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Karina's pov:

"Nada mais importa no mundo. Todos os problemas são silenciados dentro desse quarto nessa tarde amena de Maio. Bloqueamos todo o barulho, todas as dores."

Estou vendo algumas notificações no meu celular quando o suspiro calmo de Minjeong me alcança do outro lado da cama. Não consigo conter um sorriso bobo ao esticar o braço para tirar uma mecha de cabelo do rosto dela. Ela está deitada de barriga para baixo, com um braço do lado e outro, dobrado debaixo do travesseiro. O lençol está jogado na metade inferior de seu corpo, e se ela não estivesse vestida, eu bem que gostaria de puxá-lo fora.

Me viro de lado e fico observando ela dormir. Depois que conversamos, Minjeong disse que iria descansar um pouco e como eu literalmente não tinha nada para fazer, resolvi vir lhe fazer companhia.

Ainda estou surpresa com o rumo que nossa conversa levou. Estava preparada para todas as respostas possíveis: Silêncio. Por que não me contou? Preciso de um tempo. Mas não para Minjeong me ouvindo, me acolhendo em seus braços e me confortando.

E neste momento eu percebo. Percebo o quanto minha vida era solitária e medíocre antes dela. Percebo que ela se tornou a mais intensa força da natureza a habitar meu mundo. Não é o tipo vazio de amor que eu tinha por Minju, ou o amor descomplicado que eu tenho por Yeji, como amiga. Amo a pessoa que Minjeong é. A escuridão e a luz. Seu sorriso e a bondade que faz tanto esforço para esconder. A jovem garota por baixo das marcas de um trauma.

Eu gostaria de saber mais sobre ela, de saber sobre todas as coisas que ainda não teve coragem de compartilhar. Minjeong não gosta de se abrir com os outros. Mas não dá para culpá-la depois de ver tudo pelo que ela já passou. Em situações assim é compreensível a pessoa se fechar para o mundo.

Então, embora eu queira pressioná-la a falar sobre as crises de pânico, sobre a manhã que mudou sua vida, sempre desisto e mudo de assunto. Não só porque não quero ver seu rosto ficar angustiado ou irritado, mas também porque sei que quando ela realmente estiver pronta, vai me contar.

E vou estar lá para ouvi-la.

Minjeong afunda o rosto no travesseiro. Depois se vira e olha para mim.

— Oi... — ela está sorrindo.

Acho que minhas bochechas vão adormecer com o sorriso que surge em meus lábios.

— Oi.

— Você está bem? — Ela pergunta, sentando-se na cama.

— Sim. E você?

Isso a faz sorrir, como se ela nem precisasse responder. Sem aviso, ela se move, sentando-se em meu colo enquanto envolvo os braços em sua cintura.

— Não quero que você se preocupe com o que aconteceu mais cedo, ok? — Ela diz.

— Continua dizendo isso.

— Bem, é verdade.

Ela segura minha mão na sua e pousa um beijo casto em meu pulso, pouco acima se onde minha pulseira fica. Por alguma razão encontro conforto diante desse gesto tão simples de afeto.

— O que me contou é o motivo de você estar sempre usando essa pulseira, não é? Eu notei que você fica sempre puxando ela.

Viro a cabeça para poder olhar para ela e sorrio de forma singela.

— Sim. Ganhei essa pulseira na reabilitação. Sempre que eu sentia vontade de voltar a beber, meu terapeuta me dizia para puxar a pulseira e soltá-la contra o meu punho como um lembrete de que o que eu fizesse em seguida seria real, assim como a dor. Essa seria a minha chance de ser forte em momentos sombrios.

Start Over - WinRinaWhere stories live. Discover now