Capítulo 09

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"What a wicked game to play, to make me feel this way
What a wicked thing to do, to let me dream of you
What a wicked thing to say, you never felt this way
What a wicked thing to do, to make me dream of you" Chris Isaak

"Que jogo cruel de se jogar, de me fazer sentir dessa forma
Que coisa cruel de se fazer, me deixar sonhar com você
Que coisa cruel de se falar, que você nunca se sentiu assim
Que coisa cruel de se fazer, de me fazer sonhar com você"


ALEJANDRO


Às vezes, ganhar não está em quem grita mais alto, e sim em quem é mais paciente para chegar em seus objetivos. E é por isso que diante de tudo o que eu preciso resolver, estou aqui sentado com o violoncelo esperando ela entrar por aquela porta. Essa é uma verdade.

A outra verdade é que, pela primeira vez, estou uma pilha de nervos por alguém e não sei explicar isso, e posso jogar essa frustração na música. Porque a música faz mais sentido do que Olívia. Porque música também me lembra Olívia. Porque em tudo eu penso nela. E isso precisa parar.

Então deslizo o arco sobre as cordas, a fricção da crina com o metal fazendo a sua mágica. Toco Wiked game, pois é exatamente assim que eu me sinto. E então a porta de casa se abre e vislumbro suas mechas vermelhas que me incendeiam enquanto me dedico na música. Me entrego, e esse foi um dos detalhes que vê-la cantando me chamou tanto atenção, somos iguais nisso.

Não paro porque ela chegou, estou enfeitiçado nela, na minha música e o quanto a melodia parece envolve-la. Deslizo a mão esquerda no braços do instrumento desejando que fosse ela a minha frente, que fosse em suas costas que meus dedos exploravam.

É um momento comum, mas que como outros com a gente, parece mais do que é. Tem uma magia, uma química que contagia. É só um homem tocando seu instrumento, é só uma mulher ouvindo, são só dois alfas se desafiando. Mas é mais, é quase promíscuo e tento saborear isso enquanto durar, até chegar às últimas notas. Coloco meu instrumento no suporte atrás de mim, na quina da parede, sem precisar me levantar do banco alto que deixo ali para esse propósito mesmo.

Sorrio para ela que mais parece uma menina perdida e encantada.

- Você chegou - é o mais óbvio a ser dito, mas precisava quebrar nosso silêncio e fui eu que pedi tanto por essa conversa.

- Isso foi...lindo - ela aponta para o instrumento e eu aceno um pouco envergonhado. Eu amo tocar, mas confesso que tenho isso como um hobby solitário e gosto que seja um segredo.

Respiro fundo observando sua caminhada lenta até a minha direção. Olívia me tira do rumo de muitas maneiras e respiro fundo conforme ela vai ficando ainda mais próxima. Até que ela faz algo que eu não espero. Olívia senta em meu colo, em uma das minhas pernas. Ela tem uma ousadia que não cabe nela e eu adoro isso.

- Não gosto de ser usada. - Ela fala como se dissesse que o dia está ensolarado e não fosse nada demais. Pego seu rosto com minhas mãos.

- Não uso pessoas, nem lobos. Eu sei que temos uma tensão entre nós. Não vou negar o quão incrível isso é e o quanto você mexe comigo.

- Mas eu não estou em busca de um parceiro - ela diz.

- Nem eu de uma. Peço perdão por como as coisas terminaram com a gente.

- Deveria ouvir mesmo minha amiga quando diz que o destino não gosta muito de nós. Acabei no paraíso, na terra do nunca com o Peter pan...

- Peter pan? - sorrio e acaricio seu rosto. - Não vamos nos envolver. - Meu corpo protesta de tão quente que está com ela sentada no meu colo. O como eu queria experimentar cada centímetro dela, mas não vai acontecer. Somos racionais.

Entre Estrelas e PromessasWhere stories live. Discover now