Capítulo 6

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O rapaz de cabelos claros se remexeu na cadeira novamente. Queria sair dali, queria gritar, queria chamar por seu pai e seus amigos, queria tudo. Menos morrer. E ele sabia que isso aconteceria se ele não agisse rápido, se ele não pensasse rápido da forma que fora ensinado, treinado, por seu pai e os outros mais velhos da polícia.
Olhou para os homens que conversavam do outro lado do "salão" e suspirou. Ele tinha que ser mais rápido do que pensara. Tinha que conseguir apenas alguns segundos de diferença, talvez, e ele salvaria sua vida e entregaria o desgraçado que está destruindo e assustando toda a Londres. Agora, se ele realmente ia conseguir aquilo, nem ele mesmo sabia.
Fechou os olhos por dois segundos e respirou o mais fundo que conseguiu. Tinha que ser discreto e observador mais do que nunca.
David fechou as mãos com força e puxou os braços, logo mordeu o lábio inferior com força. Estava amarrado com vários nós, provavelmente. Porém não se importou, só queria soltar seus braços e seus pés para sair dali vivo. Ferraria com a vida desses caras se conseguisse sair de lá. E seu pai ia adorar saber quem está por trás disso tudo.
David puxou o braço novamente, abafando um gemido de dor. Sentia seus pulsos começarem a arder, sentia que logo, logo, os cortariam. Mas quem liga pra alguns malditos cortes nos pulsos quando se é para salvar a própria vida? Ele que não.
Tentou de novo. E de novo. De novo. Mais uma vez. Nada. As cordas estavam apertadas demais e seus pulsos, com certeza, já estavam cortados e o desespero tomava conta de seu corpo, o medo lhe invadia. O fazia tremer e querer chorar. Ele sentia que a morte estava próxima. Sentia que não iria aguentar, se não fosse assassinado ali, morreria por si só; puxaria seus pulsos até que os cortasse e perdesse bastante sangue. Era, de fato, impossível soltar àquelas cordas.


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— Se esses caras matarem o David... — Charlie começou e Harry logo o interrompeu.

— Eles não vão matar o David, droga!

— Você não tem certeza de nada, Harry! — Charlie rebateu.

— Eles não vão matar o filho do chefe. Eles querem nos dar um susto! E nós nem sabemos se são as mesmas pessoas que estão matando por aí — Harry praticamente gritou.

— Parem vocês dois! — Emma disse alto e se levantando. — De que vai adiantar brigarmos agora? Foda-se se são as mesmas pessoas ou não — ela olhou para Harry e
depois voltou o olhar para Charlie. — Sabemos o quanto é difícil, Char. Você tem que se controlar! Nós vamos dar um jeito nisso, caramba! Só precisamos agir com calma. Qualquer passo em falso pode custar a vida de David.

— Claro, e qual será o primeiro passo, querida Emma? — Harry perguntou, pela primeira vez naquele dia, irônico.

— Cadê o bilhete, Char? — ela ignorou Styles e se virou para o chefe. — Ele deixou um maldito bilhete, não foi? — Ela perguntou, mais alto, para atrair mais atenção do chefe.

— Aqui — Charlie disse suspirando e jogando o papel amaçado em cima da mulher, que engoliu seco assim que o abriu.

— Você leu isso, Harry? — ela perguntou mordendo o lábio inferior.

— Não — Harry respondeu, revirando os olhos. — Leia em voz alta.

— Acho melhor não... — ela olhou para Charlie de relance.

— Leia, Emma — Charlie se meteu. — Eu já li e reli isso aí trezentas vezes.
Emma respirou fundo e encarou papel em suas mãos, olhou para os dois homens presentes e começou:

— "Eu avisei, bonitinhos. Estou de volta. Primeiro a linda Owen Mangor, depois o querido revisor da senhorita Crownford... E, bom, chegou a hora de outro de vocês – já que o nosso querido Styles continua entre nós. Acho que agora vocês podem me levar à sério, não é mesmo?" — Emma finalizou, respirando fundo. Estava, de fato, com medo. E não era a única.

Pull Me In. (HS)Where stories live. Discover now