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— prefácio
jardim de flores.

Espreguiçando-se lentamente na cama, os olhos piscam lentamente em desconforto pela luz ofuscante atravessando a janela do quarto. Quando o ambiente tornou-se receptivo, ela deslocou a visão para a cortina suspensa ao lado da janela que, para seu desagrado, estava totalmente aberta.

Levantou-se e consertou a camisola desgrenhada em seu corpo enquanto calçava sua pantufa, para não permitir que a temperatura gélida do chão atingisse diretamente seus pés, e caminhou em direção às escadas.

Risadinhas e murmúrios de repreensão ecoavam na cozinha, junto com o tilintar de talheres e eletrodomésticos. Curiosamente, ela chega nos últimos degraus e estica o corpo levemente, espiando a visão em sua frente.

Seu marido estava próximo no balcão da cozinha, preparando provavelmente panquecas. Seus cabelos estavam extremamente alvoroçados e, conforme se movia, os músculos de sua costa desnuda se flexionavam.

Ao lado do homem, estava seu filho mais velho, tagarelando tão rápido e constante que as palavras enroscavam-se e saiam com uma pronúncia engraçada. Do outro lado, estava o filho do meio que, ao contrário do irmão, estava totalmente em silêncio, observando atentamente cada movimento de seu pai. Sentada no cadeirão de alimentação, próxima aos homens, estava sua filha mais nova, seus dedinhos brincando com um ursinho de pelúcia em formato de cervo.

— Bom dia? — perguntou Daisy Potter retoricamente, rindo suavemente quando eles se sobressaltam surpresos com a sua presença inesperada.

— Mamãe! — exclamaram as crianças após o súbito susto, sorrindo-o animadas. Lily soltou murmúrios incoerentes, rindo e batendo palminhas animadas.

— Daisy-Flower — comprimenta Harry preguiçosamente, os cantos de sua boca erguendo-se levemente conforme abria os braços, recebendo sua esposa em um abraço quentinho. Ela aspirou o cheiro de sua pele, suspirando em contentamento. Estendendo os braços, Daisy esfregou brincalhona os cabelos de James Sirius e Remus Neville, tirando-os risadinhas sapecas.

— Mãe, você vai bagunçar meu cabelo! — informou Remus, seu rostinho enrugado em uma carranca mal humorada.

— Como se já não estivesse um ninho de passarinho — provocou James, mostrando-o atrevidamente sua língua para o irmão como provocação.

Lily soltou um gritinho feliz.

— Está vendo? — garganteia James — A Lily concorda!

— Ela é tem só um aninho, seu besta! — grita Remus, sua dicção saindo como a de uma criança comum de três anos ainda irritada.

— Meninos! — repreendeu Daisy.

— O cabelo de vocês são iguais ao do papai e é isso que importa, sim? — fala Harry carinhosamente, em uma tentativa de amenizar a situação — Vocês têm minha genética. Nada de errado nisso.

— Bagunçado! — guinchou Lily, gargalhando e chacoalhando sua pelúcia.

Harry deixou seu queixo cair dramaticamente, aproximando-se de Lily e pegando-a no colo, enchendo seu rosto de beijos barulhentos.

— Como é que é? — questionou ele, fazendo-o cosquinhas em sua barriguinha — Se esbanjando apenas porque tem a genética da mamãe, não é? — continuou, bagunçando o cabelo ruivo  flamejante da filha.

— Todos vocês são lindos — reconforta Daisy, passando carinhosamente as mãos nos cabelos de seus filhos, mesmo que eles não se arrumassem e continuassem espetados em todas as direções — Lembrem-se que hoje vamos almoçar na A Toca.

— Titios Six e Remmy vão estar lá? — ofegou James, os olhos verdes esmeraldas saltados em empolgação.

— Vovô James e Arthur também, mamãe? — agora exclama Remus, seus pezinhos saltando do chão.

— E vovó Lily e Moly também — completou Daisy, prevendo mais perguntas — Todos vão estar. Então, por favor, vão lá pra cima e comecem a se arrumar, ok? Logo subimos para ajudar vocês.

Concordando enérgicos, os meninos subiram as escadas aos tropeços, animados com a perspectiva de encontrar toda a família e amigos novamente. Daisy se vira para seu marido que, olhando-a cheia de afeto, ainda segura Lily, em que brincava distraidamente com sua pelúcia.

— Às vezes eu simplesmente não posso acreditar — suspira ele melancólico e, com outra mão, a arrasta para si com o braço enganchado em seu quadril — Tudo isso é muito mais do que já imaginei.

Daisy assente emocionada, descansando sua cabeça no ombro de Harry, emaranhando carinhosamente seus dedos nos cabelos soltos de Lily. Estava tudo maravilhosamente bem. Após se formarem, Daisy recebeu uma proposta de emprego no St. Mungos e Harry se candidatou no treinamento de Aurores. Não muito tempo depois, se casaram e passaram a constituir suas próprias famílias.

Daisy percebeu ainda mais que, boa parte das situações que pareciam irreversíveis e impossíveis quando mais nova era, em sua maioria, uma neblina de problemas desenvolvidos pela sua própria consciência. Olhando-o na perspectiva de uma mulher adulta eles eram, definitivamente, no mínimo, engraçadinhos. Mas sem dúvida foram eles que a fizeram desenvolver maturidade, assim como todos.

Sua vida é recheada de afeto, transbordando-as para seus filhos e os de Ron e Hermione, assim como os de Ginny e Luna. As famílias emaranhadas tornaram tudo ainda mais glamoroso. Quando Daisy descobriu as gravidez, não hesitou em nomeá-los com os nomes dessas pessoas incríveis que criaram o homem que ama e que passou boa parte de sua vida. James, Sirius, Remus, Lily, Neville, e Luna nunca estiveram tão emocionados. Sirius e Neville implantaram até os questionamentos de que seria necessário ligar para a ambulância, apesar de dar tudo certo no fim.

James Sirius era, sem sombra de dúvidas, o legado dos Marotos com grande potência e, apesar de Remus Neville possuir a mesma aparência da família Potter, muitos questionavam sua futura casa de Hogwarts, mesmo sendo tão novo. Harry, obviamente, já estava preparando um discurso sobre a importância de ser diferente para discursar a ele futuramente. Lily Luna ainda era uma incógnita mais, para a felicidade da mãe e de muitos, finalmente seu gene de seus cabelos ruivos e olhos azuis havia sido predominante na gestação.

Olhando-o para trás, Daisy sentia a sensação de estar perto do fim porém, ao vislumbrar de todos os milhões de experiências e oportunidades próximas a serem vividas futuramente ela, definitivamente, concluiu que muito ainda estava a caminho. Muitas conclusões boas e genuínas em seus jardins de flores.

Fim.

𝗳𝗹𝗼𝘄𝗲𝗿 𝗴𝗮𝗿𝗱𝗲𝗻, 𝗁𝖺𝗋𝗋𝗒 𝗉𝗈𝗍𝗍𝖾𝗋.Where stories live. Discover now