Espectro da Meia Noite/ Império das Sombras- Livro II

Capítulo 20- A revolta dos rebeldes

— Ele atirou em mim! Aquele desgraçado atirou em mim. Eu posso morrer por causa dele e você tá aí tomando a droga de um chá numa xícara de porcelana! E por que de repente o mágico da merda do Parque dos Horrores ficou maluco e tentou me atacar? Você tá me ouvindo?!!

— Preferia não estar— Sinan respondeu, amargo como de costume.

— Você ouviu o que eu disse sobre o tiro que levei?

— Você não vai morrer por causa de um tiro, Éros. Você pode se regenerar.

— E por que não estou?

— Porque precisa tirar a bala.

— E por que você não tá me ajudando com isso?

— Porque não sou seu servo — Sinan levou a xícara até os lábios, o encarando com demasiada calma.— Além do mais, estou de dieta. Prefiro ficar longe daquilo que meu faro pode detectar como presa.

— Você quer me comer? Você é meu tio!

Sinan massageou as têmporas.

Quem em plena consciência sequestrava alguém como Éros? Era garantia de estresse.

Éros deitou no sofá de couro da mansão de cabeça para baixo, tendo uma melhor visão do ferimento na perna. Como ele ia tirar aquilo?

— Você tem uma pinça?— Éros o olhou de cabeça para baixo.

Sinan não respondeu.

A porta da mansão se abriu, revelando a figura dançarina e alegre de Rosa Lia, que entrou saltitante e correu rumo a Sinan, se jogando no chão e abraçando a perna dele.

Definitivamente, toda paz que Sinan poderia ter, tinha acabado.

— Amo! Amo! Amo! Amo!

— O que faz aqui, Rosa Lia?— Sinan foi tipicamente seco.

— Eu estava com tanta saudades!! Não tem ninguém para servir naquela casa. Você pensa que eu sou o que, meu filho? Uma dondoca?

Aquilo arrancou uma mínima sombra de sorriso de Sinan, mesmo que ele continuasse inexpressivo.

Ele tinha um apego forte em Rosa Lia. Como humana, como amiga, como serva. Mas sabia que, da mesma forma como afastar Azul era o certo a se fazer, manter Rosa Lia longe por um tempo, também era.

Para a segurança delas.

— O que ele tá fazendo aqui?

— Eu levei um tiro — Éros continuava os encarando de cabeça para baixo.— Oizinho.

— Oizinho — Rosa Lia respondeu com uma voz enjoada e voltou a erguer os olhos até seu amo.— Me deixa passar esse final de semana aqui. Só esse. Só esseeeeee!!

— Eu também posso?

— Não — Sinan respondeu aos dois ao mesmo tempo.

— Pensei que seus milhares de anos podiam me ensinar alguma coisa.

— Já disse que não pretendo ser o seu mentor — Sinan interrompeu os planos do garoto.

— Nem se eu te ajudar com a Azul?

— Não preciso de ajuda com a Azul. Aliás, acho que ela está muito bem sem mim.

Éros esboçou um sorriso abusado.

— Você tá com ciúme da Az?

— Teria motivos para isto?

— Tá tentando me perguntar se ela tá interessada em alguém? — Éros se teletransportou para a poltrona e cruzou as pernas.— Eu posso vender essa informação.