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– Mas foi consensual. – Madeline responde o médico, olho para ela confuso.

Após conversarmos com o médico e terem marcado uma data para por o anticoncepcional, Madeline me seguiu até o carro em um completo silêncio.     

Liguei para minha secretária e pedi para que fizesse um cheque gordo para os médicos que me atenderam hoje, não queria que o que aconteceu chegasse a mídia.

Desta vez o silêncio no carro, incomodava. Madeline estava quieta e calada ao meu lado e a única coisa que eu conseguia pensar era nas tantas vezes em que ela deu sinais.
Sempre pedindo desculpas por tudo e qualquer coisa que fosse. O olhar e posição submissa, a vontade de fazer tudo perfeito sempre. O fato dela nunca ao menos ter me cobrado algo após sexo, ela só concordava com tudo, em silêncio, agradecia tudo.

– Porque nunca tentou contar? – Pergunto. Ela parece estar pensando na resposta.
– Não mudaria nada, Senhor, e algumas vezes o senhor agia como se já soubesse. – Responde baixo como se nada do que eu havia acabado de saber, mudaria alguma coisa.
– Você acha?
– Sim, senhor, apesar de qualquer coisa eu ainda passei 15 anos da minha vida com ela, e o senhor mais de 15 anos longe. – Ela argumenta. Engulo em seco diante a sua forma de falar e a culpa começa a me consumir aos poucos ao ponto de me fazer sentir formigamentos no corpo.
– O que mais ela fazia você fazer? – Pergunto parando em um semáforo, olho para a loira que começa a esfregar a mãos uma na outra.
– Tudo o que o senhor faz, só que um pouco pior. – Diz baixo como se quisesse encerrar o assunto, mas eu não queria encerrar nada, eu queria saber de tudo!
– Como?
– A comida, ela não me alimentava com frequência, eu comia as vezes... não sei mais o que quer saber senhor. – A garota me olha com aquele olhar confuso como se não tivesse a mínima noção do quão errado isso era. Se ela passou 15 anos vivendo assim, se acostumou a tudo o que acontecia ao ponto de não conseguir me dizer o que era submetida.

Solto um suspiro pensando em mil coisas, precisava pensar no que faria de agora em diante.

Adentramos o apartamento e Madeline praticamente corre até a cozinha, provavelmente fazer o almoço, eu a deixaria em paz, precisava falar com alguém sobre tudo isso.

Adentro meu quarto e sento-me na poltrona, ligo para Carter e peço que me passe o contato de um investigador, a forma de como vi Madeline afetada, não me fazia duvidar dela, mas me fazia sentir vontade de matar cada um dos filhos da puta que tocaram nela, inclusive eu mesmo.

Lembro-me do primeiro dia em que a peguei, ela me olhava com certa expectativa no olhar, antes de simplesmente a surpreender com o tapa no rosto. Depois disso ela evitava ao máximo dirigir qualquer palavra ou até mesmo olhar para mim.

Ponho as mãos no rosto e passo uma delas no cabelo, pensando em como consegui ser tão burro. A cegueira de vingança ou qualquer coisa que me fizesse suprir o que me aconteceu no passado me deixou cego e surdo para o que acontecia bem ali na minha frente.

Impacientemente eu resolvo tentar novamente conversar com ela, saio do quarto e vou até a cozinha mas paro assim que a vejo super concentrada na comida. Minha mente pensa em tudo ao mesmo tempo.

– O que está fazendo? – Questiono afim de descontrair antes de tentar conversar com ela.
– Macarrão com camarão, senhor. – O senhor dela começa a me incomodar profundamente.
– Não me chame mais de Senhor, por favor Madeline. – Peço e me aproximo dela.
- Será que podemos conversar? – Indago e ela rapidamente larga a colher e apaga o fogo, eu sabia que a comida ainda não estava pronta mas agora eu noto que ela faz tudo para me obedecer e fazer o que quero na hora que quero.

Vou em direção a sala e peço que ela sente ao meu lado no sofá, ela senta mas eu noto que não fica confortável.
– Pode me falar o que quiser. – Permito, essa garota já havia sido reprimida demais.
– Não é certo eu sentar ao sofá, empregados não...
– Vamos mudar algumas coisas agora. – Resolvo a interromper, a culpa e arrependimento me apunhalava nas costas.
– Você não é empregada nenhuma, não mais... preciso que converse comigo como se eu nunca tivesse tocado um dedo em você. – Decido tentar essa abordagem.
– Eu entendo o Senhor, Sr. Deklan, eu nunca tive minha mãe mas acho que ter e depois perder é bem pior do que nunca ter tido. – Ela começa, olhando para as suas mãos sobre seu colo.
– Entendia a vovó também, ela fazia o que fazia porque acreditava que isso aliviaria ela da falta que o senhor e o seu pai faziam. – Ela olha para mim. Limpo a palma das minhas mãos na calça, estava suando de nervoso com as novas informações. – Depois que minha guarda foi entregue ao senhor, eu entendi tudo. – Ela termina, sinto meu peito apertar, meu deus, como eu fui capaz?

Em silêncio eu só a puxo para mim e a abraço, ela não retribui e permanece estática.

– Me perdoa garota, eu não fazia ideia. – Sussurro pensando no que poderei fazer para recompensa-la de agora em diante.
– Nunca mais tocarei um dedo em você, a não ser que me peça.

M A D E L I N E

Meu braço estava um pouco dolorido, mas a enfermeira havia me explicado que era completamente normal.
– Está doendo muito? – Senhor Deklan me pergunta, eu balanço a cabeça que não. Ele me perguntou se eu queria mesmo por o anticoncepcional, se preocupando de certa forma. Eu queria.

Tudo estava muito estranho desde que ele soube a verdade, me mudou do quarto dele e tenho um quarto só para mim, quase não cozinho ou limpo a casa, ele me impede de fazer seja lá o que fosse. Mas eu não conseguia ficar parada, tinha que fazer meu dever.

– Vamos ao shopping e comemos por lá, ok? – Pergunta, eu balanço a cabeça em positivo.

Ele estaciona o carro e descemos do mesmo em direção a entrada, este era bem maior e chique, era tudo lindo. Levo um susto quando sinto a mão dele na minha, entrelaçando nossos dedos.
– Se perguntarem, somos namorados. – Me da a informação, arregalo os olhos e tento me soltar, não não não, se vissem nos juntos isso poderia atrapalha-lo para sair com algum mulher ou seja lá o que fosse, não quero atrapalhar, tento me soltar da sua mão, mas o aperto é firme.



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