Capítulo 10

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Harry abriu os olhos preguiçosamente ao ouvir o despertador tocar ao seu lado. Apertou os cobertores contra seu corpo e ficou ali por uns minutos. Não queria levantar, não queria ir trabalhar, não queria aceitar o fato de que já era segunda-feira e ele teria que se matar de tanto trabalho, não queria ter que olhar na cara da mulher que ele não suporta, mas acha atraente, não queria ouvir Charlie lhe dando ordens, não queria ter que encarar os caras que acabaram com seu carro e quase o mataram... Resumindo, queria fugir de suas responsabilidades por pelo menos um dia.
Deu uma risada fraca ao lembrar que na época de ensino médio e faculdade, acordava cedo, junto com o pai, e quando ele dava essas crises de "não quero levantar", seu pai vinha puxar suas cobertas e começava a gritar em seu ouvido até ele se irritar e levantar. Era sempre assim. Até cinco anos atrás.
Harry encarou o teto e mordeu o lábio. Seu pai fazia falta. E ele ainda pegaria o desgraçado que o matou daquela forma brutal... E à sua frente, praticamente. Harry se sentia inútil, desde então. Tudo bem que ele sabia que era muito bom no que fazia, mas ele se sentia inútil quando falhava... Pelo simples fato de ter visto seu pai morrer e não ter feito nada. Ele já tinha 23 anos completos na época. Ele poderia, sim, ter feito alguma coisa. Mas não fora rápido o suficiente. O pai de Harry era tão bom quanto ele — talvez isso seja de família — e tão cobiçado quanto ele também. E esse fora o motivo de sua morte: ser bom. Harry às vezes sentia medo de morrer da mesma forma.

Flashback.

— Ei, Char! — Harry disse sorrindo. — Cadê meu pai?

Charlie engoliu seco e não encarou o rapaz.

— Harry! — Emma disse tentando disfarçar a tensão em sua voz.
Havia algo errado. E ele sabia muito bem. Crescera no meio daquilo tudo e sabia muito bem quando algo estava errado.

— Cadê o meu pai? — Ele perguntou novamente, desta vez, pausadamente e tirando o sorriso dos lábios.
Novamente, silêncio.

— Se você prometer ficar calmo e...

— CADÊ. O. MEU. PAI? — Ele gritou, interrompendo Emma.

— Pegaram ele. — Charlie disse de uma vez só, fazendo o rapaz de apenas 23 anos, prestes a se formar em Direito e pronto para virar um ótimo policial ao lado do pai, arregalar os olhos.

— Como? — Harry perguntou.

— Estamos tentando localizar o cara. Nós vamos achá-lo, certo? — Emma disse tocando o ombro de Harry.

— Charlie, Charlie! — Um homem corria pelos grandes corredores do prédio.

— O quê? — Charlie se virou ainda tenso.

— Conseguimos o endereço. — o homem respirou fundo tentando recuperar o fôlego. — Eu já mandei todos se prepararem e vim correndo te avisar.

— Certo, vamos. — Charlie disse e Harry se preparou para andar com eles. — Você não.

— Mas...

— Não, Harry. É perigoso — Emma disse, segurando seu braço. — Fique aqui. Mandaremos notícias e...

— DROGA, NÃO! — Harry gritou e começou a andar atrás de Charlie. — Eu vou com vocês. É o meu pai, Charlie. MEU PAI!

— Você. Não. Vai. — Charlie disse pausadamente ao chegar ao estacionamento.

— Eu vou sim. — Harry rebateu. Sempre teimoso. Sempre.

— A gente já disse que não! — Emma disse, encarando-o séria.

— Ah, não? Então certo, quem vai me impedir de ir? Eu tenho um carro parado bem ali. — ele disse, nervoso, apontando para onde seu Impala estava estacionado.

Pull Me In. (HS)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum