Não minta para si mesma

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O trânsito da noite estava tranquilo e nossa conversa calma, mas meu coração acelerado. Nunca havia ido na casa de um homem no primeiro encontro e nem mesmo sabia se era uma decisão certa.

Ele entrou em uma garagem de um grande arranha-céu no bairro mais caro da cidade.

- Venha - ele estendeu a mão para me ajudar a descer do carro.

- Obrigada.

Ficamos em silêncio, um pequeno desconforto parecia nascer entre nós, era nervosismo, um dos clássicos medos de cometer um erro e causar uma impressão terrível.

Entramos no elevador e ele encostou as costas no vidro panorâmico.

- A vista daqui é linda - cheguei perto dele, mas olhava para fora, enquanto ele olhava para a porta do elevador, se virando apenas quando eu recitei tal frase.

- Em noites como essa a cidade fica ainda mais charmosa - ele ficou tão perto que novamente foquei apenas em seu perfume.

As portas do elevador se abriram diretamente em uma sala de estar. Esse elevador, ao que parecia, pertencia apenas ao apartamento de Albert, que era situado na cobertura.

- Seja bem-vinda - ele estendeu o braço para que eu passasse em sua frente.

Olhei para aquele ambiente gigantesco. Os sofás todos em preto, as paredes em cor creme e em alguns espaços com madeira da mesma cor, janelas que iam do chão ao teto davam vista a beleza da cidade de Londres, um tapete gigante e macio na cor cinza e alguns objetos decorativos. Era o epítome do luxo.

- Sério? - girei nos meus próprios calcanhares para poder o ver.

Ele me observava cauteloso esperando por uma reação.

- Não gostou? - questionou angustiado.

- Tá brincando? - ri - Este lugar é magnífico! Eu quero mesmo ser sua colega de quarto agora - brinquei.

Ele riu baixo.

- Que bom que gostou. Posso te servir uma bebida?

- Não sei... - fiquei receosa - Amanhã tenho compromissos logo cedo.

- Um refri? - sugeriu.

- Pode ser - sorri.

- Do que você gosta? - começou a andar para algum ambiente diferente do que eu estava.

- Coca-cola - respondi decidida.

Não ouvi ele responder, talvez já estivesse longe demais.

Dei uma passeada pela sala olhando umas fotos em cima de uma bancada. Fotos em viagens, de quando ele era menor com seus pais, dele com alguns amigos na faculdade, dele velejando, jogando tênis com o que devia ser algum outro familiar seu, mais velho.

- Aqui está - ele estendeu um copo em minha direção com a bebida que eu havia pedido. Ele, por sua vez, bebia vinho.

- Você gosta de velejar? - apontei para a foto.

- Ah, sim - assentiu - Faço isso desde adolescente. Minha mãe quem me ensinou.

- Sua mãe? - me surpreendi, pensava que eram mais os homens que gostavam de tal esporte.

- Sim - sorriu pegando o porta retrato nas mãos - Ela é muito boa nisso. Bem melhor que eu.

- O que mais você gosta de fazer além de velejar e jogar tênis?

Ele colocou o porta retrato no lugar e me puxou pela mão até o sofá, sentando voltado para mim e o braço estendido atrás do meu corpo.

- Gosto de jogar Polo, nadar, esquiar... - suspirou olhando para um ponto fixo e distante de mim - Não sei, de várias coisas. E você, do que gosta?

Império de LágrimasOù les histoires vivent. Découvrez maintenant