Capítulo 4

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O rapaz não muito alto atravessou os imensos portões da mansão abandonada, porém muito bem cuidada, e trancou-os logo após. Tirou os óculos escuros que usava e o colocou na blusa, caminhando em direção a porta principal da mansão.
Tinha problemas para resolver. Muitos problemas e, um deles, era o nosso famoso Harry Styles. Mas isso não vem ao caso agora.

— Achei que não viria mais — um dos homens presentes soltou uma risada fraca e colocou o charuto entre os lábios novamente, sugando-o com vontade.

O outro mordeu o lábio.

— Achou que eu não viria? — revirou os olhos e o mais velho, do charuto, dera uma risada fraca.

— Falhamos de novo...

— Não — o mais velho soltou o charuto e se levantou. — Você falhou de novo.

— Olha, Senhor... — rapaz começou nervoso, porém um grande barulho naquela sala o fizera calar a boca. Outro homem adentraram o lugar.

— Por que diabos aquele policial de merda ainda está vivo? — perguntou, bufando.

— Os caras falharam de novo. Dois deles morreram, os outros dois estão presos — respondeu o rapaz mais novo.

— Você disse que eles não falhariam mais — disse entre os dentes o homem que  aparentava ter, pelo menos, uns trinta e dois anos.

— Eles me garantiram que não iam falhar mais — rebateu o mais novo de todos. — Garanto que se os outros que temos não fizerem direito, eu mesmo acabo com o policial.

— Assim espero, meu jovem — respondeu o mais velho de todos, sentando-se novamente e puxando seu charuto.

Os mais velhos começaram a conversar de coisas inúteis — ao os ouvidos do mais novo, é claro — num canto da sala. O mais novo sentou-se em uma poltrona quialquer e encarou o nada.
Sentia-se arrependido às vezes.
Só às vezes.
Owen Mangor não precisava daquilo tudo. Muito menos Paul. Mas era necessário.
Flashes passeavam por sua cabeça.

Hora de dar tchau, senhora Mangorele murmurou.

Balançou a cabeça negativamente querendo afastar aquilo. Ele... não tinha culpa. Seria perdoado depois... Não seria?
E mais um flash se passou.

Não... Você não pode fazer isso... — Paul gritou para o homem que já conhecia há meses.

— Eu posso e vou — murmurou o rapaz que segurava a faca firmemente.

— Pensando no que fizera, meu Jovem? — perguntou um dos homens sentando-se em seu lado fazendo-o se assustar um pouco.

— Sim — respondeu com um sorriso no canto dos lábios. — E não me arrependo — se apressou em responder.

— Você é forte — o homem sorriu. — E isso te faz diferente dos outros que já passaram por aqui e desistiram antes de chegar ao fim. Você não — ele abriu mais seu sorriso. — Gosto de você, jovem.

— Que bom — ele murmurou sem jeito.

Sempre ficava sem jeito com elogios, sempre. Ainda mais quando era elogiado por seus chefes. E, pior! Quando era elogiado por matar. Por torturar. Por fazer todos sofrerem. Por ameaçar. Por tudo o que há de ruim. Mas, por incrível que pareça, ele não se sentia mal com aquilo. Se sentia perfeitamente bem. Era algo normal, comum. Ouvir tais elogios fazia qualquer pontada de arrependimento sumir, ele era reconhecido pelo que fazia e gostava daquilo. E tais elogios traziam-lhe uma calmaria imensa... Traziam-lhe... Paz. Torturar, ameaçar, fazer sofrer, fazer mal,
matar e depois ser elogiado e reconhecido lhe trazia paz. Sim, paz. Como é possível  alguém sentir-se em paz por fazer tantas coisas ruins? Ele era humano. Deveria se sentir pelo menos um pouco culpado... Não? Sim! Óbvio que sim! Ele deveria sentir algo! Mas... não sentia. Como se algo tivesse possuído seu corpo e feito sumir o rapaz doce e bondoso de antes. E, mais uma vez, por incrível que pareça, ele já foi doce, gentil, bom, feliz e amado. Já foi amado, já amou. Já foi... normal. E hoje ele é esse monstro. Mata por puro prazer e... dinheiro. Agora, a pergunta que paira sobre as nossas cabeças: por quê?

Pull Me In. (HS)Where stories live. Discover now