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A I D A N

– Não faz o menor sentido você aceitar essa inútil aqui! – Meu pai gritava exasperado, mas eu permanecia sorrindo. Eu tinha planos para a garota.
Há algumas semanas eu havia recebido a ligação da advogada da minha mãe.

Agi como se não soubesse de nada, mas sempre tratei de vigiar cada passo dela depois do divórcio dos meus pais. Em menos de um ano de divórcio, minha mãe adotou uma garota, me "substituindo" e cortou qualquer tipo de contato comigo, passando a cuidar e se dedicar somente a órfã. 

E anos se passaram até eu receber essa ligação: minha mãe estava á beira da morte e entrou em contato com a advogada para enfim chegar até mim.
A garota que ela adotou, gerou uma criança, mas veio a falecer no parto, minha mãe criou a menina "neta" até ser internada por problemas de saúde.

Agora ela precisava de mim para terminar de cuidar da menina, já que sou seu único filho de sangue, e de alguma forma, ela acha que ainda sou uma boa pessoa. Pobre engano.

– Bethane quer mesmo que você cuide dessa criança? Até quantos anos? – Meu pai John, questionou visivelmente irritado, ele assim como eu, nunca aceitou o divórcio e o descaso da minha mãe de não querer me ter por perto.
– Sim. Até os 21 anos. – Respondo tragando mais um pouco do cigarro, olho para o meu pai sorrindo novamente.
– O que planeja? – Ele pergunta começando a ficar interessado.
Solto uma gargalhada. Meus planos envolviam sangue da garota e prazer meu.
–  Me divertir, provavelmente deve ser aquele tipo de criança feliz, vou adorar corrompê-la e usá-la como meu objeto de raiva. – Sorrio, agora é a vez dele soltar uma gargalhada.
– Que "tio" perverso – Ele fala antes de levantar e sair do meu escritório. Provavelmente contar a notícia á minha madrasta.

Me olho no espelho novamente e arrumo a gravata no meu pescoço, o terno azul escuro prendiam meus músculos de uma forma que eu sabia que parecia exagerado, isso pode assustar a garota e é exatamente o que eu quero.

Ligo para minha secretária desmarcando todos os meus compromissos do dia e confiro as horas no meu relógio de pulso. Dou mais uma conferida ao espelho e sinto um formigamento em minhas mãos, não era nervosismo, mas era a vontade quase incontrolável de machucá-la assim que a ver.

Desço as escadas apressado e vou diretamente para a garagem, pegando o carro mais caro.

Essa é uma oportunidade perfeita para descontar todo meu ódio que guardei por anos, a garota não vai ter paz, não enquanto estiver sob meu teto. Não terei piedade.

M A D E L I N E

– Aqui está sua mala – A assistente social me entrega, a intenção não era levá-la comigo.
– A senhora a abriu? – Pergunto baixinho. Ela não responde e sai andando.
Eu não tinha quase nenhuma peça de roupas na mala, apenas dois vestidos que Vovó Beth havia pego para mim na doação, ela dizia que não valia a pena gastar o dinheiro dela com um animal como eu, que estava viva apenas para a servir. Por partes eu concordava, ela gastava dinheiro demais com drogas e homens de programa, além dos namorados que ela arrumava mensalmente. Balanço a cabeça, tentando de alguma forma espantar meus pensamentos e memórias que luto para esquecer mas que vivo me sabotando.

Houve um tempo em que eu rebatia e questionava, mas isso me rendeu tantos machucados que acabei desenvolvendo o hábito de ler suas emoções ao ponto de saber quando e porque apenas obedecer e ficar em silêncio.

Eu estava animada para ficar com esse tio, vovó Beth antes de falecer me disse que ele era um bom homem, e que cuidaria de mim como ela nunca cuidou. No fundo no fundo eu ficava feliz, mas por outro lado eu tinha receio dele ser pior que ela. Mas ele era minha única esperança de uma vida melhor e sem machucados pelo corpo.

A I D A NOnde histórias criam vida. Descubra agora