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capítulo dez
o beijo.

A noite passou de maneira embriagante.

Daisy, Ginny, Hermione e Fleur estavam no mesmo quarto de hóspedes, porque apesar de possuir diversos outros cômodos vagos dentre a casa, elas preferiram ficar juntas e fazer companhia.

Daisy ouvia tudo de maneira vaga, como um cochicho submerso sobre o oceano, a pressão da água deixando-o suas vozes ondulantes e ecoantes, dificultando compreendê-las. E, sinceramente, seus pensamentos estavam excepcionalmente mais interessantes do que tudo que elas poderiam exclamar no momento.

— DAISY! — gritou Ginny alarmante de sua cama, fazendo-a pular levemente e voltar na superfície plana e clara.

— Está tudo bem, querida? — questionou Fleur atenciosamente, a voz um tanto voz arrastada com seu sotaque, embora tenha-o tornado muito mais sútil.

— E-está! — desdenhou Daisy, ficando inesperadamente nervosa. Elas vão descobrir, sua mente repetia várias vezes, fazendo-o suas bochechas ficarem uma explosão vermelha e quente.

— O que aconteceu? — perguntou Hermione de maneira cética, pois analisava-a minuciosamente há um tempo, tentando-o descobrir o que estava escondendo.

E não iria demorar para descobrir.

Não é como se Daisy não quisesse dizer. Na verdade, ela até gostaria. Mas as palavras simplesmente nunca iriam sair de maneira fácil e fluída de sua língua, pois era algo extremamente abundante e surpreso que ocorra em muito pouco tempo. Literalmente, algumas horas atrás.

Depois que se beijaram, não foi possível dizer ou expressar qualquer coisa, porque a sala foi invadida por um Percy cambaleante e definitivamente bêbado, murmurando para si mesmo algo sobre dragões bailarinos.

— O que aconteceu depois que ficou só você e o Harry na sala? — continuou Hermione, arqueando levemente as sobrancelhas.

Daisy também não podia responder isso, porque tudo que lembrava era a sensação quente e reconfortante dos lábios de Harry contra os seus, beijando-a como se fosse o ser mais valioso que existisse. Todo o resto era como um borrão enigmático. Aquilo não podia ser descrito apenas com "nos beijamos".

— Ooooh — uivou Ginny maliciosamente, escorando-se sobre um de seus cotovelos no colchão — O que ele te deu de presente, hein?

— Parem com isso! — proferiu Daisy quase choramingando contra suas mãos, deitando-se no colchão — Aconteceu — murmurou baixinho, mas o suficiente para elas ouvirem o seu batimento cardíaco aumentar.

— Aconteceu o que? — repetiu Hermione, com compaixão e um tanto de divertimento.

— Não consigo dizer — zangou-se Daisy.

Houve um momento de silêncio, antes de uma explosão sussurrante excitada abrangesse o ambiente, em que elas tentavam evitar gritos para não acordar ninguém dos outros quartos.

— Vocês se beijaram?

— Ele teve a decência de te dar algum presente além disso, né?

— Quero detalhes de como foi!

— Você sabe que pode confiar em nós para contar sobre isso, não é?

— Garotas! — repreendeu Fleur risonha, fazendo-o Hermione e Ginny pararem de reprimi-la de perguntas — Vamos deixá-la ter seu tempo. Sabemos que é uma situação delicada que, prontamente, envolve muitos sentimentos em um coração que são difíceis de expressá-los.

— Obrigada — disse Daisy fracamente para a loira, enquanto retirava as mãos de seu rosto. Ela suspirou pesadamente — Ele também me deu um colar com um pingente de margarida e uma cartinha anexada junto.

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A lareira crepitava e trazia além de quentura, uma sensação confortável ali. Os dois corpos estavam postos no sofá em duas extremidades opostas, olhando-o em qualquer ponto que não fosse suas faces. Parecia que todos estavam, inconscientemente, movimentando-se para que, de alguma forma, os dois ficassem sempre no mesmo ambiente, sozinhos.

— Acha que sua mãe iria se importar se fazermos um bolo? — Daisy foi a primeira a quebrar o silêncio, sua voz soando de maneira insegura e cautelosa, finalmente o olhando.

Recordou-se que no primeiro encontro que tiveram, Harry tinha dito que gostaria que ela o ensinasse a fazer um bolo e levar isso como um momento divertido e leve, não levando como uma obrigação.

— Você lembrou! — o rosto de Harry iluminou-se em um sorriso, fazendo-a reproduzir suas ações.

Na cozinha, Daisy certificou-se de listar todos os ingredientes para Harry ir pegando-os e depositando na bancada, porque além de não saber onde estavam, não se sentiria à vontade de ir mexendo nas coisas dos outros.

O bolo que iriam fazer era simples; nenhum recheio ou decoração exuberante. A ideia era apenas experimentar uma atividade que Daisy fazia com frequência de outro modo e apreciar a companhia um do outro.

— E você vai misturando a massa assim… — murmurava Daisy distraidamente, a colher em sua mão fazendo movimentos circulares na forma em que misturava a massa clarinha que eventualmente seria um bolo.

Harry fez um barulho leve de concordância com sua garganta, posicionado ao seu lado. E, embora ele quisesse prestar atenção nas instruções de como fazer o bolo, a figura de Daisy era muito mais interessante e distrativa para si. Era como se fosse um ímã que estivesse pregado nela, fazendo-o não ter a capacidade de desviar sua atenção dela.

Seus cabelos estavam presos frouxamente em um coque dentre sua varinha, fazendo com que alguns fios soltassem levemente sobre seu rosto. Harry não prendeu seus impulsos e colocou-os suavemente contra sua orelha, mantendo-o preso.

Daisy piscou algumas vezes com o gesto afetuoso, erguendo o rosto com os olhos curiosos na direção de Harry, que pressionou um leve beijo na pontinha de seu nariz sardento, murmurando amorosamente "linda".

— O que somos? — perguntou Daisy baixinho e um tanto ofegante, tentando não se concentrar no rubor em seu rosto e sim na sensação eufórica que ele lhe causava, em que ela descobriu quando se beijaram que era muito mais libertador e fácil de lidar.

— Não faço ideia — respondeu Harry com a voz levemente rouca, soltando um suspiro pesado — Mas eu gosto muito, Daisy-Flower.

Manteve-se um momento de silêncio.

— Então podemos… — ponderou, distraidamente olhando seus olhos verdes — Ficar assim, por enquanto. Até, pelo menos, nos conhecermos melhor e… — ela riu nervosamente — é.

— É — Harry concordou com a mesma energia nervosa, soltando um leve sorriso.

𝗳𝗹𝗼𝘄𝗲𝗿 𝗴𝗮𝗿𝗱𝗲𝗻, 𝗁𝖺𝗋𝗋𝗒 𝗉𝗈𝗍𝗍𝖾𝗋.Where stories live. Discover now