Laços de Sangue e Poder / Vol. 2

Capítulo 37: Eu teria amado você.

Todos olharam na minha direção, antes de desviarem os olhos para Nicolay, que ainda estava quieto, olhando para Lorde Huxley sem qualquer emoção. Ergui os olhos para minha tia, vendo a tensão nos ombros dela enquanto a mesma aguardava a decisão do parceiro sobre aceitar ou não aquilo.

—Aa regras da caça as criaturas das sombras dizem que cada clã deve enviar 5 dos mais fortes vampiros. Está mesmo me pedindo que eu abra mão disso e envie apenas o príncipe para representar o meu clã? —Nicolay curvou os lábios em negação, enquanto soltava uma risada baixa. —Está louco se pensa que irei aceitar isso.

—Ele merece ser punido, você sabe disso. —Lorde Huxley deu de ombros.

—Uma punição equivalente com o crime que ele cometeu. Enviar ele para um vale repleto de criatura das sombras e vampiros, sozinho, é demais para uma simples invasão de território. —Nicolay afirmou, se curvando no trono. —Não pense, Lorde Huxley, que deixarei você pedir qualquer coisa, por mais idiota que seja.

—Meus caros amigos. —Lady Driatanis murmurou. —Vamos tentar ser racionais, que tal? Devo concordar com Lorde Arteryon que está pedindo demais, Lorde Huxley. Acho melhor melhorar a sua proposta de punição.

—Tudo bem. Pode enviar um outro vampiro com ele. Mas... —Ele olhou na direção de Quinn quando ela fez menção de se aproximar de Nicolay para dizer algo. —Qualquer vampiro, exceto a parceira dele.

—Por que não ela? —Nicolay indagou, parecendo realmente curioso.

—Eu conheço a Quinn. Ela era do meu clã. Sei o quanto ela é uma caçadora excepcional. —Lorde Huxley deu de ombros, olhando pra Quinn com um interesse que fez meu sangue esquentar.

Senti ela apertar minha mão e acariciar o laço, como se quisesse dizer que estava tudo bem. Mas aquilo estava longe de estar bem. Queria que ele parasse de olhar pra ela daquele jeito. O que quer que Quinn tivesse sido no clã dele, era passado.

—Não. —Olhei para Nicolay, sendo pego de surpresa pela resposta ele. —O príncipe e mais dois vampiros. É o que eu acho aceitável.

—Está facilitando demais pra ele. —Lorde Huxley provocou, fazendo Nicolay soltar um suspiro pesado.

—Ele é do meu clã, certo? Errado seria se eu não me importasse com ele. —Afirmou, fazendo Lorde Huxley revirar os olhos. —O príncipe e mais dois vampiros. Todos de acordo?

—Qualquer outro vampiro, menos a parceira dele. —Lorde Huxley lembrou, enquanto Nicolay enrugava os lábios em resignação e por fim assentia. Mas por trás da máscara de falsa reprovação, eu podia ver um brilho malicioso nos olhos de Nicolay, como se aquela proposta envolvesse muito mais. —Então eu aceito.

—Ah, que bom. Eu já estava começando a achar que não chegaríamos a um consenso. —Lorde LaRue ficou de pé. —Acabamos por aqui? Tenho coisas mais importantes pra fazer.

—Você está livre para ir, Lorde LaRue. —Lady Driatanis ficou de pé, segurando a mão da esposa e da parceira. —Irei me retirar também. Vejo todos vocês na abertura da caça as criaturas das sombras.

Em um piscar de olhos, o Clã Driatanis e o Clã LaRue se retiraram. Lorde Huxley desapareceu logo depois, deixando um rastro de satisfação e provocação para trás. Me virei para Quinn, vendo a tensão e preocupação nos olhos dela. Mas se eu teria que enfrentar aquilo para conseguir ter minha eternidade em paz ao lado dela, faria.

—Vai ficar tudo bem. Vão ter dois vampiros comigo, Quinn. —Murmurei, erguendo a mão dela e beijando seus dedos. —Não tem com que se preocupar.

—Eu conheço esse evento, Will. Já participei uma vez e iria participar de novo esse ano. Sei o quanto não é tão simples e fácil quanto parece. —Afirmou, tocando meu rosto. —Queria ir com você.

—Sobre isso... —Nicolay ficou de pé, olhando na nossa direção, enquanto passava o braço ao redor da cintura da minha tia. —Já sei quem vai com ele. Não precisa se preocupar com nada. Podemos não ganhar, mas também não iremos perder nenhum vampiro.

—Quem vai, Nicolay? —Kyara indagou, antes de ficar tensa com a aproximação de Lorde Veliant atrás dela.

—Kyara? —Chamou, enquanto todos ficavam em silêncio e olhavam para a expressão intensa dela ao se virar pra ele e abrir um sorriso.

—Lorde Veliant. —Ela acenou com a cabeça. —Estava um pouco silencioso dessa vez. Tem sempre tanto a dizer.

—Além de ficar rindo nos momentos tensos. —Nicolay completou, fazendo alguns vampiros ali rirem. Mas Lorde Veliant continuou sério, parecendo estranhamente tenso e sem jeito.

—O que foi? —Kyara indagou, fazendo uma careta. —Eu ia enviar uma mensagem a você hoje. Queria dizer que pensei nas suas últimas propostas insistentes e...

—Kyara. —Ele falou, fazendo ela ficar em silêncio.

Um silêncio estranho ficou no ar, seguido pelo sorriso de Kyara que começou a desaparecer. Por algum motivo, todos nós nos afastamos o suficiente para darmos privacidade a eles, apesar de ainda podermos ouvir o que viria a seguir.

—Eu encontrei minha parceira. —Soltou, muito baixinho, enquanto Kyara exibia uma expressão impassível. Quinn soltou um som abafado com a boca, enquanto minha tia se encolhia ao lado de Nicolay. Mas diferente de qualquer um de nós, Kyara não exibiu nenhuma emoção. —Você ouviu? Eu encontrei minha parceira.

—Sim, eu ouvi. —Ela afirmou, erguendo o queixo, com os lábios tremendo no primeiro sinal de emoção, antes de desaparecer de novo. —Meus parabéns.

Ele olhou pra ela por longos segundos, parecendo esperar por qualquer emoção que fosse. Mas Kyara continuava ali, olhando pra ele com os lábios perfeitamente retos e os olhos simples e indiferentes.

—Eu sinto muito. Fui pego de surpresa no dia de ontem. Queria contar a você primeiro, antes de avisar os outros lordes vampiros. —Lorde Veliant prosseguiu, parecendo tentar arrancar qualquer palavra dela. —Kyara, eu sinto muito. Pedi para que fosse minha esposa tantas vezes.

—E eu não aceitei exatamente por isso. —Os lábios dela se curvavam na sombra de um sorriso. —Eu estava certa em negar todos os seus pedidos, afinal.

—Não, não estava. Ainda teríamos tido um tempo juntos. Eu teria dado tudo a você. —Ele se aproximou dela, segurando suas mãos, enquanto Kyara desviava os olhos, preferindo fitar a parede a ele. —Kyara, diga alguma coisa. Não quero que isso termine estranho entre nós.

—Não tenho nada a dizer. Você já me contou, agora pode avisar os outros lordes. —Ela puxou as mãos para longe dele. —Se já terminou o que veio dizer, podemos todos partir para casa agora.

—Kyara... —Ela deu um passo para vir na nossa direção, hesitante em olhar pra ele uma última vez. Mas fez, erguendo os olhos e o fitando com os lábios espremidos na tentativa de conter as palavras não ditas. —Quero que saiba... que se eu pudesse, em toda a minha eternidade, eu teria amado você. E eu sei que você teria me amado de volta.

Continua...