Capítulo 04

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"I knew you were trouble when you walked in
So shame on me now
Flew me to places I'd never been
Now I'm lying on the cold hard ground" I knew you were trouble, Taylor Swift

"Eu sabia que você era problema desde de o momento que chegou
Tanta vergonha de mim agora
Me levou a lugares onde eu nunca estive
Agora estou deitada no chão frio e duro"


OLÍVIA


A terra está fofa por debaixo das minhas patas, consigo senti-la entre meus dígitos. Minhas orelhas se movimentam involuntariamente diante de cada som, cada animal ao redor, cada barulho que a vida produz. O ar da manhã ainda está frio contra o meu focinho e pelos, ainda assim é extremamente libertador inalar e sentir absolutamente tudo, é mágico. A vida é mágica se pararmos para observar esses detalhes.

Salto de uma pedra já me transformando de volta no processo. São meus pés agora que tocam o chão. Olho ao redor ainda me certificando de que tudo está em paz, sento na grama e respiro fundo. Não sou o tipo de pessoa que gosta de jogar a poeira para de baixo do tapete, já o deixei de castigo por um dia, é hora de chamar meu demônio particular.

Encaro a serpente desenhada circulando meu pulso:

— Vai, Eligor, aparece logo que eu estou zero paciência hoje. — Uma neblina negra rodopia a minha frente junto com sons de osso sendo esmagados e então um dos duques do inferno surge o mais materializado possível com sua pele pálida, seu manto e capuz pretos e buracos onde deveriam ser olhos, mais profundos do que qualquer coisa que eu já tenha visto.

Sua imagem profana não me aterroriza mais. Já tem alguns meses que fechamos um acordo e a minha dívida é conversar com ele eventualmente, uma vez que ele está isolado em uma dimensão. Ele só vem quando eu o convoco, apesar dele deixar claro quando quer ser convocado. O fato de eu ser uma sobrenatural impede um pouco a influência dele em mim. Ainda assim, ele dá um jeito de me atormentar.

Se qualquer pessoa me perguntasse sobre fechar um acordo com um demônio, eu diria para não fazer isso. De qualquer forma, a pior parte é que mesmo aconselhando que ninguém o faça, eu fecharia o acordo com ele de novo se voltasse no tempo.

— Pequena alfa, tão estressada — cumprimentou com uma reverencia ácida — estava me perguntando por quanto tempo mais me daria gelo.

Encaro a figura desfigurada e sarcástica pensando no que eu faria para mandar de volta para o inferno. Mas trato é trato. Sem arrependimentos por aqui.

Não importa que seja um duque a escolher a música, eu a dançaria até a última nota. Bem... no caso, até meu último suspiro.

Então, já que estou presa nesse acordo, eu converso.
Talvez Elise realmente tenha razão em dizer que o destino nos odeia, mas essa escolha não foi por mim, foi por uma amiga. Por um dos meus eu enfrentaria o diabo cara a cara.

— Sabe, mesmo que eu não me jogasse da cobertura daquele prédio, quando eu morrer, minha alma ainda iria para o inferno?

— Tão curiosa, pequena alfa — a criatura fantasmagórica se senta a minha frente segurando o que seriam os seus joelhos, da mesma forma que eu estava — onde foi que tudo começou?

— Eu diria que foi quando eu disse "sim" a você, mas na verdade foi bem antes. Foi bem aqui. — apontei ao redor.

***

Eu passei cinco dias correndo até a exaustão para que ninguém pudesse me encontrar, porque a partir do momento que eu abandonei a minha alcateia, me transformei numa desertora sabia que era um caminho sem volta.

Entre Estrelas e PromessasWhere stories live. Discover now