estava feliz por ter sido chamado para a festa que todos da escola que não são populares brigariam para ir.  De repente todos os anos sendo zuando sumiram da mente do pobre garoto, que estava iludido com a ideia de virar popular.

  Pobre garoto, mal sabia o que o esperava no final da noite.

  Jonas levou seu irmão rapidamente para sua casa e deu uma ajeitada no seu visual. Não queria aparecer de qualquer jeito. Sua mãe tinha lhe comprado uma fantasia, mas Jonas de negou a usar para acompanhar o irmão a catar doces, mas agora ele viu a oportunidade perfeita para usar. Amante de jogos, hoje Jonas era Mario Bross, porém sem o bigode falso que ele se negava a usar.

  Respirou fundo pela milésima vez se olhando no pequeno espelho do banheiro. Suas mãos suavam e seu coração estava acelerado. Jonas estava ansioso e ao mesmo tempo nervoso, com medo de fazer algo vergonhoso na festa.

  — Vamos lá Jonas, você consegue cara — disse para se reflexo numa tentativa de encorajar a si mesmo.

  Sorrio para seu reflexo e logo saiu do banheiro. Avisou a mãe onde ia rapidamente, saiu de casa e logo foi caminhando animado para a casa de Vivian. Assim que estava de frente para a casa de Vivian, tocou a campainha que logo foi aberta por Lourene.

  — Quatro olhos! — Afirmou animada.

  — Quatro olhos, olha só você aqui! Não é que venho — August diz se aproximando e passa o braço sobre o meu ombro. — Chegou no momento certo.

  August puxa Jonas para andar. Jonas olha a casa sua volta, observa a decoração sombria e irada na temática de terror. Logo eles chegam na sala espaçosa e Jonas encontra mais populares sentados nos sofás pretos da sala, eles riem e conversam entre si, mas só ao verem que naquele dia tinha uma nova pessoa no grupo, eles ficaram surpresos.

  — Ilha só se não é o nerd, tá perdido? Perdeu o caminho de casa garoto? O que tá fazendo aqui? — Perguntou um jogador e amigo de Peter, antes de levar o cigarro que fumaça ao lábios.

  — Eu-eu- eu. — Jonas fica nervoso com toda a atenção dos populares em cima de si.

  — Nós convidamos galera, —Lourene responde por ele — encontramos na rua e pensamos, por que não convidar o quatro olhos para nossa festa.

  Jonas ficou alegre por ser convidado, o pobre rapaz estava tão imerso na ideia de pertencer a aquela galera que não via o sorrisinho maldoso que Lourene mandou para August. Eles se sentaram nos lugares sobrando e logo voltaram a conversar.

  — As bebidas estão na cozinha garoto, mas são bebidas de verdade e não suco de caixinha — zombou Vivian fazendo os outros rirem antes de levar a garrafa de cerveja a boca.

  — Eu tô bem — Jonas conseguiu responder. Ele estava inquieto sentado no sofá, seus dedos não paravam quietos.

  — Não está muito tarde para o bebezão está acordado? — Zombou outro cara do time.

  A animação de Jonas logo estava indo embora e ele estava começando a se sentir como um peixe fora d’água.

  — Deixem o garoto, hoje ele tá com a gente — afirmou Peter dando dois tapinhas nas costas de Jonas.

  — Cuidando ao voltar para casa, hoje a bruxa tá de volta — comentou Vivian sorrindo travessa.

  — Brru-uxa? — Gaguejou Jonas.

  — Não conhece a lenda garoto? — Lourene perguntou.

  Jonas conhecia a lenda que cercava aquela pequena cidade. Há umas décadas atrás, uma mulher foi morta por suspeita de ser uma bruxa e ela jurou vingança.

  A caçada as bruxas aconteceu a 3 séculos atrás, mas a algumas décadas atrás naquela cidade pacata. Os moradores mataram uma mulher queimada e sua filha. Morgana vivia em uma cabana no meio da floresta, era viúva e cuidava da sua filha pequena sozinha. Um dia, o padre que estava passando pela floresta, viu Morgana fazendo algo bem estranho. Escondido, ele observou a mulher, ela estava perto de uma fogueira e fazia uma “dança” estranha enquanto falava em uma língua que ele não conhecia, ela jogava plantas no fogo e parecia que seu rosto estava pintado com algo que parecia sangue. O padre olhou para o chão e perto dos pés descalços da mulher, ele viu alguns ratos mortos e abertos. Ele ficou com medo e rapidamente saiu da floresta, logo contou para alguns moradores e como a cidade é pequena, não demorou para todos saberem o que ele viu e ficarem com medo.

  Os moradores estavam com medo de Morgana e a evitavam quando ela ia na cidade. O padre com medo do mal que aquela mulher poderia trazer para aquela cidade, convenceu os moradores que aquela mulher tinha que ser morta, pois só assim poderia acabar com uma bruxa. A população com medo, logo concordaram.

  O medo pode mudar a mente de uma pessoa.

  Morgana estava preparando a janta para ela e a filha, quando ela se deparou com os moradores de aproximando da sua casa, segurando estacas, foices e outras armas enquanto seguravam tochas de fogo. A mulher engoliu em seco com medo, mesmo com as pernas trêmulas, ela pegou sua filha e saíram pela porta do fundo e correrem para a floresta. Morgana sentia galhos de árvores e pedras machucarem seus pés descalços, mas mesmo assim continua a correr como se sua vida dependesse daquilo e na verdade dependia mesmo.

  Contudo, mais moradores vinham de outra direção, para assim ela não ter a chance de fugir.

  Morgana foi capturada e teve sua filha arrancada de seus braços. Ela era arrastada aos gritos pela floresta até o centro da cidade. Os olhos da mulher arregalaram ao ver o que tinha na praça da cidade. Uma pira de madeira, algo semelhante ao que usaram séculos atrás para queimar bruxas vivas. Morgana gritava pedindo por misericórdia, dizia não ser bruxa e que eles estavam enganados. Ela chorava tentando se soltar das mãos dos moradores, mais era em vão. Morgana já sabia qual era o seu destino. Então Morgana ouviu um grito que destruiu seu coração, ela se virou para a direção da voz da sua pequena filha, a cena que ela viu acabou com tudo dentro de si. A pequena filha de Morgana era queimada viva, a pobre criança indefesa gritava chamando pela sua mãe. Morgana se debateu ainda mais tentando sair das mãos que a seguravam, e mais uma vez foi em vão. Morgana gritava que sua filha era inocente, para deixarem ela viva enquanto lágrimas rolavam desenfreadas por seu rosto. O cheiro de pele queimada chegava às narinas da pobre mulher fazendo seu coração se partir ainda mais e ela sabia que já era tarde, não tinha mais o que fazer.

  Já não ouvia mais a voz da sua filha, a única coisa que Morgana ouvia no meio da gritaria dos moradores, era o crepitar do jogo no corpo já sem vida da sua filha. Ela desistiu, Morgana desistiu de tentar fugir e aceitou seu destino. Já não tinha motivos para viver. Ela foi arrastada até o poste onde vou amarrada. A mulher olhava para aquelas pessoas que gritavam para a ver queimar e uma raiva lhe consumiu. Morgana era ódio puro por aqueles moradores e aquela cidade. Seu ódio maior era no padre que a olhava sorrindo de orelha a orelha, feliz por ver a brutalidade que ocorria na sua frente. Para ele bruxas não era humanas e sim criaturas do mal. Morgana sentiu o fogo ser acendido e logo sentiu fogo na barra do seu vestido e nos pés. Fumava começava a tapar sua visão, mas ela olhava para apenas uma pessoa, o padre. Em seu olhar ela jurava vingança. E quando ela disse que iria se vingar olhando para ele, o sorriso do homem logo se desfez de medo. Não demorou muito e Morgana foi queimada. O padre com medo dela voltar, disse para os moradores colocarem o resto do corpo em um caixão e cercar com correntes e construir um mausoléu bem protegido.

  Aquela era a lenda que rondava por aquela pequena cidade e o mausoléu existia, e as vezes jovens se aventuravam tentando entrar nele. Jonas engoliu em seco de medo. Medo daquela lenda ser real e a bruxa acordar naquela noite, pois no dia 31 de outubro, era a data da morte dela.

  — Não coloque medo no garoto, Lourene, olha só como ele tá se borrando de medo — zombou Peter.

  — Não tô me bo-borrando — Jonas tentou se defender, mas sua voz trêmula dizia que Peter tinha razão.

  — Que tal brincarmos de verdade ou desafio? — Vivian propus fazendo os jovens toparem na hora.

  Jonas não tinha escolha e aceitou, logo ficou animado, pois se a garrafa caísse em uma das líderes de torcida que estão na roda, e se alguma delas escolhesse desafio, ele já sabia o que iria desafiar. Jonas estava confiante que naquela noite iria perder o BV.

  A garrafa girou várias vezes. Os desafios propostos na maioria envolvia beijos ou tirar roupas, dificilmente alguém escolhia verdade, ninguém queria revelar alguém segredo. Quando a garrafa girou e parou em Jonas, ele engoliu em seco ao encarar o sorriso diabólico de Lourene.

  — Verdade ou desafio, quatro olhos?

  Jonas secou a mão suada na calça jeans enquanto pensava, se ele escolhesse verdade, com certeza a pergunta seria algo constrangedor. Então mesmo hesitante ele escolheu:

  — Desafio.

  O sorriso de Lourene aumentou ainda mais, ela trocou sorrisos maldosos com Peter e August.

  — Te desafio entrar no túmulo da bruxa.

  Um coro de risadas e surpresa ecoou naquela roda. Todos os olhares caíram em Jonas que queria abrir um buraco e se enfiar. Ele já estava com medo da lenda, e entrar no túmulo, só o deixou a ponto de ter um ataque de tanto medo. O pior, com todos aqueles olhares em cima dele, Jonas não poderia negar. Se não seria ainda mais zuado na escola.

  — Desafio aceito — ele murmurou contra a vontade. Ele já estava se arrependendo de ter ido naquela festa. Os jovens ficaram animadas e dizia como o Jonas era louco de aceitar.

  — Nós iremos com você para termos certeza que irá cumprir o desafio — August disse e Peter confirmou com a cabeça.

  Logo aqueles jovens estavam indo para o cemitério. August, Peter, Lourene, Vivian e Jonas. Enquanto os populares estavam animados, Jonas estava tremendo de tanto medo. Assim que entraram no cemitério, os jovens acenderam suas lanternas devido à pouca luz no local. Caminharam entre os túmulos sem medo, só o Jonas que olhava sempre em volto para ter certeza que ninguém irá aparecer. Assim que pararam em frente ao mausoléu, Jonas encolheu em seco enquanto Peter foi abrir a corrente que prendia a porta com um alicate.

  Isso não é uma boa ideia, Jonas pensava.

  — Não podemos trocar de desafio? — Perguntou Jonas.

  — Vai arregar agora, quatro olhos? — Questionou Lourene.

  — Achei que fosse mais corajoso — disse August.

  Jonas não era nada corajoso, ele sabia disso.

  — Consegui! — Afirmou Peter mostrando a porta aberta. — Damas primeiro, quatro olhos — zombou.

  Jonas engoliu em seco e foi até Peter. Ele estava determinado a cumprir esse desafio logo e poder ir para casa. Jonas só não esperava que ao entrar no mausoléu Peter iria fechar a porta.

  — Peter? — Jonas chamou ele enquanto empurrava a porta. — Eu já cumpri o desafio, abram isso! — Exclamou batendo na porta e só ouvi risadas do outro lado.

  — Durma bem Jonas, cuidado com a bruxa — disse Peter entre os risos.

  — Durmam de conchinha, assim não irá passar frio — zombou Lourene.

  — E use camisinha! — Vivian Exclamou gargalhando longo em seguida.

  — Não, não, não, isso não pode estar acontecendo — murmurava Jonas chutando a porta, mas nada dela abrir.

  — Já chega disso, abram essa porta! — Ele pediu mais uma vez e como não ouviu nada do outro lado, só indicava que ele estava sozinho.

  Jonas iluminou com a lanterna os cantos daquele lugar em busca de outra saída. Mas assim que ele iluminou o caixão, deixou a lanterna cair de tanto que sua mão tremia e suas pernas não paravam quietas. Ele sentia seja olhos arregalados e sua boca seca de medo. O caixão estava aberta e as correntes quebradas.

  — Me tirem daqui! Peter! — Ele gritou desesperado batendo e chutando a porta.

  Mas seus movimentos pararam quando a porta abriu sozinha e não tinha ninguém do outro lado. Jonas tentando respirar juntos para ver se sua respiração se controla cada e o sentia o coração bater acelerado sob o peito. Ele pegou a lanterna e rapidamente saiu do mausoléu e correu para longe. Porém ele não foi muito longe ao ouvir a voz do Peter.

  — Jonas? Como você saiu? — Peter perguntou confuso.

  — Não foram vocês? — Jonas perguntou olhando para os populares que olhavam confusos para ele.

  — Não Jonas, não iríamos te soltar hoje — esclareceu Lourene olhando em volta confusa, afinal eles estavam juntos e ninguém soltou Jonas.

  — Se não foram vocês, quem foi que me soltou? — Questionou Jonas assustado e a qualquer momento ele iria de fato se borrar nas calças.

  O clima naquela noite não estava tão frio, de repente a temperatura caiu drasticamente.

  — Mas que merda de frio é esse? — Murmurou August abraçando os próprios braços.

  Um frio estranho inundou aquele lugar, junto com uma sensação estranha. Todo aquele cenário só deixou os jovens com mais medo.

  — Jonas já cumpriu seu desafio, vamos embora daqui — Vivian disse se afastando do grupo, ela não diria, mas estava com medo.

  Vivian deu alguns passos e parou quando percebeu que não ouviu mais nenhum passo junto aos dela. A loira olhou por cima do ombro pronto para mandar eles andarem rápido, contudo, ela não encontrou ninguém. Olhou em volta e não encontrou nenhum dos seus amigos.

  — Lou! Peter! August! — Ela gritava por seus amigos enquanto caminhava sem saber para onde estava indo.

  — Cadê vocês? Parem de palhaçada e apareçam logo! — Ela continua chamando por eles, mas ninguém respondeu.

  Vivian já estava começando a ficar desesperada. Ela sentia suas pernas tremerem e nem sabia como ainda estava andando. Se fosse uma brincadeira, ela jurou para si mesma nunca mais falar com nenhum deles. Vivian começou a correr entre os túmulos, mas nada de encontrar os amigos, até que ela sentiu algo na sua panturrilha que a fez cair de cara no chão de terra, Vivian sentiu um aperto que a fez olhar para o pé. Só se ouviu seu grito naquele lugar silencioso. Uma mão saindo do chão segurava seu tornozelo e a puxava para baixo. Vivian tentava se soltar daquela mão e cravava as unhas na terra tentando puxar seu corpo para frente, contudo mais mãos a puxavam para terra, ela lutava para tentar escapar enquanto chorava e gritava por ajuda, mas foi em vão. Logo Vivian era engolida pela terra sendo levada pelas mãos de mortos.

  — Ah! — Gritou Lourene ao ver o corpo de Vivian paralisado na sua frente e sangue saindo dos seus olhos sem vida.

  — Que merda é essa? — Questionou Peter horrorizado

  — Porra! — Exclamou assustado August.

  Os jovens estavam juntos e do nada Vivian paralisou, seu olhos começaram a virar até virarem totalmente brancos, logo depois sangue começou a escorrer deles. Marcas começaram a surgir na pele de Vivian como se sua pele estivesse queimando de dentro para fora. Suas roupas caras de grife caíram de seu corpo que começava a derreter, seus olhos escorriam pelas bochechas que já apareciam os ossos.

  Lourene vomitou ao ver a amiga morrendo daquela forma bizarra, enquanto os outros choravam desesperados não entendendo que estava acontecendo. Jonas não conseguia parar de tremer, mas ele sabia que eles não poderiam ficar ali.

  — Vamos sair daqui, rápido! — Gritou ele, se virando e correndo daqui e quando ouviu passos, sabia que os outros estavam vindo atrás.

  — O que tá acontecendo aqui? — Murmurou Lourene enquanto corria.

  — Eu não sei — murmurou Jonas.

  — Como a Vivian pode ter morrido daquela forma? Aquilo não foi humano! — Disse Peter.

  — Vo-vocês falaram que hoje a bruxa iria sair e ainda abriram o túmulo. Vocês liberaram ela! — Gritou Jonas. — Vivian morreu por culpa de vocês!

  — Sério garoto? Uma bruxa? Aquilo que contamos é só uma lenda — argumentou Lourene.

  — O túmulo estava aberto — respondeu Jonas, fazendo os outros pararem de correr.

  — Tava aberto? — Perguntou Peter com as sobrancelhas enrugadas.

  — Sim.

  — Isso não pode tá acontecendo — murmurou August com a mão na cabeça andando se um lado para o outro.

  — Vamos sair daqui logo? Lenda ou não, eu não quero mais ficar um minuto aqui dentro — disse Lourene entre o choro.

  Os jovens continuaram correndo. Peter ouviu um som e parou, ele olhou para o lado e encontrou olhos brilhantes que olhavam para ele. De repente ele não conseguia mais respirar, pois sentia uma mão apertar seu pescoço, uma mão invisível. Ele se debatia para se soltar, mas foi em vão. Os seus amigos não viram mais o amigo correndo atrás deles, pararam e olharam para trás encontrando Peter levitando parecendo se debater. Eles viram o momento em que o corpo de Peter era virado de ponta cabeça e com tudo seu corpo foi jogado a encontro ao chão fazendo seu corpo se quebrar tudo e seus amigos gritavam apavorados.

  Então eles a viram. Morgana andava lentamente até eles, seu corpo todo queimado e com roupas rasgadas. O cheiro de sangue e carne queimado era muito forte. No lugar que tinha que haver olhos, não tinha nada, eram buracos fundos e escuros, sem vida.

  Os jovens rapidamente se viraram para correr, porém não foram muito longe quando August caiu e foi puxado na direção da bruxa, ele cravava as unhas no chão tentando se salvar.

  — Não! August! — Lourene gritava pelo namorado em meio ao choro. Ela correu até ele segurando suas mãos e tentando puxa-lo, mas ela não tinha forças.

  — Corre Lourene! Saiu daqui! — August gritou e Lourene mesmo não querendo o soltou.

  A bruxa segurou Peter pelo pescoço de frente para ela. Peter tinha medo de palhaços, ele estava num afasto no lugar desconhecido. Peter corria mais não saia do lugar, ele ficou desesperado ao ver vindo atrás dele um palhaço todo deformado, cheio de sangue e com um facão. Logo apareceu mais em dia frente, e mais outro e mais outro. Eles caminhavam lentamente até August que chorava e gritava tentando sair do lugar, mas não conseguia. Os palhaços assassinos com seus facões e foices picotaram August o matando.

  Entretanto, o que Lourene e Jonas viram foi August ter seu corpo todo entortado fazendo seus ossos quebrarem e espirrar sangue em Lourene que ainda estava próxima a eles. Jonas puxou o braço para garota para se levantar e correrem dali, Lourene mesmo hesitante foi. Lourene e Jonas correram e correram tentando escapar da bruxa. Assim que suas pernas já não aguentavam mais correr e fôlego os faltava, Jonas e Lourene pararam para respirar. Jonas estava inclinado com as mãos nos joelhos enquanto recuperava o fôlego, ele sentia que a qualquer momento iria vomitar, já Lourene estava sentava no chão chorando sem parar. Jonas se virou para ela o fazendo gritar pelo susto e andar para trás rapidamente, Lourene viu sua reação e sentia seu coração acelerado de medo, ela já sabia quem iria encontrar ao olhar para trás, pois sentia sua presença. Lentamente Lourene se virou para trás encontrando Morgana a olhando. Lourene se virou e se afastou tentando fugir da bruxa, mas era em vão.

  Morgana levantou Lourene pelos cabelos até ela ficar de pé e suas mãos deslizaram pelo rosto da mais jovem, Lourene já sabia qual era seu destino, nem adiantava lutar. Os dedos queimados de Morgana chegaram a cabeça da garota onde a bruxa começou a espremer fazendo Lourene gritar de dor. Não demorou muito e a cabeça da jovem explodiu fazendo sangue e pedaços de carne sujarem a bruxa e Jonas que presenciou tudo horrorizado. E ele correu, Jonas sabia que era o próximo. Jonas se escondeu atrás de uma árvore tentando controlar a respiração para não fazer barulho.

O jovem ficou em completo silêncio tapando a boca enquanto chorava. Jonas se arrepiou por inteiro ao sentir uma respiração gelada em seu pescoço esquerdo, o fazendo virar para olhar e não encontrou ninguém. Logo sentiu a respiração do outro lado o fazendo virar a cabeça, e também não encontrou. Ao virar seu olhar para frente, encontrou Morgana na sua frente o encarando.

  — Por favor, tenha misericórdia — pediu chorando. — Não me mate!

  Morgana inclinou a cabeça o olhando. O cheiro forte de pele queimada e sangue fazia o estômago se Jonas embrulhar ainda mais. O jovem fechou os olhos com força pensando no irmão e na família que o esperava. Morgana levou seu braço até o pescoço do jovem, pela primeira e última vez aquela noite Morgana teve piedade, ela levitou Jonas e o jogou conta a árvore do outro lado, Jonas sentiu uma dor terrível ouvindo seus ossos quebrarem. Jonas abriu os olhos e viu Morgana caminhando em direção a saída do cemitério em direção a cidade. Ele sabia que ela iria matar quem aparecesse em sua frente e iria acabar com os descendentes do padre. Naquela noite ela iria se vingar. Foi a última coisa que ele viu antes de cair na escuridão.

  Esses jovens não sabiam que estariam no lugar errado e na hora errada.


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