Dia 11.

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05:13 da madrugada.

Eu não dormi por nem um segundo.

Não consegui dormir, de jeito nenhum. Foi simplesmente impossível.

Por mais que eu esteja mais calmo, e com menos medo agora, em relação a tudo, ainda são muitas coisas para pensar. Refletir. Viver. Escrever!

Boa madrugada querido diário.

No último dia, nossa querida conversa foi interrompida pelo meu pai, que abriu a porta subitamente.

— Luquinhas? O quê você tá fazendo acordado meu filho?! — Exclamou, surpreso, e claramente preocupado.

Limpei o rosto cheio de lágrimas. Ainda bem que estava um pouco escuro, ele não podia perceber que eu estava chorando. Me sentiria melhor se ele não visse.

— Ah, boa noite pai. Foi mal, eu 'tava' pensando em algumas coisas e não consegui dormir. Desculpa.

— Ei, não precisa pedir desculpas. — Afirmou, e caminhou em direção ao banheiro. Ligou a luz, fechou a porta para deixar apenas uma pequena fresta de iluminação, e sentou-se na cama — O quê aconteceu? Consegue falar com o pai?

Respirei fundo para não chorar. Bem fundo mesmo. Acho que nada me deixaria pior, do que se meus pais descobrissem que estou prestes a morrer. Nada no mundo. Eles não merecem isso.

— Bastante coisa pai. Bastante coisa. Eu...eu não sei se consigo falar sobre. — Gaguejei, segurando meu choro ao máximo. Mordia minha língua e machucava minha mão, mas não podia chorar. Não. Podia.

— Tá tudo bem, filhote. Tá tudo bem. Vou só me sentar aqui com você então. A gente fica em silêncio juntos, até você se sentir confortável, tudo bem? — Questionou, sem, em momento algum, tentar me tirar da zona de conforto.

Não teve como. Eu desabei.

Chorei. Chorei de soluçar, sem segurar nada. Não suportava mais segurar, precisava me abrir. Falar algo, mesmo que a pessoa não entendesse nada do que está acontecendo.

Meu pai ficou em silêncio durante todo este tempo. Apenas tinha deitado minha cabeça no seu peito, e acariciava meu cabelo. Não ousava falar uma palavra.

Depois de certo tempo, respirei, ofegante, e as lágrimas pararam, aos poucos, de cair. A respiração foi ficando mais calma, meu nariz entupiu, mas já sentia o calor do abraço novamente. Minhas mãos tremiam menos e sentia que meu sangue já não estava circulando tão rápido.

E assim, quebrei o silêncio:

— Pai, eu tenho medo.

— Medo? — Questionou, parando de súbito o carinho, olhando para meu rosto — Medo de quê, meu filho?

— Medo, medo demais. De tudo. Só tenho...medo. N...não consigo falar mais que isso. — Gaguejei, rezando para que ele não insistisse em perguntar sobre.

— Tudo bem. Não tem problema. Qual o tipo do seu medo?

— Como assim? — questionei, confuso. Existem tipos de medo?

— O tipo do seu medo. Ele é um medo daqueles que sentimos em filmes de terror, que ameaçam nosso bem estar? Ou é daqueles que está mais para um receio, uma sensação de precaução para algo que pode ou não acontecer? Também existe o medo do futuro, do passado, de suas ações, muitos medos.

— Hum... — Pensei, agora com a mente mais calma. Ele sabe bem como tirar meu foco de algo. — Acho que é o medo do futuro. Algo nesse estilo.

— Esse é um dos medos mais comuns. Sinto ele todo dia. Todo dia mesmo. Sabe, uma coisa que seu pai faz muito, é sentir medo. Acho que é o sentimento mais nobre do ser humano, se quer saber minha opinião.

12 dias até minha morteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora