Capítulo 1 - O Diário de Damian Desmond

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NOTA

Toda a fanfic foi revisada, mas se houver algum erro ortográfico, por favor me avise nos comentários ;)

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... de ... de 1964

"Feiosa, feiosa, feiosa!!!

Não. Definitivamente não. Nunca, nunquinha eu vou dizer isso em voz alta. Melhor! Nunca vou dizer isso nem em pensamento. Na-na-ni-na-não!!!

Anya Forger é burra. Ela dorme nas aulas, chega atrasada, as notas dela são uma vergonha para a Academia Éden. Isso é dizer pouco, são uma vergonha para a humanidade. Como ela consegue ser tão ruim?

Como ela tem coragem de encarar o pai dela ao mostrar aquelas provas?

Não vem ao caso.

Porque Anya Forger é idiota. Como se as notas dela já não fossem ridículas o suficiente, ela complementa seu tipo de delinquente batendo nos outros. Que audácia! Feiosa! Ela é uma... uma... ah, que se dane! Não tem outra palavra, ela é uma feiosa mesmo! Meteu um soco na minha cara logo no primeiro dia da escola. Cuspiu um hambúrguer com macarrão na minha cabeça ainda outro dia. E eu ainda tive que ouvir aqueles bobões dizendo que eu fiquei parecido com ela, quando os pães e o macarrão grudaram na minha cabeça, formando cabelo e dois chifrinhos. Porque ela não se comporta como as outras meninas?

Ah, é. É porque ela gosta de mim.

Naquele dia do pão, ela ia trombar comigo de propósito. Aposto que essa deve ser mais uma das ideias ridículas que a amiga dela, Blackbell, fica enfiando naquela cabecinha vazia como cofre de pobre. Como aquelas duas conseguem ser tão tontas? O que elas acharam? Que Anya Forger ia tropeçar em mim e que eu a seguraria em meus braços antes que ela caísse no chão e que estar tão próximo dela me faria perceber o quanto ela é linda?

...

Feiosa. Irritante.

Feiosa, feiosa, feiosa!!!"

Damian balançou a cabeça para lá e para cá, afastando aqueles pensamentos, repetindo para si mesmo o quanto a garota Forger era feia, seu rosto queimava, vermelho como se estivesse com febre, a caneta tinteiro tremelicando em suas mãos enquanto tentava organizar os pensamentos para escrever em seu diário, sentado em sua cama no dormitório.

"Ela fica muuuuito irritante quando exibe aquele sorrisinho idiota como se nada a afetasse. Ela exibe aquela mesma cara tonta quando eu a chamo de idiota. Ou irritante. Ou feiosa. Ferve o meu sangue...

...

Mas ela fica mais feia ainda chorando.

Os beiços dela se contraem, fazendo força para se controlar e não chorar. Ela fecha os punhos minúsculos (mas brutos) e enterra seus dedinhos nas palmas das mãos. Mas ao contrário de todas as outras, ela não esconde rosto.

Ela olha diretamente para mim, com seus grandes e tristes olhos verdes marejados de lágrimas salgadas e quentes que molham suas bochechas rosadinhas de um jeito que me deixa tris... AFLITO!

ME ENCHE DE PESADELOS!

Aquela cara maldita parece ter saído direto... das coisas mais feias do mundo!"

Damian encarava as fibras de seu cobertor. Estava tão imerso em seus pensamentos que não se dera conta de que havia parado de escrever.

Ele se lembrava do dia da Orientação perfeitamente. Quando ainda estavam sendo selecionados, ela olhara para ele diretamente em seus olhos. Ninguém fazia isso e a primeira coisa que pensara era que ela estava interessada nele. Bem, era o óbvio, não é? E poucas horas depois ele estava caído no chão, logo após ter provocado a garota e levado "um murrão no meio da fuça" – de onde ela tirara aquele linguajar? E outro dia, ela viera se desculpar. Ela parecia tão triste, e chorava de arrependimento, dizendo coisas como "desculpa por ter perninhas gordas" – o que aquilo queria dizer? Ela não se achava bonita o suficiente para ele?

Amendoins, trovões, ovelhas e outros contosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora