Cosa Nostra • Taekook

Capítulo 23

Os olhinhos de Jungkook se abriram com certa dificuldade. Sua cabeça estava pesada e doendo. Olhando em sua volta ele pode notar que havia sido colocado em um dos quartos da casa de praia.

Uma cama grande de frente para uma porta de vidro, dando a visão do imenso e profundo mar. A lua já estava presente no céu, mostrando que a noite já tinha chegado.

Jungkook desviou o olhar para a mesinha ao lado da cama avistando um relógio marcando quase oito e meia.

Levantou da cama cambaleando, sentindo seus ossos fracos e doloridos, parecia que havia sido pisoteado por uma manada de bois.

Caminhou devagar até a porta de vidro, abrindo ela com cuidado e saindo.

A brisa fresca bateu contra seu rosto e seus cabelos. Caminhou sem pressa alguma pela praia, o rosto inchado, os olhos pesados e todo corpo doendo.

Não queria pensar em nada, não queria lembrar de nada e muito menos continuar dando tanto trabalho para Taehyung.

Só queria paz, só queria parar de se sentir daquele jeito.

Só queria que a dor fosse embora.

Quando se afastou um pouco da casa deixou seus joelhos cederem e caiu na areia, abraçando suas pernas perto do peito.

Sentado, deixou que seus olhos se fixassem no mar. Suas ondas vindo e indo, calmas, diferentes de quando chegou. Elas pareciam como Taehyung, uma hora de um jeito e outra de outro jeito totalmente diferente. Mas sempre sabendo como agir.

— Daqui a vinte anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras.

A lembrança de sua fala apareceu em sua mente, como uma martelada dada na cabeça.

Ele fechou os olhos com força, sentindo o bolo na sua garganta.

"— Você sabe que ele se arrepender então tente conversar com ele e quem sabe perdoar."

"— Você sempre teve inveja do amor e do carinho que eu recebi Jungkook, tinha raiva dele por sempre discordar de você, tinha raiva dele por nunca te olhar como um filho, tinha inveja, dele me amar e não amar você."

Jungkook mordeu o lábio, com força. Lembrando das falas de seu irmão.

"— Você não é nada para mim, eu sou órfã e não tenho irmão."

"— Seu assassino."

Assassino...

Ele abriu os olhos deixando uma lágrima escapar.

Assassino? Ele era o assassino de seu pai? Era culpa dele que aquela explosão tivesse acontecido? Foi por sua culpa que tinha perdido seu irmão?

Não sabia a resposta, mas tudo indicava que sim. Que ele era o culpado por tudo aquilo.

Culpado por aceitar que uma desconhecida se torna-se sua amiga.

Culpado por ser sequestrado e espancado.

Culpado por seu irmão discutir com seu pai porque ele não o apoiava em sua decisão.

Culpado por deixar se perder em sua mente e a explosão acontecesse.

E ainda mais culpado por tentar achar um outro culpado e acabar perdendo talvez sua única e verdadeira amiga.

Então, talvez Jaehyun estivesse certo mesmo.

Talvez ele fosse o responsável e o mal de todos ali.

Talvez fosse melhor que não existisse mais, aí assim todos estariam felizes e sem preocupações com nada.