Meus Olhos

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Marinette se levanta em um pulo. Nunca tinha estado tão atrasada como hoje.

No pé direito enfiava um tênis, no braço esquerdo tentava colocar a primeira jaqueta que viu largada no braço do sofá. Poderia muito bem ser de seu pai, ela não deu a mínima pra isso. Uma torrada na boca, e a bolsa com a alça enorme jogada de qualquer jeito no ombro. Suas aulas começavam sete e meia, e já eram sete e cinquenta e cinco.

Contou com a sorte e nem viu se seria atropelada ou não, só não batia em sua conta como morar tão perto seria tão prejudicial no quesito "ah, eu posso demorar mais cinco minutos!"

A verdade é que, a noite passada pegou pesado com ela. Jogar uma água gelada de manhã na cara não resolvia para tirar o inchaço de seus olhos, mas pelo menos os dentes ela escovou com calma.

Correu tanto que ficou sem ar, sentia as bochechas se apertarem. O porteiro ainda viu sua situação, e mesmo assim fechou as portas bem na sua frente.

Sinceramente, pra ela chega! Foi a gota d'água aquele dia, aquela noite, toda a sua vida nos últimos dias. Adrien estava comendo seu juízo, não aguentava mais se debulhar por conta dele. Poxa, como poderia mudar isso?!

— Também perdeu a hora? -O loiro aparece atrás dela com as mãos nos joelhos, tentando recuperar o fôlego. Isso, sendo que ele não havia corrido nada. –Caramba, e meu motorista já foi...

Ele coçou a nuca olhando para a rua vazia, escondendo seu sorriso perverso. Finalmente, um pouco de diversão na semana cotidiana. Era sorte demais pra ser verdade.

Marinette fez uma careta de desgosto quando seu cérebro rapidamente raciocinou a situação em que estava agora. Era muito azar pra um dia só.

Ambos mudaram as expressões no momento em que voltaram a se comunicar.

— E aí, quer fazer o que? -Adrien pergunta ocasionalmente, como se estivessem no parque.

— Bom, eu... vou dar um jeito de entrar. -Ela termina o raciocínio sem entender muito bem aonde ela queria chegar. Mas seria qualquer coisa que ele não toparia, de jeito nenhum.

— ... porque?! -Ele pergunta sem entender. –Achei que não fosse tão nerd, fissurada em livros e em estudar.

— E não sou, mas a aula de hoje era importante. -Ela pressiona os lábios, tentando a todo custo convence-lo a sumir dali. – Te vejo amanhã, então! -E se vira, olhando perdidamente para cima, onde procurava um muro "baixo" para conseguir pular.

Adrien ficou assistindo ela procurando alguma forma de atravessar as parede enormes e altas de um prédio de mais ou menos cinquenta e dois andares, e acabou rindo bem alto disso.

Ela acabou sendo pega de surpresa pela gargalhada repentina dele, e acabou se virando automaticamente

— Você é hilária, Mari. -Era a primeira vez que ele a chamava assim, e isso prendeu totalmente sua atenção para o resto do dia. –Vem, deve ter alguma entrada por aqui.

Ele começou a realmente procurar de verdade alguma forma que houvesse de entrar, e Marinette se viu sendo atraída por ele, o seguindo. Sem pensar muito nisso.

Eles foram até os fundos, onde a única coisa que separava o prédio dos outros era um beco quase estreito, e sem saída. Bom, a não ser pela tela de proteção que havia logo acima do muro baixo, que dava acesso a outra rua, mas nada que fosse a solução pra eles.

Adrien subiu na caçamba velha e enferrujada para conseguir ver além do muro, se agarrando a tela de proteção.

— Adrien! Cuidado, não precisa de tudo...
Ele escorrega e cai, dentro da caçamba. –Adrien! -Marinette corre para alcança-lo a tempo, ela encontra sua mão e o puxa com toda força para cima enquanto ele ria.

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⏰ Last updated: Jan 31 ⏰

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Bad AgresteWhere stories live. Discover now