36|As mortes-Parte 1

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Sina Deinert

Tínhamos um plano. Um plano arriscado, com muitas possibilidades de falha. Um plano pensado e repensado com a ajuda dos pais de Noah, de Josh, minha, e de outros homens confiáveis.

Um plano que, se desse errado, poderia matar Noah e Josh.

Um plano que, se desse certo, tiraria de vez a família Urrea da máfia italiana, e lhes permitiria uma vida normal, pela primeira vez em décadas.

E a maior parte do tal plano dependia de mim.

Eu não precisava nem dizer o quão nervosa eu estava, certo?

Eu encarei Noah. Estávamos em seu escritório, de volta aos Estados Unidos. O escritório em que selamos o acordo que mudaria minha vida. O escritório, que era o lugar onde eu havia sentido atração pelo meu italiano pela primeira vez.

De onde Noah estava, encostado na quina da mesa, ele abriu um sorrisinho leve.

-Eu não vinha aqui desde que te conheci.

Eu assenti e abaixei os olhos.

-No começo, você me quis porque planejava uma vingança contra os Rossi, queria acabar com o império deles. - Noah ficou quieto, e eu continuei. - E agora eu posso matar todos vocês, com um único erro.

Ele suspirou e suas mãos grandes apertaram minha cintura e me trouxeram para perto dele.

-Você pode libertar todos nós, se tudo der certo. E vai,querida. As coisas vão funcionar. Confie em mim, hum? - Eu enterrei a cabeça no peito dele e respirei fundo, sentindo seu cheiro, e desejando que não fosse a última vez. - E, eu deveria te contar, eu não te quis só pelos Rossi.

Eu me afastei um pouquinho, franzindo as sobrancelhas.

-Não? Então por que você me quis?

Ele sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

-Primeiro, eu fiquei completamente hipnotizado por você. Sua voz, sua ousadia, sua inteligência. Não me entenda mal, eu também gostei do seu corpo, mas eu cresci em meio a mulheres bonitas. Agora, você...- Ele encostou a testa na minha. - Você tinha algo, amor. Quando eu te conheci eu soube. Você tinha algo, e eu precisava descobrir o que esse algo que me deixava louco- era. Então juntei o útil com o agradável, e tandã! Tínhamos um acordo. Eu peguei sua mão e entrelacei com a minha.

-Você me faz querer viver, Noah. Antes de você, antes da máfia, antes disso tudo...Eu passava meus dias no piloto automático. Não tinha amigos de verdade, mal falava com minha família, e meu trabalho era só o que pagava minhas contas. Eu não conseguia nem ter inspiração para fazer o que eu mais gosto na vida: escrever. E então eu te conheci. Conheci você e essa avalanche de emoções que vieram junto, e de repente eu soube...O que eu precisava estava aqui dentro. Talvez fosse você, ou talvez outra coisa, mas eu sabia que estava aqui. Por isso não resisti, por isso selei o nosso acordo, por isso aceitei tudo numa boa. Porque eu sabia...- Eu beijei sua mão. - Que o que traria de volta o oxigênio aos meus pulmões estava perto.

Meu italiano engoliu em seco, emocionado.

-Você nunca diz essas coisas fofas...- Ele murmurou, e eu dei uma risadinha.

-O que posso dizer? Você está me influenciando.

Ele sorriu e me beijou, devagar, com amor.

-Obrigado,querida. Obrigado por ter visto o que quer que seja em mim, e obrigado por ter ficado.

-Eu te amo italiano.- Disse, sorrindo, os olhos lacrimejando.

-Eu te amo alemã.

E com um último beijo, nos afastamos e saímos em direção ao nosso futuro.

Broken Pieces•𝘯𝘰𝘢𝘳𝘵Where stories live. Discover now