Capítulo 05- Fantasmas a solta

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Rebecca pulou a janela do próprio quarto para não ser vista e retirou o moletom úmido pela cerração. Ela notou que Azul estava dormindo ali — as vezes ela vinha para seu quarto para não ficar sozinha—, então Rebecca fez o mínimo de barulho para não acordá-la.

Ela foi para o banheiro, despiu-se e entrou embaixo do chuveiro. Ela não fez questão de ascender a luz, sempre gostou da sensação de tomar banho no escuro. Rebecca encostou a cabeça na parede fria de mármore e deixou a água quente escorrer pelo corpo. Ela estalou o pescoço e deslizou a mão pelo corpo, se lavando.

As vezes Rebecca ainda tinha a sensação de estar sendo observada...

E ela se sentiu como naquele filme... como era mesmo o nome? Psicose! Isso!

Rebecca o assistiu. E voltou muitas e muitas vezes na cena do chuveiro, onde o assassino aparece com uma faca para matar a garota que se banhava.

E a imaginação de Rebecca foi longe...

Ela ouviu um barulho. Algo que veio do lado de fora do box, mas estava escuro, e o vidro embaçado demais para conseguir enxergar qualquer coisa do outro lado. Diferente dos Projenitores, mentalistas não tinham visão noturna.

Rebecca fechou os olhos com força embaixo d'água. Ela conseguia sentir o próprio poder agitando as moléculas de seu corpo. A eletricidade que começou dentro dela fez a luz piscar e o chuveiro faíscar... Faíscas... Fogo!

O seu elemento favorito.

Rebecca reabriu os olhos. Estavam vermelhos como sangue, assim como suas veias, que brilhavam no escuro. Rebecca sentiu os próprios pés saírem minimamente do chão, e seu cabelo começou a flutuar ao redor do rosto.

Tinha alguém ali?

Ou ela estava ficando louca?

Fato era que, toda aquela tensão, todo aquele medo, a fizeram se sentir mais poderosa.

Alguém tocou na maçaneta. Rebecca não soube se foi do lado de dentro ou de fora do banheiro. Isso a fez se lembrar que Azul estava logo ali, no quarto, e que se tivesse mesmo mais alguém ali — um fantasma, um maníaco, o que fosse— poderia muito bem fazer mau a ela também.

Isso sim foi capaz de deixar Rebecca em alerta de perigo.

Ela se apagou e seus pés voltaram a tocar o chão.

— Quem está aí?— Rebecca perguntou.

Nenhuma resposta.

Nenhum som.

Era tudo fruto da imaginação dela, claro que era. Claro que er...

A porta do banheiro se abriu.

Rebecca encostou as costas na parede do box e tapou a boca com força.

Os minutos seguintes se passaram no mais absoluto silêncio, tanto da parte dela quanto do possível intruso. Rebecca podia ouvir a trilha sonora de Psicose tocando na própria cabeça.

Ela puxou a toalha as pressas e enrolou no corpo, saindo apressada do banheiro. Ao fazer isso, Rebecca ouviu um miado e olhou para baixo, encontrando o gato amarelo rajado.

Claro... Belzebúl! Ele deve ter pulado na maçaneta e aberto a porta.

Mas por que Rebecca não se sentiu mais aliviada com aquela constatação?

Belzebúl começou a arranhar algo embaixo da cama incessantemente, o que fez Rebecca se abaixar para ver o que era.

— Mas o que...?

Uma caixa de presente?

Não era seu aniversário nem nada do tipo para alguém ter deixado aquilo ali.

Espectro da Meia Noite/ Império das Sombras- Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora