Capítulo 2

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Um arrepio percorreu por todo seu corpo ao ouvir o nome pelo qual chamavam aqueles demônios. Alice podia jurar que até seu coração parou por um segundo, enquanto ainda processava tudo o que sua irmã tinha acabado de lhe dizer.

- O que você quer dizer com isso? - ela se obrigou a falar.

Porém, Laila não lhe respondeu de imediato, ela percorre com um dedo as cicatrizes de seu braço. Estava pensativa.

Alice esperou pacientemente até que sua irmã se sentisse pronta para falar, sabia que esse era um assunto, um tanto, complicado para Laila porém, tudo relacionado a sua irmã era complicado.

- Esse sonhos não são normais, Ali-A voz de sua irmã mal passava de um sussurro.
- Eles são reais de mais, no sonho eu sempre sinto algo quente e uma dor terrível percorrendo meu braço, e se talvez eles...- ela respira fundo antes de continuar- E se talvez isso seja uma lembrança de quando isso aconteceu...

Laila ergue seu braço cicatrizado para demonstrar a qual lembrança se referia.
Com o cenho franzido, Alice tenta entender se ouviu direito o que sua irmã disse.

- Uma lembrança?- questiona, sua irmã apenas assente com a cabeça - Mas Lai, não é possível você ter uma lembrança disso éramos muito novas quando aconteceu.

- Talvez no dia do ataque, os bruxos tenham lançado uma maldição em mim que me faz ter esses pesadelos, sempre na semana do meu aniversário. - ela suspira pesadamente antes de continuar - Isso... também explicaria o porquê de eu ser assim... - sua irmã aponta para si mesma.

- Laila, isso não é maldição. A mamãe e o papai já disseram que você nasceu assim- Alice afirma, com a voz mais calma que conseguia ter.

- Fala sério Ali, olha pra mim! Eu não me pareço com uma pessoa normal... Fora as coisas estranhas que acontecem comigo.

A última parte foi dita tão baixo que Alice não tinha certeza se tinha ouvido direito.

- Como assim, que tipo de coisas? Tem alguma coisa a mais que você queira me contar?

A princesa pareceu pensar por um tempo como se estivesse ponderando se falaria ou não. No fim ela apenas negou com a cabeça.

- Não é nada, esquece, e só...- ela suspira pesadamente- Ali, seja sincera. Você me acha estranha?

- Não!- Respondeu no mesmo segundo, embora, não estivesse sendo completamente honesta.

Ainda se lembava daquele dia há oito anos, quando todos pensavam que sua irmã fosse morrer. Os médicos diziam que foi um milagre, uma benção dos deuses. Mas Alice sabia que isso estava longe de ser um milagre.

Ela viu o que aconteceu com sua irmã após aquele dia, as sequelas daquela doença não afetaram só sua irmãzinha, como a família inteira.
Alice deixou esses pensamentos de lado.

- Você não é estranha, Lai, só um pouco diferente -afirmou, esperando ter dito a coisa certa.

Laila ri sem humor.

- Um pouco diferente!- ela diz com escárnio- Para todo lugar que eu vou, as pessoas ficam me olhando... como se eu fosse um monstro ou uma aberração.

Alice olhou bem para sua irmã e viu quando a mesma piscava para afastar as lágrimas, essa visão fez algo se partir em seu peito.
Sem saber o que dizer, ela puxa sua irmã pra si e a envolve em caloroso um abraço.

Talvez sua irmã não seja exatamente como as outras pessoas- ou como a sua família.
Enquanto Alice e Luís tinham os mesmos cabelos castanho escuro como os de seu pai e olhos os castanhos claros de sua mãe, todos diziam que eles eram a mistura perfeita de seus pais, enquanto Laila em nada se parecia com eles, ela tinha cabelos brancos como a lua, olhos azuis escuros e algumas sardas em seu rosto.

A Bruxa da LuaWhere stories live. Discover now