— BOM DIA, AURORA — disse uma mulher branca, de cabelos grisalhos curto pixie, talvez com seus cinquenta e cinco anos, com no máximo 1,60m e olhos castanhos. Ela usava um uniforme policial completamente preto e, debaixo do braço, segurava seu chapéu com a insígnia da NSY.
— Chefe Dick — Aurora respondeu — Então... o que temos?
Estavam diante de uma parede de vidro, através da qual podiam ver o interior da sala de interrogatório. Junto a elas, havia outros quatro policiais, analisando alguns arquivos e pesquisando informações nos computadores.
Pegando uma pasta sobre a mesa, a chefe da polícia Merissa Dick entregou para Aurora.
— Aysha Ivonete, quarenta e três anos, natural da Líbia, trabalha num escritório de advocacia no setor de Relações Internacionais. É um escritório famoso, trabalha muito com estrangeiros que buscam alinhar suas documentações com o que é necessário, seja para visitação frequente ou moradia. Desde que tivemos aquele atentado suicida no Manchester Arena, estamos buscando descobrir as correlações entre os principais suspeitos e como eles conseguiram chegar tão longe. Um deles era britânico, mas o outro adquiriu documentos falsificados e ficou vivendo aqui durante quase cinco anos antes do ataque. Os documentos foram revisados pelo setor dela.
— Então ela pode estar ajudando a entrada de terroristas no país?
— Essa é nossa hipótese. Puxamos a ficha da mulher. Como pode ver...
— Limpa. Já era de se esperar. Então...
— Então? Então vai lá dentro e faz seu trabalho de psicóloga, psiquiatra, sei lá. Observa a mulher, faz aquele negócio de análise corporal. Você tem um tato incrível pra esse tipo de coisa — Merissa ordenou.
Aurora a analisou por um instante, percebendo que a mesma estava com um sutil tique nervoso: mesmo que sua face aparentasse calma, estava coçando a ponta do dedo mínimo.
— Nervosa, chefe Dick? — Aurora indagou, tentando disfarçar o sorriso. A própria lhe encarou por alguns instantes, até perceber o que estava fazendo. Revirando os olhos, disse:
— Nem comece a me "analisar", mentalista. Óbvio que estou nervosa. Esses ataques estão acabando com minhas noites de sono. Agora vai logo lá!
Sorrindo, Aurora assentiu e seguiu para dentro da sala de interrogatório, junto com alguns papéis e documentos. Já estava estudando aqueles arquivos em geral há alguns dias, o que facilitava bastante as coisas. Porém era a primeira vez que apreendiam alguém que poderia levar a um avanço significativo nas investigações.
Com calma, adentrou a sala a tempo de ouvir a mulher murmurando algo baixo, como uma oração, porém não conseguiu entender o que ela falava. Poderia perguntar em outro momento.
Sentou-se tranquilamente na mesa e, mantendo um contínuo sorriso no rosto, estendeu a mão para cumprimentá-la. Olhou para o grande espelho retangular dentro da sala, completamente negro. O famoso "espelho espião".
— Olá, bom dia. Meu nome é Aurora d'Albuquerque. Você poderia me falar o seu nome?
A mulher, balbuciando, respondeu:
— Me chamo Aysha. Aysha Ivonete... — respondeu. As mãos estavam entre as pernas. Aurora pôde perceber como a mulher estava recuada, de ombros caídos. Seus lábios tremiam e seus olhos esbugalhados, bastante úmidos, encaravam-na com pavor.
— Certo... e quantos anos você tem, senho...
— Ah... ah! Senhorita. Tenho quarenta e três anos. Senhora d'Albuquerque, você pode me explicar o que preciso fazer para sair daqui? Eu nunca fiz nada de errado! Eu sempre paguei todos os meus impostos e mantenho todas minhas contas em dia, minha documentação está correta, sou oficialmente cidadã londrina há muitos anos, eu...
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O Culto da Cabra Negra de Mil Crias • Série Tentáculos do Caos, livro II
TerrorA CONTINUAÇÃO DA OBRA DE TERROR VENCEDORA DO WATTYS2022 FINALMENTE CHEGA AO WATTPAD! 2017, Inglaterra. Semanas se passaram após os últimos atentados terroristas no coração da Grã-Betanha. Ainda lidando com os ocorridos, uma psiquiatra forense, um ha...