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Seu sorriso me esquenta.

Os mirantes semelhantes a jabuticabas se encontravam fixados na entrada da quadra coberta; na tentativa de não corar ao observar por sua visão periférica, Jimin tomar água diretamente do bico de sua garrafa, até mesmo o som que Park fazia ao engolir parecia totalmente fofo aos ouvidos do tatuado.

Garrafinha, qual, havia ganho de sua avó materna, que já foi querida por si algum dia.

Sem notar seus pensamentos vagaram no dia em que sua avó soube de sua sexualidade e o olhar de repulsa da mulher nem fora disfarçado. Pensar que sua sexualidade havia apagado das memórias da mais velha todos seus momentos juntos, risos, e aconchego; era algo insuportável demais; dolorido; magoado.

Ela deveria o acolher, deveria ser seu lar em meio ao seu caos, mas a mulher falhou, mentiu, o enganou; quando disse que ele poderia sempre correr para sua saia.

Ingênuo demais; acreditando em uma promessa vazia, apenas por ter saído da boca de alguém que ele amava.

As lágrimas já estavam se formando em suas glândulas, quando sentiu um toque quente contra a pele gélida de sua mão, dedos macios o seguraram e ainda sem força para se virar o moreno ao menos conseguiu sair de sua memória dolorida, voltando a ouvir o barulho de seus colegas que se encontravam agitados, espalhados pela quadra.

Focando apenas nos dedos de Jimin tocando delicadamente a superfície de sua pele, o Moreto tatuado se virou para ele, podendo ver os lábios fartos pronunciarem seu sobrenome: Jeon.

Ainda com a mesma expressão de indiferença o moreno fitou a mão de Jimin que parecia já ter feito seu serviço, agora se afastando novamente da sua, deixando seu coração descompassado.

— Jeon? — a voz da inspetora o atingiu em cheio, seu mundo já estava em seu devido local e agora o jovem já tinha sua atenção na mulher, parada a alguns metros em sua frente.

— Diga — Levou as mãos até os bolsos de sua calça social do uniforme, tentando esconder o suor em sua mão quente, pelo toque repentino do loiro.

— O Senhor Diretor, gostaria de falar com você — a mulher foi simples e direto ao objetivo, afinal já estava lidando com a família Jeon a anos e conhecia bem a personalidade do tatuado.

A inspetora era alguém que só lhe dirigia a palavra se realmente necessário, não costumava comer junto aos colegas de trabalho e alguns cochichavam que ela era lésbica. Murmúrios esses que Jeon não via fundamento e nem fazia questão de compreender.

Okay que a inspetora era masculina e usava roupas folgadas, além de sua voz mais grossa que o normal para mulheres.

Mas Jeon sabia que menininhas, loiras e delicadas, com sorrisos travessos e ricas tinham maior tendência.

Sorriu fraco devaneando sobre sua prima.

Assentiu. Seguindo a mulher pelos corredores, enquanto todos ainda estavam atentos à cena.

Pelo caminho as mãos do rapaz continuavam socadas em seu bolso e o tédio fora o convencendo aos poucos a começar a assobiar, no começo, baixinho, mas logo foi aumentando e cada vez irritando mais a inspetora que caminhava a alguns passos à sua frente. Jeon matinha os passos lentos e o semblante indiferente, afinal a figura do diretor não era nenhum pouco ameaçadora para ele e, arriscava pensar que, para ninguém.

Ouviu a mulher arranhar a própria garganta, a fim de anunciar que ele deveria cessar o assobio, pois haviam chego a sala do majestoso Diretor Lee.

Observou a mulher da meia volta, como se tivesse ido até ali guiando uma criança que poderia se desvencilhar pelo caminho, o que de fato poderia ocorrer, mesmo que Jungkook tivesse dezessete anos.

Sr. ursoOnde histórias criam vida. Descubra agora