32|Vestiário

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Sina Deinert

Como é possível?Como é possível que esteja tão perto de você e ainda me mata o fato de você estar longe?

×+×

"Como" ficava na fronteira entre Itália e Áustria, e não foram precisas mais de três horas de viagem para estarmos em um novo país.

Só existia um pequeno problema: eu e Noah precisávamos arranjar um hotel que permitisse a entrada de animais.

Depois de rodar, e rodar, e rodar, e rodar, finalmente achamos um lugar. Parecia mais uma casa de família, na verdade.

Noah saiu do carro, levando Angel, e eu fui atrás dos dois. Entramos pela porta dupla, que dava para uma sala de estar ampla e aconchegante. Um casal, em seus cinquenta e poucos anos, veio até nós com sorrisos amigáveis.

-Boa tarde, imagino que vocês queiram um quarto? - O homem disse, em inglês.

Nós assentimos, e Noah apontou para o cachorro.

-Ele também, mas aparentemente nenhum hotel aqui aceita animais.

A mulher se adiantou, e começou a acariciar o pelo do cachorro gigante.

-Nós somos uma pousada familiar e aceitamos, queridos. Temos um quintal gigante nos fundos, e dois quartos vagos. Lorenzo pode mostrar para vocês.

Noah abriu um sorriso simples, sem mostrar os dentes, e o homem estendeu a mão enquanto a esposa levava Angel até a parte de trás da casa.

-Sou o Lorenzo, e aquela é Ana, minha mulher. Ele nos olhou com expectativa.

Eu me adiantei, repetindo a mentira falsa que contava há quase dois meses.

-Sina Deinert e esse é Noah, meu noivo.

Duas mãos fortes apertaram minha cintura e me puxaram para perto, com certa possessividade bem-vinda, e eu me recostei no peito dele.

-Ah, a juventude! Que época maravilhosa, sem dúvidas. Aproveitem da melhor forma possível, é que vocês me entendem. - Lorenzo disse sorrindo e deu uma piscadinha, depois se virou começou a subir as escadas.

Atrás de mim Noah se inclinou para sussurrar meu ouvido.

-Você ouviu ele, não ouviu?

Eu sorri e lhe dei uma cotovelada de leve.

-Cale a boca, vamos subir logo.

Subimos rindo, de mãos dadas, como se fossemos mesmo o casal feliz que parecíamos. E, por um momento, me permiti pensar como seria bom poder chamar Noah de "meu", e poder discutir com ele e beija-lo quando quisesse. Como seria bom poder andar de mãos dadas sem me sentir culpada, ou uma aproveitadora.

A verdade é que, nessas seis semanas- quase sete eu me acostumei a vida agitada e perigosa da máfia. Me acostumei aos seguranças, me acostumei a ter sempre Josh por perto. E me acostumei, principalmente, com Noah.

E, de repente, me peguei pensando: e se? E se eu ficasse? E se eu cedesse de vez, deixasse as barreiras caírem? E se admitisse para Noah que toda aquela besteira sobre o amor não existie e oxitocina era apenas isso, besteira? E. Se?

-Amor?

A voz grossa -meu som favorito no mundo murmurou, e eu percebi que já estávamos no quarto, sozinhos, e que eu estava divagando.

- Oi...Oi, desculpe. O que você disse?

Ele abriu um sorriso encantador, e me puxou para o banheiro, onde um espelho gigantesco refletia nosso reflexo. E, ual...

Broken Pieces•𝘯𝘰𝘢𝘳𝘵Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ