Capítulo 3 - Amor e Preconceito

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Anya e Becky estavam almoçando no refeitório da escola

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Anya e Becky estavam almoçando no refeitório da escola. A amiga de cabelos rosa se levantou para buscar doces para as duas, deixando para trás sua bolsa, onde estava pendurado o chaveiro de ovelha que fazia par com o dela.

Becky o desprendeu dali, assim como o dela, e observou as duas ovelhas, tentando imaginar uma estória de amor bem romântica, onde o pai bonitão da amiga, Loid, passeava a noite. Ele a levaria para um lindo lago, onde ele remaria num barquinho até estarem longe da margem para admirar a lua cheia e ele se declararia para ela.

- FEIOSA, FEIOSA, FEIOSA!!!

Becky suspirou. Seu romance proibido fora interrompido pela voz enjoada do metido do Desmond. Becky olhou na direção dos gritos, era a terceira vez aquela semana – e ainda era terça-feira.

A menina colocou os cotovelos sobre a mesa, sem se importar se era deselegante, observando aqueles dois, cansada. Anya pegou fondue na cantina, tropeçara em George e os morangos voaram direto em Damian, se prendendo em sua roupa bem na altura dos mamilos.

Agora parecia que ele tinha peitinhos.

Becky não fora a única a pensar aquilo, em todo refeitório começava a se ouvir risadas. Ela revirou os olhos. Não importava o quanto se esforçasse, ela não conseguia enfiar nada útil na cabeça de Anya.

Ainda com os chaveiros em mãos, ela os balançou, imitando o tropicão de Anya.

"- Oh, não! Me desculpe, eu não o vi." – ela imitou a amiga (numa linguagem bem mais sofisticada).

"- Sou eu quem deve lhe pedir desculpas, esses não são modos de tratar uma dama." – respondeu uma ovelha para a outra, com Becky imitando uma voz mais grossa de menino.

Ela mexia as ovelhas, fazendo uma levantar a outra, que estava estatelada na mesa.

"- Sr. Desmond!" – em sua mente, a ovelha corara.

"- Ah, Srta. Forger, eu sei que esta não é a melhor ocasião, mas há algo que corrói meu coração e preciso dizê-lo a você antes que seja tarde." – uma ovelha estava de frente para a outra, onde Damian segurava os cascos de Anya nos seus. – "Srta. Forger, venho lutando em vão e não mais posso suportar. Os meses passados tem sido um tormento. Eu vim a este refeitório somente para vê-la. Luto contra o meu bom senso, as expectativas de minha família, a inferioridade de seu nascimento, minha posição. Mas estou disposto a colocá-los de lado e pedir que dê fim a minha agonia."

"- Eu não entendo..." – disse Anya.

"- Eu te amo." – diz Damian, fazendo Anya arfar. – "Ardentemente."

Mas na vida real, Anya já estava com o saco cheio da reclamação de Damian e como já havia dado os morangos por perdidos e não havia nenhum adulto por perto, ela esfregou o restante das frutas com chocolate no uniforme do garoto.

- VOCÊ É FEIA, É POBRE, A SUA FAMÍLIA É UMA VERGONHA PRA SOCIEDADE E EU SÓ TE TOLERO PORQUE... P-PORQUEE...

E para Becky fez-se luz.

- PORQUE VOCÊ AMA A ANYA E QUER SE CASAR COM ELA! – a menina gritou sem querer de tanta animação ao entender a negação de Damian.

Os outros alunos no refeitório começaram a rir escandalosamente, alguns aplaudiam e assoviavam, outros faziam "aaaaawn, amor de criança". Becky não se dera conta de que havia falando alto demais e que todo mundo ouvira.

Primeiro ela ficou envergonhada por ter viajado tanto a ponto de sair gritando o que estava imaginando, Anya olhou para ela como se estivesse com azia e ela não pode evitar cair na risada com os outros. Becky sabia que Anya não estava brava com ela, a menina já ganhara dois Tonitrus, depois daquilo nada mais era vergonhoso. Mas seu riso morreu ao ver Damian, que estava branco como giz, sem conseguir reagir. Seus capangas negavam tudo em vão, mas nada do que eles diziam podia ser ouvido, o som das risadas abafava todo o resto. Ele estava olhando para um ponto fixo na porta da saída e ela seguiu o olhar dele.

Próximo ao professor Henderson, estava um garoto mais velho, usando uma capa de aluno Imperial, com uma feição desagradável. Ainda mais desagradável que Damian. Imediatamente, Becky sentiu uma onda de culpa invadi-la.

Aquele deveria ser Demetrius Desmond, irmão mais velho de Damian.

E ele acabara de ouvir o que ela dissera e os outros alunos rindo do irmão mais novo. Damian inspirou fundo, tomando tudo o que restava de dignidade, empinou o nariz e saiu do refeitório, e ela sentiu uma onda de culpa a atingir, a fazendo se encolher no banco.

☙―――☙˚º˚❧―――❧

Becky conversou com Anya durante e a aula e pediu desculpas, explicando que estava brincando com as ovelhas e não percebera que tinha ido longe demais. A amiga não havia mesmo ficado aborrecida com ela, essas era uma das coisas mais legais em Anya. Mas algo ainda a incomodava: Damian.

Ele aparecera nas aulas com o uniforme impecável, mas estava calado e sua tentativa de mascarar o transtorno era denunciado pelo brilho do suor na testa. Ela mesma nunca fizera o garoto passar vergonha, geralmente isso era o trabalho de Anya. A amiga disse que ela não deveria se preocupar com isso, pois o metido sempre dizia coisas estúpidas para elas.

Isso não a impediu de conversar com sua governanta, enquanto ela dirigia o carro para levá-la para casa.

— Eu entendo sua preocupação, Srta. Becky. O jovem Desmond tem um nome influente a zelar e é natural que, assim como a senhorita, o melhor comportamento seja exibido sempre, inclusive para os irmãos mais velhos. Seu pai muito provavelmente a aconselharia a se desculpar com o jovem Sr. Desmond o mais brevemente possível pela zombaria coletiva causada e...

— Me desculpar? Quando foi que eu disse que eu ligo se todo mundo riu dele?

Martha ergueu uma sobrancelha, observando a menina pelo espelho retrovisor.

— Acho que não entendi o seu ponto, milady.

Becky refletiu por um momento nos acontecimentos do refeitório:

"Contrariando as expectativas de minha família, a inferioridade de seu nascimento, minha posição..."

"VOCÊ É FEIA, É POBRE, A SUA FAMÍLIA É UMA VERGONHA PRA SOCIEDADE E EU SÓ TE TOLERO PORQUE..."

— Acho que estraguei as chances da Anya com o Damian. – Martha quase atropelou um civil ao ouvir aquilo, que gritou um palavrão para a mulher, que desviou com o carro bruscamente.

Mas Becky mal pareceu notar. Estava tão distraída que não movera um músculo para fora de seu assento, somente suas maria-chiquinhas acompanharam o balançar do carro.

— Uma moça simples e pobre, porém carismática como a Anya, pode ter uma chance com alguém como Damian Desmond, que tem o dinheiro de um príncipe, mas o coração de um sapo? Os Desmond são todos... – ela pensou por um instante em Demetrius e no que o pai falava sobre Donavan Desmond – arrogantes?

Martha estava prestes a explicar que Anya e Damian eram apenas crianças – assim como ela por sinal –, e que os três não deveriam se preocupar com aquilo no momento, e sim focar em estudar e serem crianças enquanto o curto período da infância durasse. Mas ela tornou a fechar a boca ao ver o semblante triste da menina, contemplando a paisagem que ficava para trás pela janela do carro, somente sonhando com o que deveria ser o sentimento do amor na sua concepção inocente e simples de criança.

— Eu acho, milady, que para o amor verdadeiro nada é impossível.

Becky pareceu mais animada ao ouvir aquilo, com um sorrisinho sutil e feliz no rosto, de quem esconde uma paixão secreta, continuou contemplando a rua lá fora, mas agora com seu típico quê sonhador, motivada pelo que para ela era apenas uma fala clichê repetida muitas e muitas vezes como uma promessa irrealista que ela torcia para ser verdade.

E bem, de fato era uma promessa perigosa por serassustadoramente verdade. Afinal, nada é realmente impossível para o amorverdadeiro.

Amendoins, trovões, ovelhas e outros contosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora