Capítulo 22

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Crowley suspirou e esperou as pessoas se afastarem enquanto o caixão de Rachel era enterrado. O corpo de Rachel ficara ao lado dos corpos dos avós. Ela sempre dissera que quando morresse — pois sabia do emprego arriscado que tinha — queria ser enterrada ao lado dos avós porque sabia que seus pais teriam vidas longas. Eram fortes demais para morrerem antes dela.
Ainda de longe, Crowley suspirou e tentou parar para pensar sobre tudo o que havia acontecido. Rachel, a única mulher que amara, estava morta e, agora, enterrada. Aquilo o deixava... Com raiva ou até mesmo medo e arrependimento. Medo de não conseguir amar outra pessoa ou conseguir e acabar da mesma forma; arrependimento porque ele poderia, sim, ter ajudado Rachel e a tirado do país antes. Decidiu, então, se aproximar lentamente ao notar que só ficara os pais da mulher. Até mesmo Charlie e seus agentes estiveram por ali. Mas Crowley não podia ser notado por eles. Sabia que se Harry o visse, arruinaria todo o enterro de Rachel e não era isso o que ele queria, queria que sua amada tivesse paz pelo menos em seu enterro.
Poucos minutos depois, os pais de Rachel saíram do local abraçados, um consolando o outro. Crowley soltou mais um de seus suspiros e se aproximou do túmulo da mulher. Sentou-se ao lado e deixou as lágrimas caírem livremente por seu rosto. Estava sozinho naquele cemitério. Ventava. O frio começava a tomar conta de seu corpo, mas não se importava. Só queria fazer companhia para Rachel.
Crowley deixou seu corpo se deitar de uma vez sobre o túmulo de Rachel e fechou os olhos com força, encolhendo mais o corpo. Deus! Como ele queria aquela mulher de volta! Como ele... A amava. Mesmo não querendo assumir, Crowley sabia que já pensara em desistir de tudo por ela. Aquele pensamento não era recente. Era de sete anos atrás. Ele pensara em desistir de absolutamente tudo e voltar para a Inglaterra apenas para encontrá-la e... Poder contá-la o que realmente sentia, implorar por seu perdão, dizer que tudo o que ele fez foi um lapso de ódio e que largaria tudo por ela. — And I remember all those crazy things you said... You left them riding through my head... — Crowley sussurrou e secou a lágrima que escorria lentamente por seu rosto. — You're always there, you're everywhere, but right now I wish you were here... — continuou, sentindo-se um completo idiota por sussurrar uma música da Avril Lavigne para Rachel. Mas aquilo não importava mais, ela não voltaria nem sequer o escutaria em seu momento altamente depressivo. — All those crazy things we did... Didn't think
about it, just went with it, you're always there, you're everywhere... But right now I wish you were here. — Crowley sussurrou a última frase e fungou, ficando de barriga para cima e encarando o céu nublado. Apertou mais o casaco contra o corpo e respirou fundo, pensando como tudo teria sido diferente se ele tivesse escutado todas as vezes que Rachel disse que aquilo era errado e um dos dois acabaria morrendo. Neste caso, fora ela. Não que ela tenha morrido propositalmente como ele irá morrer, mas... De qualquer forma, ela estava certa. Alguém teria que morrer para ele cair na real, para notar que a equipe de Charlie não estava de brincadeira, que eles fariam qualquer coisa para pegá-lo e mostrar para todos que ele era sim um criminoso e tinha contato com as pessoas que iniciaram os assassinatos em Londres. Crowley precisava agir. Rápido. Precisava deixar mais claro ainda que também não estava ali para brincadeiras.
Em um estalo, uma ideia invadiu sua cabeça, fazendo-o sorrir e ignorar as lágrimas que ainda tinha nos olhos. Virou-se para a foto de Rachel e suspirou.

— Eu te amo, Rachel. Sua morte não sairá barata — ele murmurou. — Volto amanhã para te ver. Preciso agir agora. Desculpa por tudo — ele finalizou com um sorriso triste nos lábios e se levantou de uma vez. Seu dia seria longo. Não que ele fosse matar alguém ou algo do tipo. Ele apenas... Deixaria claro para uma certa pessoa que não estava ali para brincar.

***

Niall jogou a fumaça do cigarro para o alto e encarou Lucy em seguida. Ele pôde notar que a ruiva tinha os olhos lacrimejantes. Não superara a morte de Rachel. Não que fossem melhores amigas, mas se conheciam há muito tempo.

Pull Me In. (HS)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant