Capítulo IV: Dimirt

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Londres era um lugar bem diferente da última vez que Ethan estivera ali, nas vésperas da segunda revolução industrial

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Londres era um lugar bem diferente da última vez que Ethan estivera ali, nas vésperas da segunda revolução industrial. É claro que a cidade teria mudado, mas algo dela ainda permanecia ali, como se mesmo no mundo moderno, mesmo tendo o sol e a tecnologia forçados sobre ela, Londres se recusasse a deixar de ser ela mesma.

Não é como se não houvessem lugares como Londres na América, mas nenhum lugar que se parecesse com Londres era Londres.

Eles desceram do carro em frente a um prédio muito inglês, de pedra, porém não era tão antigo quanto aparentava. Provavelmente da década de 50. O porteiro, que fazia uma análise criteriosa de um homem na portaria, apenas deu uma olhada para Ethan quando ele anunciou quem estava visitando e estremeceu antes de libera-los.

Ella, que não havia dito quase nada desde que deixaram Mandy, olhou para ele enquanto o elevador subia e perguntou – Seu amigo sabe que estamos vindo?

Ele negou, enquanto a porta se abria. Havia um longo corredor de poucas portas até chegar no número que Ethan encontrará. Ele fez sinal para que Ella esperasse alguns passos de distância e respirou fundo por puro hábito, erguendo o punho para bater na porta do apartamento em sua frente – não era comum para um vampiro ter sentimentos como receio, mas ele sentia que se seu corpo ainda fosse frágil e humano ele teria estremecido. A dobradura de seu indicador mal havia tocado a porta pesada quando ela se abriu, e o cheiro de dois vampiros encheu as narinas dele.

E ali estava Dimirt, do outro lado da guarnição, o mesmo de 200 anos atrás – cabelos dourados ondulando até a altura do queixo, mandíbula quadrada, pescoço esguio, olhos que um dia foram azuis, mas agora se faziam quase violetas graças a dieta de sangue, e completamente nu. Cada músculo de pedra amostra a luz do corredor.

-Senti seu cheio há pouco tempo, quase pensei que estivesse imaginando coisas – o loiro deu um sorrisinho zombeteiro – Bem-vindo a este lado do oceano novamente, irmãozinho. Fazem algumas décadas, não?

-Dimirt – ele cumprimentou, desviando os olhos – Por favor, não me chame assim. E... – Ele moveu a mão sinalizando o corpo nu do outro – Poderia ser vestir? Eu estou...

-Acompanhado – completou Dimirt, com os olhos brilhando de interesse ao ver Ella parada no corredor. Ela não parecia incomodada com a nudez dele, apenas... fascinada. Como a maioria dos mortais e imortais ficava diante de Dimirt, quem diria de Dimirt nu – E muito bem acompanhado – em um piscar de olhos, ele estava beijando a mão dela, coberto de um robe de veludo azul – Uma bruxa.

-Por que estava nu? – Ela perguntou sem rodeios.

– Eu estava no banho. – O loiro deu os ombros.

Ethan sabia que aquela não seria uma resposta minimamente razoável para Ella, mas ele conhecia Dimirt bem o bastante para saber que aquilo eram os reflexos de seu passado mortal que mesmo após dois milênios se amarravam a ele. Como dois lados de uma mesma moeda, eles eravam presos as sombras dos passados nos quais foram humanos, épocas que os faziam não apenas diferentes, mas quase completamente opostos em alguns aspectos.

Sangue de Bruxa (Feitiços de Vida e Morte - Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora