Capítulo 8

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Rosemary guiava Laila para o grande salão onde todos os convidados estavam reunidos para o café da manhã, apesar de ter comido mais cedo a duquesa insistiu que a princesa fosse levada ao salão, assim poderia anunciá-la como sua aprendiz e herdeira.

Herdeira da duquesa Silven.

Laila ainda não acreditava que isso estava realmente acontecendo, muitas pessoas adorariam ter essa honra, seria como um sonho realizado, mas para Laila parecia mais um pesadelo. Mesmo depois de aceitar a proposta da duquesa as duas ficaram um tempo discutindo sobre alguns termos, aos quais Laila se viu sem muita escolha se não aceitar, pelo menos eram poucas coisas e nada ruim que não pudesse se acostumar, mas Calidora – como a duquesa preferia ser chamada – deixou claro que a escolha final seria dela e a princesa se manteve firme em sua decisão, só esperava não se arrepender depois.

O caminho até o salão de banquete foi silencioso, durante todo o trajeto Rosemary pareceu querer dizer alguma coisa para quebrar o silêcio, mas se manteve calada e Laila agradeceu internamente por isso, ela não estava com muita vontade de conversar.
Elas chegaram até o salão, mas Laila parou a poucos centímetros da entrada.

–Está tudo bem?– Rosemary colocou a mão no ombro de Laila.

–Eu não posso entrar – sua respiração ficou pesada, não podia entrar no salão, não podia arriscar – Você disse que todo mundo sabe o que aconteceu ontem, eu não posso entrar! Não posso arriscar!

–Ei, ei fica calma – Rosemary se agachou para ficar na mesma altura de Laila e colocou as duas mãos em seus ombros – Em primeiro lugar, respire fundo e expire assim como eu – Laila imitou Rosemary – Ótimo, agora me escute, eu nunca disse que todos se lembram do que viram eles podem até ter visto, mas isso não quer dizer que se lembram de tudo.

Rosemary sorriu de modo travesso e Laila a olhou confusa.

–Como assim, eles não se lembram?

–Você ainda tem muito o que aprender pequena, só faça o que eu mandar e se alguém perguntar lembre-se, você passou mal e teve que ficar confinada no quarto a noite inteira.

Com uma piscadela, Rosemary se levantou e guiou Laila pelo salão, a princesa não entendeu o que estava acontecendo, mas seguiu as ordens de Rosemary.

No salão onde antes havia acontecido o baile, agora tinha cinco enormes mesas cada uma para um reino diferente e com as cores de suas respectivas bandeiras. As decorações de inverno ainda decoravam as paredes do salão e os empregados ainda usavam suas mácaras de animais. Isso fez Laila se lembrar do garoto que a ajudou antes, procurou ele entre os empregados, mas dúvidava de que iria encontrá-lo, não tinha visto como era seu rosto completo, não conseguia se lembrar nem da cor do cabelo dele.
Laila esperava que todos os olhares se voltassem para si, mas ninguém pareceu perceber a sua existência, o que era incomum, a parte que a princesa mais odiava de aparecer em público eram os olhares que sempre se voltavam para ela, mas não reclamou, era melhor isso do qualquer outra opção.

Rosemary levou a princesa até seu lugar reservado na grande mesa com as cores da bandeira de Constrea – preto e prata – onde a realeza e a nobreza estava. Laila viu seus pais e irmãos e teve vontade de ir correndo até eles, de abraça-los, não se deu conta do quanto precisava de alguém que a confortasse até o momento, mas Rosemary a impediu de sair correndo e sussurou baixo o suficiente para que apenas ela pudesse ouvir:

–Aja normalmente – o tom de voz dela era sério e Laila respirou fundo e se forçou a se controlar, apesar da enorme vontade de correr até sua família.

Seu olhar cruzou com o de Alice que sorriu assim que viu Laila, pela sua cara ela parecia feliz e aliviada, logo seu irmão a viu também e como sua irmã, ele também abriu um largo sorriso, se não fosse por Rosemary, Laila teria corrido até eles, então ela olhou para seus pais que antes estavam de costas para ela, mas se viraram e sorriram de modo mais contido, Laila não foi capaz de retribuir o sorriso.
Rosemary a deixou na mesa e sem dizer uma palavra se afastou e foi para seu próprio lugar junto da outra dama de companhia na pequena mesa da anfitriã que ficava mais a frente das outras mesas.

A Bruxa da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora