Capítulo 12- Beijo na ferida

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Assim que chegou no andar de baixo, Éros teve um encontro com a figura de Andres. O Projenitor estava sentado na poltrona, limpando uma arma.

Os passos de Éros se tornaram mais lentos conforme descia, programando a reação que devia ter.

— Príncipe Éros!

Éros desceu os óculos escuros até os olhos.

— Que visita ilustre pela manhã— disse Andres.

— Aparentemente é o único horário em que o Papa está disposto a fazer reuniões— Éros improvisou.

Andres se levantou e aproximou-se á passos lentos. O Príncipe parou no terceiro degrau da escada, descendo o olhar até ele.

— Daniel não é mais o Papa. Acho que está se reunindo com a pessoa errada.

Andres subiu um degrau, ficando de frente para Éros.

A arma em sua cintura estava visivelmente a mostra.

— Essa é a chave do carro do Daniel?

Um nó amarrou a garganta de Éros.

—Eu devo ter me confundido.

Andres ergueu a mão e levou na direção do cabelo do garoto. Aquilo fez Éros paralisar por um instante. Seus olhos acompanharam os dedos de Antonov segurarem uma mecha e deslizarem por um fio, puxando uma bolinha branca que ali estava grudada.

— Prontinho, saiu.

Por algum motivo, Éros não conseguiu reagir diante da presença de Andres. Podia ser pela arma na cintura, ou pela simples ameaça que ele estar ali representava.

— Acho que é a primeira vez que reparo...

— Repara o que?— Éros indagou.

— O quanto você é bonito.

Éros não soube o que dizer. Esperava que ele dissesse qualquer coisa, menos aquilo.

— Como Dorian Gray— acrescentou Andres quando Éros estava para passar.

Aquilo o fez parar.

Por que ele fez justamente aquele comparativo?

— Mas não tão ingênuo quanto Dorian— respondeu Éros.

— E por que não? A ingenuidade é uma coisa tão bonita. Foi o que lorde Henry viu nele, acima da beleza.

Ele leu?

Éros ficou surpreso, mas concordou.

— E foi justamente lorde Henry quem destruiu a vida dele.

— Não, lorde Henry o ensinou a viver. O ensinou a usar a beleza e poder que tinha— Andres colocou uma mecha do cabelo de Éros atrás da orelha, fazendo a fricção de sua pele áspera e dos dedos calejados, parecerem a coisa mais delicada que podia lhe tocar.

Aquilo deixou Éros ainda mais paralisado.

O olhar de Andres subiu de repente, para o topo da escada, onde Daniel apareceu. Aquilo fez o encanto se desfazer e Éros se afastar. O que Andres estava querendo? Mostrar que sabia de algo? Provocar o primo?

O que quer que fosse, parece ter funcionado, pois o olhar de Daniel escureceu como nunca. 

Éros apertou a chave do carro, sentindo o peso da tensão.


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Espectro da Meia Noite/ Império das Sombras- Livro IIWhere stories live. Discover now