Broken Pieces•𝘯𝘰𝘢𝘳𝘵

28|Aula de biologia

Sina Deinert

Eu nunca te contei mas eu estava me apaixonando.

Eu e Noah almoçamos, e depois decidimos jogar cartas. Ele perdeu quase todas as vezes.

-Onde diabos você aprendeu a jogar assim?

Eu abri um sorriso meigo, e a expressão dele se iluminou.

-Meu irmão mais velho é tão competitivo quanto eu. Passamos a adolescência inteira apostando. Vocês dois se dariam bem.

Noah ergueu as sobrancelhas.

-Por que acha isso?

Eu dei de ombros.

-Ele gosta de pessoas que o desafiam, seja intelectual ou fisicamente. Você serviria.

Ele revirou os olhos.

-Mas quando ele perguntasse o que eu faço, eu teria que mentir.

Eu suspirei, desviando o olhar.

-Como isso começou? Sua família, quero dizer. Por que vocês estão envolvidos no seio das maiores chancinas e gangues do mundo?

Noah reprimiu os lábios e se deitou no carpete, espalhando as cartas e encarando o teto.

- Papai foi preso injustamente, e o irmão dele precisava tira-lo da prisão antes que ele fosse para o corredor da morte. Existem coisas que só quem da máfia consegue fazer e favores que você paga é da máfia consegue fazer, e favores que você paga com muito mais do que apenas sua vida. - Eu o encarei, seu maxilar forte desviando minha atenção por alguns momentos. - Papai saiu da prisão e começou a trabalhar para um cara, Valbuena. Acontece que Marco Urrea era muito bom. Ele mentia perfeitamente, matava sem remorsos e torturava com prazer. Não demorou muito para criar o próprio grupo.Em trinta anos, meu pai se tornou um alvo internacional nas delegacias, o rei de um negócio. perigoso e mortal, se casou, teve três filhos, nos ensinou a ter o sangue mais frio que o dele e se aposentou. Eu, Josh e Sabina nunca tivemos escolha. Papai não nos deu esse tipo de regalia.

De repente, me senti muito mal por insinuar o tempo todo que Noah era mimado, e não pensava na consequência de suas ações. Pela primeira vez, comecei a perceber o peso da profissão que ele levava. As vidas que estavam em suas mãos.

E entendi também que comigo ele era diferente. Era brincalhão, pedia desculpas e se preocupava muito. Sempre me dava meu espaço. Ele não só me respeitava, mas fazia questão que eu sempre tivesse uma escolha. E era gentil.

Eu o encarei, suspirando.

Quanto mais eu o conhecia, mas difícil era odia-lo. Mais difícil era pensar com clareza, me lembrar de que ele era um...assassino.

-E se vocês quisessem sair?

Eu perguntei, com medo da resposta.

Noah suspirou, e desviou o olhar do meu.

-Josh e Sabina podem. Eu, não. Sou o filho mais velho. O herdeiro. Alguém precisa continuar o reinado dos Urreas.

Me deitei ao lado dele no carpete, nossos braços se tocando.

-Sabina fez a coisa certa, Noah.

Ele assentiu, soltando uma respiração profunda.

-Eu sei. É só que, não gosto muito daquele namorado dela. Mas eu sei que ela tem o direito de deixar toda essa merda para trás, e fico feliz que ela tenha feito isso. Só não queria que fosse com aquele...

Eu coloquei minha mão sobre a dele.

-Você é o irmão super protetor e ciumento. Eu sei. Não precisa dizer mais nada.